quinta-feira, 29 de julho de 2010

As metas que não cumpri

Retomando as metas de férias do último post...
Não completei nenhuma das leituras. Fiz 1,64 segundos de animação (com um total de 3 imagens). Não abri nenhuma apostila de excel. Não terminei nenhum relatório. Nem ao menos entrei no quartinho dos fundos, quem dirá arrumar alguma coisa.

E como me sinto com tudo isso?
Difícil explicar. Enquanto procrastinava pensei muitas vezes sobre essa cultura da produtividade que se instalou em nosso mundo.
Hoje, no meu último dia de férias vejo o quão libertador é simplesmente darmo-nos ao luxo de NÃO FAZER NADA DE ÚTIL (e, por favor, sem culpa).
As pessoas tem perdido a noção do valor do ócio (não estou falando de ócio produtivo, não. É de ócio de verdade!)...

E por coincidência (sincronicidade?) andei recebendo recentemente uma série de textos discutindo justamente essa nossa vida desesperada.

O primeiro que recebi comentava que a violência e a raiva estão ligadas a pressa, enquanto a paz e a tranquilidade estão ligadas à lentidão (lentidão que anda com a moral super em baixa). Era um texto em prol da delicadeza.

O Segundo era destinado às mulheres. Falava sobre como temos exigido cada vez mais beleza, eficiência, inteligência...em como essa dita libertação feminina na verdade é uma forma moderna de submissão. Teoria que eu assino em baixo.

E o mais recente tratava sobre como a tecnologia tem cada vez mais nos controlado. Como temos que ser capazes de fazer cada vez mais coisas simultâneamente. Como há um culto ao ser humano multifuncional...
Isso me fez até lembrar da cena do filme Pocahontas (gosto do filme, qual o problema? desmanche esse bico e continue respeitando o post!) em que o sacerdote da tribo define os homens do velho mundo como lobos famintos.

Lobos famintos...
É isso que somos (em graus que variam de pessoa pra pessoa, mas todos somos).

Há hoje uma concorrência constante entre as pessoas. Cada pessoa quer ser mais legal, mais descolada, mais bem informada, mais sagaz...quer se sobressair ao próximo de alguma forma.

Há uma supervalorização da nerdice. Se antes ser nerd era vergonhoso, hoje é quase uma obrigação. Se você não for nerd, não é inteligente. Temos que estar por dentro de todos os livros, todas as séries, todos os lançamentos tecnológicos, os filmes e discos alternativos da última semana...

Supervalorizamos o bizarro. As pessoas andam desesperadamente querendo chocar, chamar a atenção...a geração "Lady Gaga", filhos da família Restart. Somos inconscientemente exibicionistas...

Esses dias vi na MTV uma propaganda, ou sei lá o que era aquilo...uma menina de uns 14 anos falando com outras meninas sobre os truques para arrumar mais seguidores no Twitter, e como tirar a melhor foto pra jogar na internet...
Fiquei muito em pânico. Por que esse é o objetivo maior dessa nova geração: chamar a atenção, ser a mais bela, a mais especial, a mais...mais...
Nosso universo está cada vez mais limitado a dimensão do nosso umbigo.

Esse mundo moderno está cada vez mais caótico. É preciso muito cuidado pra não nos fecharmos em pensamentos tão pequenos.
Se bobearmos esqueceremos de vez o valor das pessoas e da convivência.

Só o que me resta é concordar com os 3 sábios textos que recebi.
Temos que desacelerar urgentemente!
Perder esta mania de achar que é nossa obrigação correr e produzir o tempo todo.
Não é.

De tudo isso minha conclusão é que, no fim das contas, não fazer nada foi a melhor coisa que eu poderia ter feito!

2 comentários:

Bianca disse...

Você anda uma procrastinadora muito culta! As pessoas andam tão correndo que nem se dão conta que pra tudo se tem um ritmo. Talvez seja hora de você ouvir sua própria música.

Be Wizard disse...

De longe o teu melhor texto!
Apoiado, adotado e se deus quiser, cultivado!