quinta-feira, 25 de junho de 2015

O sexo salvou o amor, mas o erotismo matou o prazer

A boa e a má notícia: sim, o amor está vivo e foi o sexo que o salvou. Mas aí veio o erotismo e acabou com o sexo.

Parece incoerente? Mas se pararmos pra pensar, nem tanto.

Houve um tempo em que fingia-se amor apenas na pretensão de ter acesso ao sexo.
Se você for muito jovem talvez nem acredite, mas tempos atrás as damas e rapazes apenas tinham iniciação na arte de Vênus após contrair o matrimônio (aliás, eu morro de rir o termo “contrair matrimônio”...parece que a pessoa pegou uma doença grave...rs). Contato físico e sentimento deveriam estar diretamente ligados e todos eram obrigados a encontrar ambos sempre na mesma pessoa (resumindo, se você ama alguém deve transar com ela. Ao mesmo tempo, se você deseja alguém também deve amá-lo). Acontece que muitas vezes não é esta a lógica.

Em algum momento a sociedade passou aos poucos a aceitar isso como uma regra que nem sempre se aplica (um salve especial aos hippies e seu conceito revolucionário de amor livre). O corpo se libertou e os corações deixaram de se obrigar a amar de maneira forçada e artificial um objeto de desejo.

Hoje finalmente as pessoas se permitem testar o amor e suas formas, o desejo e suas diversas manifestações. Acredito que para quem é de fato comprometido com sua própria felicidade o contexto ficou propício para escolhermos melhor aquela pessoa especial para nos acompanhar pela vida toda (ou, até, se for o caso, decidir que prefere passar a vida sem ninguém). Podemos testar o efeito de pele, de carinho, de desejo e parceria com mais de uma pessoa, sem que esta decisão seja tomada às pressas ou sob pressão social (ufa!).

Pode até parecer que foi uma super evolução. E talvez tenha sido mesmo por algumas décadas. Mas o tempo passou e os valores se inverteram num grau que imagino que jamais tenha passado na cabeça nem do mais liberado jovem dos anos 60.

Hoje somos inundados de erotismo e quase tudo remete ao sexo (não gosto nem de pensar que hoje tem criança de 9 anos dando aula de putaria...). Desempenho sexual (e uso o termo desempenho mais por hábito do que por achar que essa galera mande bem de verdade) virou algo a ser ostentado, exibido e cultivado em quantidade (medo!). Banalizou.

Quero que fique claro que não sou pudica nem acho que temos que guardar nossa virtude para um príncipe, mas também não acho que devemos usar o sexo como ferramenta de auto-afirmação como tenho visto por aí. Vejo as pessoas cada vez mais se obrigando a serem sensuais o tempo todo e não acho isso saudável (conheço meninas que simplesmente desaprenderam a sorrir e hoje só sabem mostrar a língua e fazer bico nas fotos). Vejo caras comprometidos (e bem em seus relacionamentos) cultivando a possibilidade de uma foda extra-namoro como quem cuida de uma plantinha apenas porque querem mostrar aos amigos que “cachorro amarrado não está morto” ou que “a carne fraca” ou provar a si mesmo que ainda são capazes de despertar desejo em alguém (como se apenas suas companheiras não bastassem...aliás, estou falando aqui do comportamento de homens porque meu ponto de vista é o de uma mulher que já foi assediada muitas vezes por caras comprometidos, mas isso também vale para mulheres!).

Aí me pergunto se talvez isso não seja um puta passo para trás. Porque se o erotismo fica banalizado o frio na barriga morre. O contato físico perde o valor.

Antigamente usávamos o termo química para explicar quando um casal se entendia (na cama e na vida como um todo). Agora sinto que a química está sendo substituída pela mecânica. Temos acesso à pornografia com mais facilidade que nunca (e viva o whatsapp!) e a paranoia com o tal desempenho é tanta que deixamos de ouvir nosso corpo e de prestar atenção no que gostamos, no que queremos...me apavora a idéia de que a mesma menina que se esfrega em deus e o mundo nos “fluxos” da vida provavelmente nunca parou para se masturbar e descobrir seu corpo e como ele funciona.

