domingo, 4 de novembro de 2012

Na fronteira entre querer ser culta e ser gostosa

Hoje mais uma vez, como me acontece de forma recorrente, me bateu uma deprê daquelas baseadas na tríplice: corpo-trabalho-idade. [perigo]

Vendo uns vídeos de um site de humor qualquer comecei a pensar em como é irônico existirem pessoas (muitas vezes tão novas!) que fizeram de sua diversão o seu ganha pão.


Lembro ainda de quando entrei na faculdade cheia de sonhos e vontade de fazer a diferença na vida das pessoas e acreditando que, ao exercer minha profissão, minha satisfação seria plena.

Aí a realidade bateu e peguei muitos caminhos que não esperava.
Uma certa "maturidade" me dizendo que crescer é ver de frente a crueza da vida e saber conviver com ela sem grandes idealismos.
Acabei me estabilizando no que antes eu via como "a face vendida da minha profissão" e sendo engolida por um contexto que quase me faz sentir culpa nos momentos de felicidade. [Afinal, gente séria não mistura felicidade e trabalho. Isso é coisa de gente alienada]

Vivendo numa sociedade que supervaloriza a juventude, a beleza e a alegria... E me vejo me sentindo velha [a geração que está bombando não é a minha faz muito tempo], fora de forma e amarrada à uma atividade laboral que sufoca cada vez mais meu instinto de humanidade. É duro.


Como qualquer outra pessoa [eu acho] tenho um desejo constante e permanente de ser desejada de todas as formas existentes. Mas me perdi na escolha entre ser culta ou gostosa.

Dilema da mulher moderna que precisa atender a demanda de mercado: temos que ser bem informadas, bem-sucedidas, descoladas e bonitas. E dá-lhe leitura e malhação.

Na leitura na capengo muitas vezes por não saber no que é melhor dar foco. E por mais que acumule informação, sempre permaneço com aquela sensação de que o que era de fato importante ficou de fora.

Quanto malhação, da desgosto só de pensar. Nunca gostei, nunca fiz e cada dia que passa é maior a ideia de que é tarde demais para começar.

De certa forma quase dá uma invejinha no Doca Street quando leio o Mea Culpa. O cara viveu a melhor época da sua vida após os 40. Não era "tiozão" como os quarentões de hoje. Aproveitou ser dono de seu nariz e gozou muito da vida ao lado da mulher de sua vida. [Ok, quando ele mata a tal mulher num momento junkie e passa 10 anos na cadeia a coisa perde um pouco o glamour, mas é só uma forma exagerada de colocar] 


A questão é que eu gostaria de ter esperanças de que exista pra mim algum meio termo entre "quarentão-junkie-dos-anos-70" e "membro-da-geração-y-velha-aos-25"...


segunda-feira, 9 de abril de 2012

Nunca Estou Lá

Onde nossa vida acontece?


Hoje um amigo me perguntou o que me motiva a viver.
Pqp! Entrei na maior viagem, com aquela sensação de que qualquer pessoa no mundo poderia se esquivar dessa resposta, menos eu. Notei que por trás desse assunto tinha uma intenção, uma necessidade implícita de conforto...[não cabe agora explicar o contexto para não expor meu interlocutor]


E eu não respondi a pergunta [uma vergonha, mas é verdade]. Simplesmente porque para mim ela é impossível.


Respondendo a pergunta do começo do post, nossa vida acontece no momento presente. Como diz o ditado somos donos apenas do hoje e, por mais brega que pareça, é bem por aí.
Pensando sobre a pergunta do meu amigo comecei a pensar em como nunca estou lá onde as coisas acontecem e hoje tive muito tempo para pensar nisso [consequência do pé engessado e um atestado de 3 dias que recebi ontem].


Há três meses bati o pé num acidente doméstico e há um mês e meio comecei fisioterapia. 2 vezes por semana durante minha hora de almoço no trabalho. Para eu não perder muito tempo de trabalho, nesses dias não paro para comer. Como um lanche na mesa de trabalho mesmo, levo 15min para chegar à clínica, 1hora de sessão e 15min para voltar.
Até aí tudo certo para fazer tudo o que preciso com o mínimo de impacto para minha rotina normal. Pelo menos na teoria. Na prática perdi bem mais que meia hora do meu dia por conta da fisio.


Começo o dia já de luto pelo almoço perdido e pela correria, não me concentro no trabalho e o dia não rende. Fico na fisioterapia pensando em tudo o que poderia estar fazendo no trabalho e não faço os exercícios direito. Vou pro inglês e sou incapaz de me manter na aula pensando em como aproveitar o dia seguinte para recuperar o dia perdido e no dia seguinte lamento não ter prestado atenção na aula do dia anterior. Um ciclo terrível e inevitável.


Um gestalterapeuta diria que tenho problemas para "temporalizar". O tempo que vivo nunca é o meu.
E isso eu já sei faz tempo.


Mas será que existe uma saída?
Ou será que a resposta sobre o que me motiva é o fato de eu ser sempre o burro atrás da cenoura?

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Parabéns, Povo Baiano!

Em primeiro lugar eu não pretendo deixar a mensagem de que o povo baiano seja desonesto. Quero apenas ressaltar como a reação da população durante a greve me deixou decepcionada com a natureza humana de forma geral.


Minha postura, quando o assunto é política, é sempre o mais omissa possível. Sim, omissa.
Acredito que por mais centrada e bem intencionada que uma pessoa possa ser o poder é capaz de corrompê-la. Mesmo que alguém seja selecionado pela maioria para cuidar dos interesses gerais não significa que isso apenas garantirá ações justas para o bem comunitário.
Creio que se as pessoas de fato aprendessem a se respeitar e respeitar o mundo de forma integral (os recursos naturais, as diferenças de opinião etc.), aí sim poderíamos alcançar este ideal de justiça. Enquanto deixarmos a responsabilidades de tudo nas mãos dos políticos nunca sairemos da merda.


Infelizmente, a reação da população baiana [pois é, o post ainda é sobre isso, embora pareça que eu tenha perdido o foco] matou o último fio de esperança que eu tinha sobre a possibilidade de um mundo anarquista  como solução aos problemas da vida em sociedade.


Não estamos prontos para gozar da liberdade.


Ok que a polícia é uma entidade que existe principalmente para controle e repressão. Mas é uma profissão exercida por pessoas comuns. E trabalhamos muito (você, eu...todos nós).
Quem de fato depende do seu trabalho para sobreviver trabalha muito para quase sempre ganhar um salário insuficiente para garantir uma vida minimamente confortável.
Logo, não creio que seja errado que os policiais resolvam parar suas atividades para reivindicar salários. A greve é uma das formas mais rápidas para que uma classe trabalhadora mostrar a falta que faz seu trabalho.


No caso dos policiais o lógico seria que isso se refletisse em mais assaltos, assassinatos e tals.
Mas que foi essa reação da população?!
Nunca gostei do ditado que diz que "a ocasião faz o ladrão", no entanto, tenho que engolir em seco e dizer que é isso aí...
Mais uma vez nossa desonestidade crônica dá as caras.


O que fica de "moral da história" é que ainda precisamos de muita educação e civilidade até sermos capazes de viver com tranquilidade sem precisar de quem nos reprima.


Será que algum dia ainda seremos capazes de ser livres? Será que somos capazes de aproveitar a liberdade para algo que não seja prejudicial ao próximo?
Tenho mais dúvidas do que nunca. Tendo a acreditar que as batatas tendem ao crescimento, as pessoas não.