quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Aquela arrogância que me dá a cada 2 anos

Neste final de semana acontecerá o grande evento da democracia brasileira. É hora de ir às urnas manifestar nosso desejo de cidadãos optando pelo candidato que acreditamos estar mais conectados com nossos valores, pessoa na qual depositaremos a imensa responsabilidade de nos governar e blá blá blá...

Mas eu particularmente não estou nem aí. Ou pelo menos eu tento. Já não é de hoje que minha fé na sociedade, no poder da democracia e sobretudo no discernimento das pessoas para uma escolha tão grande se esvaiu.

É lamentável, mas devo admitir que o único sentimento que de fato me acomete nesta época é a arrogância. A cada 2 anos tenho oportunidade de revisitar uma das épocas mais ingratas da minha vida: minha idade escolar (com destaque à tudo o que aconteceu até o primeiro colegial).

Se você não me conheceu durante a vida toda deixe-me traçar um quadro geral. Dos meus 7 aos meus 16 anos fui um legítimo peso morto social. Quase não tinha amigos, era um desastre nos esportes, meus movimentos eram de um total desengonço, minha pouca beleza era eficientemente encoberta pela minha total falta de estilo e, como se não bastasse, eu cometia o pior pecado de todos para esta faixa etária: eu gostava de estudar. De verdade.

Considerando tudo isso não é difícil imaginar que além de não ter muito carisma eu era até certo grau “rejeitada”. Não que sofresse bulling ou essas atrocidades todas que andam na moda, mas é que, além de ser completamente impopular, eu era friamente hostilizada pelas garotas mais legais, bonitas e “badaladas”.

Estou longe de ser uma pessoa traumatizada (apesar de todo o teor dramático da descrição acima). Ainda gosto de estudar, ainda sou péssima nos esportes e ainda sou desengonçada. Minha pouca beleza já consegue ser aprimorada com o mínimo de bom senso e conquistei amigos fodas que não troco por nada <3>

Sinto de verdade que o tempo me fez bem e não tenho nenhuma nostalgia dos tempos de escola. Sou hoje sem a menor sombra de dúvida uma pessoa muito mais segura e interessante. Resumindo, sou um ser humano que gosto de ser e do qual me orgulho.

E é aí que entram as eleições.

Voto na escola estadual do bairro, assim como a maior parte das pessoas que estudaram comigo até a tal época desgracenta de meus 16 anos. E admito sem a mínima humildade que me realizo mais e mais a cada eleição que passa. Graças a essa obrigação cívica tenho a chance de constatar como as “periguetinhas” esnobes do passado agiram exatamente como é de se esperar que aconteça com pessoas vazias: tornaram suas vidas rasas e enforcaram-se na futilidade. Algumas embuxaram, quase todas embarangaram e nenhuma delas construiu uma vida interessante ou que me passe a mínima impressão de felicidade e completude.

E é por essas e outras que me convenço de que irei para o inferno. Pois a cada 2 anos eu vivo meu dia secreto “d’o mundo da voltas” e, do auge de uma arrogância que não me é comum, me permito rir por dentro e dizer pra mim mesma “valeu a pena filtrar as companhias, me isolar, estudar e elevar minha alma”.

Não irei para o céu, mas chegarei no inferno de cabeça erguida...rs

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