Mas eu particularmente não estou nem aí. Ou pelo menos eu
tento. Já não é de hoje que minha fé na sociedade, no poder da democracia e
sobretudo no discernimento das pessoas para uma escolha tão grande se esvaiu.
É lamentável, mas devo admitir que o único sentimento que de
fato me acomete nesta época é a arrogância. A cada 2 anos tenho oportunidade de
revisitar uma das épocas mais ingratas da minha vida: minha idade escolar (com
destaque à tudo o que aconteceu até o primeiro colegial).
Se você não me conheceu durante a vida toda deixe-me traçar
um quadro geral. Dos meus 7 aos meus 16 anos fui um legítimo peso morto social.
Quase não tinha amigos, era um desastre nos esportes, meus movimentos eram de
um total desengonço, minha pouca beleza era eficientemente encoberta pela minha
total falta de estilo e, como se não bastasse, eu cometia o pior pecado de
todos para esta faixa etária: eu gostava de estudar. De verdade.
Considerando tudo isso não é difícil imaginar que além de
não ter muito carisma eu era até certo grau “rejeitada”. Não que sofresse
bulling ou essas atrocidades todas que andam na moda, mas é que, além de ser
completamente impopular, eu era friamente hostilizada pelas garotas mais
legais, bonitas e “badaladas”.
Estou longe de ser uma pessoa traumatizada (apesar de todo o
teor dramático da descrição acima). Ainda gosto de estudar, ainda sou péssima
nos esportes e ainda sou desengonçada. Minha pouca beleza já consegue ser
aprimorada com o mínimo de bom senso e conquistei amigos fodas que não troco
por nada <3>3>
Sinto de verdade que o tempo me fez bem e não tenho nenhuma
nostalgia dos tempos de escola. Sou hoje sem a menor sombra de dúvida uma
pessoa muito mais segura e interessante. Resumindo, sou um ser humano que gosto
de ser e do qual me orgulho.
E é aí que entram as eleições.
Voto na escola estadual do bairro, assim como a maior parte
das pessoas que estudaram comigo até a tal época desgracenta de meus 16 anos. E
admito sem a mínima humildade que me realizo mais e mais a cada eleição que
passa. Graças a essa obrigação cívica tenho a chance de constatar como as
“periguetinhas” esnobes do passado agiram exatamente como é de se esperar que
aconteça com pessoas vazias: tornaram suas vidas rasas e enforcaram-se na
futilidade. Algumas embuxaram, quase todas embarangaram e nenhuma delas
construiu uma vida interessante ou que me passe a mínima impressão de
felicidade e completude.
E é por essas e outras que me convenço de que irei para o
inferno. Pois a cada 2 anos eu vivo meu dia secreto “d’o mundo da voltas” e, do
auge de uma arrogância que não me é comum, me permito rir por dentro e dizer
pra mim mesma “valeu a pena filtrar as companhias, me isolar, estudar e elevar
minha alma”.
Não irei para o céu, mas chegarei no inferno de cabeça
erguida...rs
Nenhum comentário:
Postar um comentário