Acordou.
Tomou um banho gelado para ficar mais disposto.
Separou os CD's de samba que costumavam acompanhá-lo nas viagens e também alguns instrumentos.
Tomou um café da manhã leve e conferiu os últimos detalhes do carro.
Pegou a estrada já pensando nas pedaladas e braçadas que daria, além da saudade que sentia de seu irmão.
Aquele seria o final de semana que fecharia com chave de ouro suas férias.
Tomou um banho gelado para ficar mais disposto.
Separou os CD's de samba que costumavam acompanhá-lo nas viagens e também alguns instrumentos.
Tomou um café da manhã leve e conferiu os últimos detalhes do carro.
Pegou a estrada já pensando nas pedaladas e braçadas que daria, além da saudade que sentia de seu irmão.
Aquele seria o final de semana que fecharia com chave de ouro suas férias.
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Acordou.
Tomou um banho quente para prolongar aquela sensação de ter saído da cama.
Tirou uma parte da pauleira de seu Ipod e substituiu por um som psicodélico que achou ter mais sintonia com o clima praiano que a esperava.
Saiu de casa em jejum rumo à rodoviária já sonhando com a gelada que tomaria sentada de frente para o mar.
Pensou em todas as histórias e fofocas que dividiria com sua amiga que há tanto tempo não via. A vida andava um caos e seria ótimo ter com quem conversar.
Aquele seria um fim de semana de preguiça.
Tomou um banho quente para prolongar aquela sensação de ter saído da cama.
Tirou uma parte da pauleira de seu Ipod e substituiu por um som psicodélico que achou ter mais sintonia com o clima praiano que a esperava.
Saiu de casa em jejum rumo à rodoviária já sonhando com a gelada que tomaria sentada de frente para o mar.
Pensou em todas as histórias e fofocas que dividiria com sua amiga que há tanto tempo não via. A vida andava um caos e seria ótimo ter com quem conversar.
Aquele seria um fim de semana de preguiça.
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Por dentro ele era um grande quebra-cabeças de emoções misturadas. Via os primos, amigos e as pessoas todas ao seu redor em seus rolos, namoros, casamentos etc. e a verdade é que não entendia muito bem a finalidade daquilo tudo. Havia experimentado da paixão apenas uma vez e sem sucesso. Depois disso decidiu que não nascera praquilo e não procuraria mais ninguém para gostar (mesmo sozinho, tudo ia muito bem, obrigado!).
Por dentro ele era um grande quebra-cabeças de emoções misturadas. Via os primos, amigos e as pessoas todas ao seu redor em seus rolos, namoros, casamentos etc. e a verdade é que não entendia muito bem a finalidade daquilo tudo. Havia experimentado da paixão apenas uma vez e sem sucesso. Depois disso decidiu que não nascera praquilo e não procuraria mais ninguém para gostar (mesmo sozinho, tudo ia muito bem, obrigado!).
Porém,
ao mesmo tempo que não sentia falta dessas coisas, sempre havia aquelas
cobranças da família ou amigos: “E aí? E a namorada, cadê?!” que deixavam no ar
a impressão de que ele tinha algo de disfuncional em si.
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Por dentro ela se sentia como uma
lixeira sentimental após tudo pelo que passara nos últimos meses. Depois de
tudo decidiu seguir sozinha e se bastar. E “se bastando” ela havia sido tomada
por uma aura irresistível de auto-suficiência e independência que vez por outra
colocava algum cara interessante em seu caminho. Mas suas investidas amorosas,
até aquele momento, tinham apenas a função de satisfazer um desejo de pele,
tornando-se sempre desinteressantes com o tempo. Seus relacionamentos, via de
regra, acabavam antes de tornarem-se compromissos. Seu coração estava gasto
pela vida e ela carregava a sabedoria serena que só quem se acostumou à
frustração consegue ter.
--
Ele
chegou cedo ao seu destino. Deu uma volta de bike, andou na praia e nadou.
Naquele dia seu irmão chegaria um pouco mais tarde porque precisava ir com a
esposa até a rodoviária buscar uma amiga que passaria com eles o final de
semana. No fundo a idéia de dividir o irmão e a cunhada com uma desconhecida no
último fim de semana livre de suas férias não o agradava tanto... Mas fazer o
quê? Não tinha outro jeito...
Enquanto
isso ela desembarcava do ônibus e ia ao mesmo tempo perguntando as novidades,
cumprimentando o casal, dando uma prévia das fofocas, fazendo piada... Tudo
naquele estilo atropelado e caótico que era sua marca registrada.
No
fim do dia, todos reunidos, pizza e a notícia: aquele seria um fim de semana de
trabalho. Finalmente a imobiliária liberara a casa nova dos anfitriões e os
convidados teriam de se juntar para ajudar na mudança de última hora.
O
dia seguinte foi de encaixotamento de tralhas e compartilhamento de idéias.
No
meio de toda a bagunça foram surgindo os mais diversos assuntos que aos poucos
traziam à tona os pontos de convergência e de divergência entre ele e ela.
Em
comum tinham o signo, a escolha pelo mesmo curso superior, o fato dos pais de
ambos estarem se preparando para uma mudança definitiva para o interior, a
natureza inquieta e o gosto por esportes radicais. A surpresa do dia ficou por
conta da vontade compartilhada de pular de para-quedas... Meio a sério, meio
brincando chegaram até considerar um encontro posterior para fazerem isso
juntos. (Quem sabe um dia...?)
As
diferenças também estavam lá e não eram poucas.
