sábado, 5 de dezembro de 2009

O mar é uma gota

Começou na sexta-feira.
O olho marejou com "Casa No Campo".
Sei lá, deve ser vontade de tirar férias, né?
"Como Nossos Pais" parece que fará sentido eternamente, mas eu estava me identificando mais com "Atrás da Porta" (sem carinho, sem coberta, num tapete atrás da porta reclamei baixinho...).

No sábado o mar foi uma gota comparado...
E eu nem sei bem porquê.
Embora não faltem hipóteses: falta de grana, trabalho puxado, total incapacidade de administrar as pendências da vida e a percepção de que transpiro coisa podre aos olhos de quem eu ainda cuido em tentar agradar...

É um espinho na mão, é um corte no pé...
É pau, é pedra, é o fim do caminho...

Talvez misturar Clarice e Elis justo nesses tempos caóticos não seja muito digesto, embora encarar isso como mau-humor seja mais conveniente...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Coragem

[Segundo o dicionário]CORAGEM: Força ou energia moral ante o perigo; ânimo, bravura, denodo, firmeza, intrepidez, ousadia.

Há algum tempo atrás um colega que costumava acompanhar este blog me perguntou porque eu nunca tratava sobre as notícias importantes da atualidade ou sobre política em meus textos. No dia, como estava passando por uma certa crise de mau-humor, disse simplesmente que não gosto desses assuntos e meu objetivo aqui não é filosofar.

Porém, hoje, me bateu uma vontade de fugir a regra. A política sempre foi algo constante aqui em casa. Sou filha de funcionários públicos que ao contrário do estereótipo sempre deram muito duro e sempre detestaram aqueles que veem no concurso um passagem para o sossego.

Meu pai é segurança aposentado ganhando hoje menos de um salário mínimo por mês (um mínimo mais descontos) e com perspectiva de ganhar cada dia menos, já que seu pagamento não é reajustado com os aumentos do salário mínimo.

Minha mãe sustenta a casa com não muito mais que isso. A nossa e a dele que ainda está em fase de construção no interior há quase 6 anos (pra onde ele se mudou a fim de melhorar as complicações de saúde que o trabalho perigoso lhe deram).

E então vejo no telejornal a notícia sobre uma tal farra das passagens aéreas. Beleza, mais um escândalo como tantos que vem e vão neste país...
Em resumo: os deputados tem direito a terem suas passagens aéreas bancadas pelo dinheiro público para suas "viagens de trabalho". Então foi descoberto (ridículo chamar de descoberta uma coisa assim tão óbvia) que muitos deputados andavam pagando passagens para amigos, namoradas...indo para o exterior ou para o nordeste em tempos de carnaval sem nenhum compromisso político a ser tratado.

Aí o de sempre: investigações, muitos nomes de envolvidos e blábláblá...

Heis que um tal de Michel Temer (PMDB-SP) muito corajosamente (ou "caradepaumente") solta a pérola:

“É humilhante para o Deputado saberem para onde vai. Ou se corta isso, ou então se tem coragem de aumentar o salário do Deputado. Não aumentam por falta de coragem. A Mesa precisa rever isso com urgência”

Hã?
Coragem de aumentar o salário dos deputados?!
...hum...
[Não pretendo gastar meu tempo escrevendo as atrocidades e palavrões que me vieram a cabeça quando ouvi isto.]

E enquanto isso na Rede Record uma reportagem sobre a saúde pública.
Uma mãe apanha da polícia dentro do hospital porque estava chorando após 12h de espera por atendimento para o filho de 12 anos.
A polícia diz que a agressão foi um caso a parte e que o policial já foi devidamente reprimido (com uma advertência) e o Ministério da Saúde argumenta que as imagens feitas em vários estados do país não refletem a realidade.

De fato acho que está faltando coragem ao poder público.
Coragem de abrir mão de seus convênios médicos e utilizarem o sistema de saúde que eles fornecem a população.
Já imaginaram a Dona Dilma Rousseff sendo operada em algum hospital das cidades satélites de Brasília?
Coragem de usar o transporte público para ir trabalhar e matricular seus filhos em escolas públicas.

