Ando num momento muito conturbado da minha vida.
Ao mesmo
tempo em que tenho na mão vários ingredientes que sempre acreditei serem
indispensável a uma vida plena, feliz e bem resolvida me parece que não consigo
misturá-los numa receita adequada.
Tenho me deparado com uma grande fonte de
ansiedade para muitos humanos: o medo da solidão e a incerteza com minhas
escolhas.
E como boa representante da geração “meio dos 80, início dos
90” o que faço quando me deparo com este medo primário e devastador?
Saio pra tomar cerveja.
Por anos este hábito era realizado sempre com praticamente
as mesmas pessoas, em sua maioria não escolhidas por mim, mas ditadas pelo
namorado da vez. [Pois é. Eu não tenho mesmo personalidade].
Mas agora não. Agora
estou sendo obrigada a reaprender a estabelecer vínculos e participar de novos
meios sociais (ou a resgatar os meios sociais antigos).
Afinal, joguei na merda
um relacionamento de mais de 3 anos após uma crise adolescente fora de época
que obviamente não poderia ter dado em nada (como de fato não deu em nada além
do fim de um relacionamento lindo que nunca mais ressurgirá). [Mas isso não vem
ao caso agora...]
Não quero que as pessoas que tem me contemplado com a
alegria de tomar cerveja pensem que não gostei de estar com elas ou que as
procurei por falta de opção.
Mas acho uma vergonha essa minha iniciativa de ir por conta
própria ao encontro dos seres humanos apenas (ou quase sempre) quando estou na
merda. Isso é uma postura desprezível que eu sempre repudiei, mas que, ao mesmo
tempo, sempre tive.
Enfim, voltemos à cerveja.
Tenho saído com as mais diferentes pessoas para uma sessão
de bebedeira e conversas.[Muito mais conversas que bebedeiras, que fique
claro].
E hoje, depois do meu rolê cervejeiro número 549 desta
semana, notei algo intrigante... As pessoas pensam de forma diferentes umas das
outras!
Ok, eu sei que isto é obvio.
Acontece que quando você sai com uma intenção principal de
receber um conselho sobre uma situação importante que está acontecendo na sua
vida (como é o meu caso) pode ser que tenha a inocência de achar que existe
apenas um ponto de vista correto e que qualquer pessoa para quem a gente peça
opinião diga a mesma coisa.
E, surpresa, não é bem por aí.
Me encontro numa encruzilhada e num beco de dúvidas
primárias. Às voltas com os temas que sempre julguei inferiores, pensando sobre
assuntos que sempre me pareceram indignos. Daqueles que quando fui tratar pela
primeira vez na terapia precisei respirar fundo por uns 10 minutos até engolir
a vergonha e o orgulho para colocar o dedo nesta ferida purulenta e irrelevante
de minha existência.
Além do meu querido terapeuta, todas as inocentes criaturas
que vem saindo comigo e ouvindo os relatos do meu drama têm sido convocadas a avaliar
se estou muito velha para estar às voltas com meus atuais conflitos. [Que não
vou detalhar aqui agora, pois não estou na vibe de me expor tanto. Se você
sacou do que estou falando, parabéns. Se não sacou, paciência]
Interessantíssimo ver como tenho ouvido na mesma medida
alguns:
“É, já não era mais para você estar pensando nessas coisas”
“Relaxa, sou mais velho(a) que você e ainda passo por isso”
“Velha você? Até parece! Muita coisa ainda vai acontecer na
sua vida”
Com isso a lição que fica é: Se você é jovem ainda, amanhã
velho será... (hehe...brincadeira.)
A lição que fica é
que estar muito velha ou muito nova é apenas uma variável que depende de com
quem você está tomando sua cerveja.
:)