Segundo o dicionário...
Peão: (latim medieval pedo, -onis, que tem pés grandes, que vai a pé)
substantivo masculino
1. Pessoa que anda a pé.
2. Soldado de infantaria.
3. Cada uma das peças menores do jogo de xadrez.
4. Homem que se ajusta para trabalhar no campo.
5. Pajem.
6. [Brasil] Amansador de cavalos e burros.
7. Condutor de tropa ou serviçal de estância.
8. Camarada.
9. Homem que, montado a cavalo, agarra bois a laço.
10. [Marinha] Peça de ferro em que a verga encaixa no mastro.
Segundo o
uso popular...
Peão:
funcionário operacional, geralmente de chão de fábrica e que - via de regra -
trabalha muito, ganha pouco e não é reconhecido.
Até aí
aparentemente tudo certo, tudo claro.
[Só que
não...]
Já foi o tempo em que se podia ter bem
definida a fronteira do que é, e o que não é, ser peão num ambiente de
trabalho. Existia a imagem aparentemente lógica de que quem não estudava virava
peão e quem se dedicava ia pro escritório ser feliz pra sempre.
Neste
conceito de mundo perfeito e bem dividido o tal "escritório" é como
um paraíso em que se toma cafezinho, temos nosso próprio computador e passamos
o dia tranquilamente sentados a esperar os pagamentos ao fim de cada mês.
Ahhh...se
o pessoal da linha de produção soubesse a verdade...
Escrevo este texto sob o ponto de
vista de um representante do lado de cá. O lado de dentro do sonho de consumo
da galera da base. E agora vou mandar a real:
Me formei num curso superior de 5
anos de duração, fui pro inglês, entrei na pós graduação e, ironicamente, ainda
me sinto mais peão do que nunca. E não sou a única! Conheço vários como eu...
Formados e pós graduados que vagam por aí infelizes com sua situação não apenas
financeira, mas que também se sentem explorados, pouco reconhecidos e desmotivados
com o trabalho.
Ok, eu até entendo a tendência que
as pessoas tem de sempre achar que "o gramado do vizinho é mais
verdinho". É muito mais fácil encontrar facilidades em algo que só
conhecemos à distância. Mas não me entra na cabeça o glamour que alguns
funcionários de cargos operacionais fantasiam que exista no mundo
administrativo.
Não vejo nada de "chique" em passar o dia atrás de uma tela de computador, fechada por 9 horas diárias na mesma sala, geralmente com o chefe na orelha a fazer cobranças constantes e ainda por cima ganhando pouco. E pior: com a terrível desvantagem de ter investido uma boa parte de nosso dinheiro em nossa capacitação profissional (o que nem sempre nos dá o retorno esperado).
Não vejo nada de "chique" em passar o dia atrás de uma tela de computador, fechada por 9 horas diárias na mesma sala, geralmente com o chefe na orelha a fazer cobranças constantes e ainda por cima ganhando pouco. E pior: com a terrível desvantagem de ter investido uma boa parte de nosso dinheiro em nossa capacitação profissional (o que nem sempre nos dá o retorno esperado).
Ao mesmo tempo vejo um movimento
forte no sentido contrário. Conheço um volume respeitoso de pessoas que
correram atrás de se capacitar para uma vida longa e próspera no setor
administrativo e em algum momento fizeram uma curva acentuada na estrada da
vida profissional, deixaram de lado o falso status do trabalho intelectual e
hoje ganham a vida metendo a mão na massa.
E é lindo
notar como isso às realiza e as supre (financeira e espiritualmente).
Por isso mesmo digo à todos os
trabalhadores chamados operacionais: auxiliares de produção, domésticas,
garçons, pedreiros, mecânicos, costureiras...enfim... Pare de sentimento de inferioridade!
Todos os trabalhadores deste mundo
encaram os mesmos perrengues e tem os mesmos anseios e frustrações...só muda o
uniforme!
Da mesma maneira que todos temos a
mesma obrigação conosco mesmos de dar o melhor para atingir o sucesso e a tão
sonhada realização que é possível para todos nós, cada um à sua maneira.
Ninguém é melhor que ninguém, pois tudo faz parte da mesma cadeia...