Coragem...

Coragem é o que me falta para pensar em constituir família e por mais uma criança neste país onde quem deveria se preocupar com o bem geral só quer saber de tirar vantagem do poder...

Coragem...
...sem comentários...

Ps. e depois de tudo os deputados denunciados não precisarão reembolsar os cofres públicos por "falta de regras claras sobre o uso deste benefício"...

sábado, 11 de abril de 2009

As Intermitências da Vida

Voltando aos textos de reflexão sobre as coisas da vida que se repetem e parecem que nunca mudam...

Algumas coisas me vieram a cabeça após a leitura recente de "As Intermitências da Morte". Só pra situar quem não leu, este livro conta a história de um país onde a morte parou de matar à meia noite do dia 31 de dezembro. José Saramago neste livro ilustra todas as angustias e conflitos insólitos que poderiam ser despertadas na população de um país em tal situação. E olha que foram muitas as complicações causadas pelas férias da morte...

No começo achei meio absurdo que esta "boa notícia" virasse o drama da história, mas agora entendo que se a imortalidade fosse minha eu também entraria em pânico. Não pelos motivos da trama, claro (que eu não vou contar neste post, então os interessados/curiosos que tratem de ler o livro). Acontece que viver é uma coisa problemática e pra lá de angustiante (e que fique claro, para os que discordem, que este é um ponto de vista 100% pessoal).

Possuir uma coisa da qual não se pode desistir (a menos que você seja um suicida...) e que nem sempre (ou quase nunca) está sobre seu controle pode ser o caos.

Talvez por isso eu tenha a sensação de que de tempos em tempos eu deixo a vida no "piloto automático". Períodos em que tudo parece meio fora do meu controle: finanças, saúde, comportamentos, convivência com as outras pessoas...como se eu estivesse apenas observando minhas ações de um ponto externo a mim mesma. Se a coisa vai bem, tudo bem, se não vai também, tanto faz, não dá pra controlar mesmo...

Agora não sei se ando num momento desses. Às vezes parece que sim, às vezes acho que não...

Não ando fazendo as melhores escolhas pra mim. Não ando querendo fazer muitas escolhas (sempre tem alguém pra opinar, então pra quê queimar a mufa tomando decisões?). Meus valores estão mudando (talvez deixando de existir) e a única coisa que me incomoda mesmo é esse medo de tudo que pode acontecer (ou não). Tenho medo de ir me anulando até que a vida e a morte se esqueçam de mim e que eu vire uma zumbi...rs...

Mas esse medo também vai passar...se eu aprendi que o piloto automático muitas vezes é bom pra relaxar e não pensar muito, também aprendi que se a gente não as busca as rédeas da nossa vida encontram nossas mãos mesmo assim.
Ainda bem!

quarta-feira, 18 de março de 2009

Na alegria e na tristeza

"A juventude está sozinha
Não há ninguém para ajudar
Para explicar porquê é que o mundo é esse desastre que aí está"
(Aloha - Legião Urbana)

Não sei não se o mundo é um desastre mesmo. Pra mim ultimamente até que é porque eu ando numa bolha de coisas estranhas me invadindo. Mas penso que achar o mundo um desastre se encaixa naquela velha história de escolher ver o copo meio cheio ou meio vasio.

Eu particularmente ando vendo tudo meio vasio há algum tempo.
Algumas pessoas às vezes me dizem que eu sou muito fechada com minhas coisas pessoais.
Eu costumava achar exagero. Agora já não me parece tanto.
O problema é que quando está tudo nos conformes a vida social (e a amorosa também) flui mais fácil. Todo mundo tá sempre pronto pra uma piada.

Mas quando algo desanda por algum motivo (ou pior, sem motivo nenhum) é difícil achar quem esteja preparado pra ouvir. A menos que esta outra pessoa também esteja numa maré ruim e seja feita uma troca de experiências negativas (e ficamos empatados!).
Deve ser por isso que no discurso do casamento o padre diz: "(...) Na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, na alegria e na tristeza (...)"
Esse ultimo tópico deve ser o mais delicado numa união, afinal conviver com um doente ou um pobre não é tão ruim se ele está feliz, né?

