quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Marcha Contra a Corrupção

Dia 12 de outubro. Feriado.
E de uns tempos pra cá, nos feriados (principalmente os de meio de semana, que não geram emendas pra galera viajar) tem virado moda protestar.
Ok. Acho válido ter uma causa e lutar por ela. Eu mesma já fui em alguns protestos na época em que o governo de São Paulo estava em vias de fechar a escola em que eu estudava. Achei que seria injusto. Fui nas manifestações contra (só pra constar, não deu em nada).


Não gostaria de me expressar contra o protesto em si, mas sim contra o tema tão amplo e abstrato dele.
Afinal, o que é corrupção?
Quando ouvimos a palavra associamos sempre à escândalos envolvendo desvio de dinheiro público.
Porém, sabemos que vai muito além disso.
Corrupção é o ato de corromper, de se aproveitar de um recurso que não é seu, suborno, auto-favorecimento etc.
O Brasil é corrupto. E não é a política, é a cultura. A natureza do brasileiro é corrupta.
E pior, achamos isso lindo e motivo de culto.


O que é o conceito de "jeitinho brasileiro", se não uma forma de cultuar essa nossa (minha, sua e de grande parte da população) natureza corrupta?!
Quem nesse país consegue tirar uma carta de motorista sem pagar "por fora"?
Quem nunca ficou feliz em ver que recebeu troco a mais no mercado, ou algo a mais no salário e se limitou a ficar quietinho?
Quem nunca furou uma fila?
Quem nunca sou uma carteira de estudante de um terceiro?
Quem nunca passou o mês comendo marmita no trabalho para vender o VR?
Quem nunca se sentiu seduzido pela possibilidade de um cargo público estável achando que, assim, poderia não se emprenhar tanto no trabalho?
Quem nunca culpou um terceiro de algum erro que cometeu?


Seria capaz de enumerar infinitos exemplos dessa nossa amada "Lei de Gerson". (se você não sabe de onde veio essa expressão, clique aqui)
Pode parecer bobo, mas considero tudo isso como sinal de corrupção e quando vejo o tipo de manifestação que apareceu hoje no jornal, acho uma puta duma hipocrisia. Criticar a corrupção é criticar nossa própria essência. É como aquele ditado que diz que o macaco senta no próprio rabo pra falar mal do rabo do vizinho.
Sem contar o monte de gente que vai pros protesto porque acha "estiloso" pintar a cara ou segurar uma placa com nariz de palhaço. Mas isso é outra história...(vamos deixar um azedume por vez, né?).


Espero que a escolha do tema da manifestação do próximo feriado seja mais específico e espero que as pessoas aprendam que não vale nada protestar um dia e não deixar isso refletir no resto da sua vida.
Pintar a cara e votar no Tiririca não vale.