Ela
que curtia rock, enquanto ele era o cara do samba. Ela que contava os segundos
para o inverno chegar enquanto, por ele, o verão poderia nunca mais acabar. Ela
com sua postura ranzinza e reclamona que chegava a ter orgulho da fama de
mal-humorada no trabalho. E ele, por outro lado que era o típico “boa praça” do
escritório, sempre sorrindo e conhecido como amigo de todos.
Entre
descobertas, caixas e longas conversas o fim de semana passou e chegou a hora
de subir a serra.
--
Segunda-feira
e o dia dela cheio no trabalho. Mesmo assim era pega vez por outra pela
lembrança dos dias anteriores e consciência de um erro imperdoável. Como era
possível que ela não tivesse pego o telefone dele?
Claro
que uma troca de telefones não significava que algum deles entraria em contato
com o outro. Mesmo que alguém entrasse em contato nada garantia que marcariam
algo. E ainda que marcassem algo, isso não significava que se dariam bem... A
questão é que todas aquelas possibilidades eram impossíveis simplesmente porque
eles não haviam trocado telefone. Um mundo de possibilidades impedido por um
único detalhe.
Não
restava outro caminho. Então ela abriu sua caixa de e-mail e escreveu uma longa
mensagem para a amiga agradecendo pelo final de semana divertido e entre uma
informação e outra tomou coragem para pedir que enviasse seu número de telefone
para ele.
Alea
jacta est!
--
Terça-feira
e ele ainda incrédulo. Depois de se pegar algumas vezes pensando no final de
semana ainda não entendia porque ela havia mandado seu número de telefone.
Chegou a considerar a possibilidade de ser apenas uma brincadeira do irmão. Mas
fez o teste e escreveu uma mensagem falando qualquer banalidade, tomando
cuidado para que não demonstrasse nem descaso, nem interesse demais.
Imediatamente
a certeza: era mesmo ela estranhamente interessada em conversar e relembrando
os planos levantados sobre o salto de para-quedas.
Dia
após dia o contato foi se aprofundando... De repente era como se se conhecessem
há anos, mesmo que fizesse menos de uma semana.
Então
uma ideia: porque não continuar a conversa pessoalmente no final de semana?
E
assim fizeram. Como moravam um tanto distantes, marcaram na praça central de
uma cidade turística que ficava no meio termo de distância entre eles.
Ela
chegou certo tempo antes. Não que fosse ansiedade de vê-lo, dizia para si, mas
o horário dos ônibus intermunicipais era realmente imprevisível no final de
semana e seria indelicado chegar atrasada...
Há
tempos ele não fazia aquele caminho. Uma curva errada e pronto! Se perdeu,
demorou para achar o retorno. Chegaria atrasado. Começou a remoer a ansiedade
de ter estragado o final de semana. Já a imaginava brava, sentindo-se
desrespeitada com a hora de sua chegada...
Então
encontraram-se. Minutos depois do céu azul se encobrir e começar uma senhora
chuva. Sem cumprimentarem-se direito se enfiaram no primeiro restaurante. Com o
tempo fechado só lhes restava comer sem pressa e conversar. E conversaram.
Conversaram até que o apetite acabou, a chuva acabou e o dia acabou. Só não
acabava o assunto e a vontade de seguir adiante.
Para
estender o tempo juntos ele ofereceu uma carona.
Para
estender o tempo juntos ela ofereceu que ele entrasse em sua casa e esperasse
até carregar a bateria do celular (era mais seguro para, caso necessário, ele
pudesse ativar a função GPS e não se perder na volta também...ou pelo menos foi
a desculpa que ela escolheu).
O
assunto continuava, o envolvimento crescia... Num momento de aproximação e
silêncio um beijo ainda meio desengonçado.
Por
algum motivo que não eram capazes de explicar havia um magnetismo no ar, uma
vontade de estender o momento... Mas a noite havia chegado ao fim e ele teve
que ir embora.
--
Nos
dias que se seguiram ela só fazia pensar nas diferenças entre eles e porque,
mesmo assim, ela queria tanto vê-lo de novo (parecia não fazer muito sentido).
Do
lado de lá, ele pensava no que poderia significar a vontade cada vez mais
intensa e constante de contar-lhe de seu dia, seus desejos e suas frustrações.
Decidiram
juntos que deixar-se-iam levar sem planos. Enquanto tivessem assunto e desejo
da companhia um do outro estariam juntos. Tão logo o bom clima acabasse
parariam de se ver e ponto. Simples assim. Prezavam muito por ter espaço,
leveza e liberdade. Não havia como dar errado.
--
Os
dias foram passando. As semanas também passaram. Algumas folhas de calendário
foram viradas e entre uma e outra os encontros e as histórias que
compartilhavam iam acumulando-se. Estavam sempre concentrados no desejo de aproveitar a companhia um do outro,
porém sem prenderem-se. Este último ponto, aliás, era sempre relembrado
discretamente nas conversas quando eles achavam que estavam envolvidos além da
conta...
O que eles ainda
não sabiam era que, mesmo enquanto não queriam admitir, já estavam juntos. Foram
constituindo-se como opostos complementares capazes de se entrelaçar sem perder
a essência nem misturarem-se até virar uma coisa só.
Ainda perceberiam
que o que faltava em si era o outro.
Demorou pra ser.
Mas agora é.
Um comentário:
Lendo esse conto maravilhoso novamente, vejo que nada é por acaso e que eu sou a pessoa mais feliz desse mundo por ter encontrado você nessa vida. Espero que as próximas não sejam diferentes S2
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