Talvez por isso eu ande olhando tudo por uma perspectiva tão ruim. Essa angústia e essa impressão de que minha vida saiu do meu controle tá cada vez pior e eu não me acho no direito de quebrar a harmonia da existência de ninguém só porque gostaria de dividir as coisas erradas que eu nem sei dizer de onde vem.

O lado bom?
Pelo menos eu sempre posso escrever, né?
E assim vou garantindo a auto-ajuda pro meu futuro, afinal meu eterno consolo é o famoso ditado...
"Não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe."

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Vontade de Nada

Não quero mais tentar.
Não quero mais sair da cama.
Nem estudar, nem procurar emprego, nem sair, nem me divertir, nem namorar e acima de tudo não quero pensar em nada.

Mas penso.
Penso que cheguei naquele capítulo do livro que é cheio de filosofia e que vai se arrastando até o grande ápice. Mas precisa muita determinação e energia pra continuar lendo até a recompensa de engrenar na história até o fim e curtir o seu final.

Acontece que este livro (da minha vida) está ficando muito complicado e monótono, sem sinopse pra eu saber se vale a pena virar mais uma página...E depois de 3 meses de férias forçadas não ando com muita inspiração pra compor meu caminho. Então vou seguindo. Vivendo um dia por semana (como diria Humberto Gessinger).

Fui levantar não achei
Um bom motivo pra acordar
Está tudo bem não não há
Com o que se preocupar
É que eu me encontrei com o nada
E acho que meu lugar é aqui

Pra que pular se não sei
O que quero alcançar?
Pra que vencer se não sei
Quem eu quero derrotar?
Eu vou descansar um instante
Até eu reencontrar meu fim

Não vou arriscar
Não vou insistir
Não vou lutar
Eu já me rendi
Meu desapego é meu sossego, meu botequim
Não vou mais correr
Não vou mais correr
Vou ficar parado com você, meu bem
Não vou mais correr
Nada é pra valer
Vou andar parado com você, meu bem
Fui levantar não achei
Um bom motivo pra acordar
Está tudo bem não, não há
Com o que se preocupar
É que ando aqui pensando
Será que a gente é feliz?
(Desapego - Moptop)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A Verdadeira Auto-Ajuda

O tempo passa, mas algumas coisas parecem que nunca mudam. Em mim...

Tentando organizar a estante de livros esses dias encontrei uma folha solta de um bloco de anotações com algumas coisas escritas por mim. O papel não tinha data, mas pelo seu comteúdo imagino que deva ter sido escrito por volta de agosto de 2006.

2006, aliás, foi um ano muito importante pra mim. Um ano em que dei de ombros com as repressões e fiz muitas das loucuras que me vieram a cabeça.
Algumas aventuras, baladas, um sexozinho sem compromisso aqui e ali e a busca por uma satisfação que até hoje eu não entendo bem qual era e ainda tenho cá minhas dúvidas se consegui.

Enfim, de volta 2009, toda a inconstância hormonal foi controlada e as aventuras da carne há muito foram colocadas nos trilhos e no mínimo da moralidade.

E mesmo assim me vi surpreendida pela capacidade de meus dizeres de outros tempos traduzirem o que ainda hoje posso dizer de mim. Talvez seja esta a única e verdadeira "auto-ajuda". Minhas muitas (muitas mesmo) anotações acumuladas desde 1999 quando dei início ao meu diário (que abandonei quando abri o blog) frequentemente me dão boas lições, me empurram pra frente e me impedem de cometer erros repetidos.