O erotismo matou o prazer do sexo. E agora?!


Já ouvi músicas que são quase um manual sonoro da sacanagem, mas um manual extremamente cheio de buracos, pois considera corpo, movimento e detalhes físicos...mas não considera que dentro de cada corpo tem um sentimento (e não, não é pra soar romântico, e sim realista), tem uma fantasia uma expectativa. Podemos seguir todo o ritual de bucetas e picas e outras coisas, mas apenas isso nunca bastará para uma boa experiência (esperar isso seria duma inocência e inexperiência ímpar!). Não devemos idealizar demais o sexo, porém o precisamos aprender que a satisfação com ele dependerá do quanto a gente se permite se conhecer (como nosso corpo funciona, quais nossos limites e principais vontades) e que o prazer de cada um é diferente e não deve ser visto como um show a ser exibido, por que é um tesouro para ser desfrutado na intimidade.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

A droga do amor

Me perdoem os amantes de literatura infanto-juvenil por ter usado o título deste clássico do Pedro Bandeira para dar nome pro meu post, mas foi o melhor que me ocorreu.

O amor é um mistério, um desafio, uma coisa rara e, muitas vezes, uma droga. Porque, como dizem: "O amor não é aquilo que te deixa bobo e rindo à toa. O nome disso é maconha. O amor é outra coisa." (tu-dum-tizzz!)

Piadas à parte, embora pareça que o objetivo seja tratar este sentimento tão complexo de maneira negativa, não é bem isso. Quero apenas lançar um olhar racional e porque não dizer "científico" sobre ele.
Amanhã é dia dos namorados. Casais planejam comemorações, apaixonados silenciosos pensam em se declarar, rejeitados amargam suas carências...e eu escrevo.

Escrevo porque pela primeira vez na vida não sei em qual desses grupos me encaixo e comecei a me remoer tentando entender o que é isso que as pessoas chamam de amor.

Digo "as pessoas" porque sei muito bem que o amor que eu idealizo não existe. O amor que eu idealizo é aquela relação positiva de querer bem, de gostar de cuidar, de poder se divertir, ser honesto, transparente e generoso sem ameaçar o vínculo com quem amamos. É uma partilha plena de vida e de valores. (E isso vale para relacionamentos em instâncias que transpõe a vida de casal e que também deve existir entre amigos, familiares, colegas de trabalho etc).

Porém o que vejo sendo chamado de amor é simplesmente a possibilidade de posse de outra pessoa. Muitas vezes vejo casais estendendo relações desastrosas porque não aguentariam ver seus parceiros com outras pessoas. Não se permitem abrir mão da posse do outro e em nome disso abrem mão da possibilidade de uma vida mais plena, porém solitária.
(Só pra mim isso não faz sentido?)

Digo que o amor é uma droga, não por achar que seja ruim, mas porque tal como acontece com as drogas de todos os tipos: com o tempo vamos precisando de doses cada vez maiores para sentir o mesmo "barato".
Conhecemos alguém, nos apaixonamos e, no início, apenas algumas horas com esse alguém nos mantém em estado de êxtase por dias. Aí o tempo passa e quando notamos todas as nossas horas estão voltadas para esta mesma pessoa e o tal estado de êxtase se torna progressivamente mais raro.

E é engraçado, mas por coincidência "veneno" e "amor" são palavras intimamente relacionadas, afinal VENENO vem do latim VENENUM: “substância tóxica, veneno”, originalmente “remédio, poção”, possivelmente também “poção de amor”, ligada a VENUS: “amor, desejo sexual”. (estas informações foram coletadas de fontes aparentemente confiáveis deste site. Caso esteja dizendo alguma bobagem -o que eu não estranharia...rs- e algum linguista deseje me corrigir, favor me fique a vontade!)

Então cuidado, crianças... Amanhã o mundo te pressionará para que você tenha alguém, que ame. Mas só faça isso se for sadio. Cuidado para não se intoxicar de ninguém.
E um feliz dia dos namorados a todos!
*Aprecie com moderação*