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"Parece que não consigo mesmo ficar igual muito tempo. Parece que tenho sempre que procurar sarnas pra me coçar (...) Afinal, quantas diferentes Nadias existem neste corpo? Cada vez que paro pra organizar meu conteúdo interno acabo por achar mais uma perdida em alguma gaveta empoeirada.
E se não bastasse, vez por outra 2 ou 3 se encontram e param pra conversar. Sai de baixo. Quase sempre discussão das bravas.
Nenhuma difere muito da outra na principal característica que é a de ficar sempre procurando algo (alguma insatisfação misteriosa).
O complicado é que cada uma acha importante algo totalemente sem valor para as outras. Algumas até atormentam o mundo pelo que querem, mas ainda nenhuma delas aprendeu a ser constante e segura."

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É isso aí. Não mudaria quase nada se o texto fosse escrito hoje. Eu sou muitas e nenhuma faz muito sentido.

Hoje minha desordem é de outra ordem. Meu coração parece ter achado sua "casa no campo" e repolsa feliz (ao menos na maior parte do tempo).

Minha cabeça, esta sim, ainda tem muita coisa incerta. Se no passado dei de ombros com a moral, agora o tempo é de abrir mão de conselhos responsáveis.
Cansei de ter juízo. Sei que é feio, acho que não vou pro céu, mas estou começando a dar mais ouvidos pra uma pessoa meio imatura: EU.

Passei muito tempo pensando e me culpando pela opinião alheia na hora de tomar minhas decisões. E isso não me impediu de fazer muitas merdas.

Então agora é assim: seja o que EU quiser!
Tentarei tomar cuidado, mas só se houver uma forma de ter cuidado sem juízo...

"Quem pensa por si mesmo é livre
E ser livre é coisa muito séria
Não se pode fechar os olhos
Não se pode olhar pra trás
Sem se aprender alguma coisa pro futuro"

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Ano Novo de Novo

Uau! 5 meses... E parece que faz bem mais tempo que não escrevo.
Aliás, sempre escrevo, anda complicado mesmo é organizar as idéias.

2009.

Mais um ano chegou e mais uma vez meu ciclo se repete: desemprego no fim do ano, provas, férias, janeiro de entrevistas e etc.

Tá certo que este novo ano novo promete maiores emoções.
Estou esperando a queda do capitalismo para breve. Afinal - pelo menos pra mim - a crise chegou.
O telefone não toca e a administração da grana tá complicada.


Mas como diria Renato Russo: "Aprendi a viver um dia de cada vez", ou, como diria minha mãe "quem morre de véspera é peru"...rs

Falando em mãe, grande parte das fortes emoções que passei devo a ela. Danadinha...

Mas vamos cronologicamente.


Primeiro veio a demissão (entrar mais cedo e sair mais tarde uma hora cansa), nada demais...

Ano novo com a família (não sou tão má assim, aponto de deixar de lado minhas raízes nas festas de fim de ano).
E que festas! Povo do Paraná no sítio e dá-lhe cerveja, wisky, vodka e...multirão!
Claro, né, numa casa com mais de 20 pessoas colaboração é tudo.
Todo mundo cozinhava, limpava, cuidava da casa, do gato, dos cachorros... Coisa boa essa família doida!

Então acabou a farra e voltamos todos pra casa.

Aí começou uma moleza... um tal de tá doendo e vômitos esporádicos.
Pois é, minha mãe tava doente. Todo mundo sabia, mas ela não dava o braço a torcer.
Até que após dois dias de cama na base do chá e da papinha resolvemos levá-la na marra para um exame.

A coisa era tão feira que ela ficou confiscada no hospital para operação. Puta susto!
Segundo os médicos mais um dia que ela enrolasse seria tarde.

Resultado: operação de pedra na vesícula.
Engraçado pensar que essa tal vesícula só existe nos homens e nos porcos e sua única utilidade é criar pedras, enflamar e doer. Isso que somos seres "evoluídos"...rs

Enfim, o pior já passou e deu até pra eu ir pra minas curtir um Rafiting... Bem... mas fica prum próximo post.

E olha que o ano nem começou direito...

Ufa!
Esse promete...

Um Feliz 2009,
Próspero e cheio de boas surpresas pra todos nós, Amém!



Não deu pra enquadrar todo mundo, mas heis minha família prestes a devorar a ceia de Ano Novo