domingo, 11 de agosto de 2013

Medo de dirigir...a própria vida.

Dentre os tantos rituais instituídos em minha vida, um deles consiste em me afundar em seriados nos períodos de solidão.
E o seriado da vez é Mad Men.

Ainda não entendi muito bem o que nele me encantou. Pode ter sido toda a beleza dos anos 60, com suas mulheres de saias rodadas, os homens de cabelo impecavelmente penteados ou o charme irresistível do M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O protagonista Don Draper que consegue reunir ao mesmo tempo características de um total cafajeste ao trato do mais perfeito cavalheiro.

Enfim...encantamentos à parte, existem muitos diálogos da série que conseguem atravessar horas reverberando em minha mente. Recentemente fiquei muito impactada com uma fala dita no meio de uma discussão entre Don e uma de suas... digamos assim “peguetes”.

Após um dia de notícias péssimas no trabalho, de tomar um gelo de sua amante preferida e de não estar a fim de retornar ao conforto do lar com seus lindos filhos e sua bela esposa-dedicada-loira-dos-olhos-azuis [pois é, é duro agradar o Don...rs] ele procura a tal peguete (como “peguete” neste contexto entenda-se por uma cliente de sua empresa com quem ele mantém um flerte, mas ainda sem uma rotina de intercursos sexuais que justifique a classificação dela como amante).
Pois bem, depois deste dia de cão ele junta suas economias e procura por esta mulher propondo que fujam para outro país e recomecem suas vidas juntos (ahhh...que invejinha!...rs).

Mas para meu espanto, num ato de dignidade ímpar a tal donzela recusa o convite com a frase: - Oh, Don... Isso foi um namorico, um caso barato... Você não quer fugir comigo, quer apenas fugir.



Uau! A primeira vez que vi a cena saquei do celular e salvei esta frase nos meus rascunhos. Achei fantástico.
Quantas vezes não fazemos como o Don?

Uma pessoa recentemente me disse “cuidado, poucos sentimentos nos confundem mais do que o medo de ficar sozinho”.  Fato

Posso estar fazendo uma generalização errada, mas acredito que todo mundo em algum momento da vida [por medo de assumir algum risco sozinho, por falta de autonomia ou outra coisa do gênero] se escora em alguém que não é exatamente nossa primeira opção, mas é o que está a nosso dispor. Isso é muito feio, [tentem não fazer isso, crianças] mas acho que, sei lá... é inevitável, né?

A presença do outro [seja quem for este outro] nos dá um chão mais firme, uma segurança.

E este é o ponto do texto em que mudo totalmente de assunto e mostro mais uma vez que não tenho foco...rs. Porque na verdade não quero falar sobre essa mania de nos escorarmos nos outros, mas no medo... ou melhor, na necessidade de segurança e de controle dos riscos.

Sim. Esta temática que povoa minha terapia há 5 meses. Cinco. Meses.

Há 5 meses eu vou todas as sextas-feiras à noite ouvir de um senhor com idade para ser meu pai que eu não preciso ser perfeita, que eu me exijo demais e que não dá para ter o controle sob todas as situações da vida. E mesmo assim eu quero controlar. Tudo.

Mas o pior, tenho notado como e quanto esta obsessão por controle me emburrece e me impede de ser mais feliz e evoluir. Notei que simplesmente não consigo aprender inglês, tocar violão, dirigir etc... por mero medo do erro e da quebra dessa tal perfeição [que, veja só a ironia!, está me condenando a uma mediocridade ridícula].

Quando o assunto era aprender a dirigir, sempre achei que meu medo era concretamente do volante, mas vejo agora que meu medo real é algo mais subjetivo. É um medo de dirigir minha própria vida. Sim. O ápice da bundamolagem.
Vivi por muito tempo sob um medo constante de cometer pequenas falhas, de passar pequenas vergonhas e fui me privando de muitas experiências e aprendizagens.

O bom é que, ao que me consta, tomar consciência é o primeiro passo...rs.


Então só me resta dizer: Risco, erros e pequenas vergonhas... me aguardem que aí vou eu! Hahahaha...

domingo, 21 de julho de 2013

Nova ou velha é tudo uma questão de com quem você toma a cerveja

Ando num momento muito conturbado da minha vida.
Ao mesmo tempo em que tenho na mão vários ingredientes que sempre acreditei serem indispensável a uma vida plena, feliz e bem resolvida me parece que não consigo misturá-los numa receita adequada.
Tenho me deparado com uma grande fonte de ansiedade para muitos humanos: o medo da solidão e a incerteza com minhas escolhas.

E como boa representante da geração “meio dos 80, início dos 90” o que faço quando me deparo com este medo primário e devastador?
Saio pra tomar cerveja.

Por anos este hábito era realizado sempre com praticamente as mesmas pessoas, em sua maioria não escolhidas por mim, mas ditadas pelo namorado da vez. [Pois é. Eu não tenho mesmo personalidade].
Mas agora não. Agora estou sendo obrigada a reaprender a estabelecer vínculos e participar de novos meios sociais (ou a resgatar os meios sociais antigos).
Afinal, joguei na merda um relacionamento de mais de 3 anos após uma crise adolescente fora de época que obviamente não poderia ter dado em nada (como de fato não deu em nada além do fim de um relacionamento lindo que nunca mais ressurgirá). [Mas isso não vem ao caso agora...]

Não quero que as pessoas que tem me contemplado com a alegria de tomar cerveja pensem que não gostei de estar com elas ou que as procurei por falta de opção.

Mas acho uma vergonha essa minha iniciativa de ir por conta própria ao encontro dos seres humanos apenas (ou quase sempre) quando estou na merda. Isso é uma postura desprezível que eu sempre repudiei, mas que, ao mesmo tempo, sempre tive.

Enfim, voltemos à cerveja.

Tenho saído com as mais diferentes pessoas para uma sessão de bebedeira e conversas.[Muito mais conversas que bebedeiras, que fique claro].

E hoje, depois do meu rolê cervejeiro número 549 desta semana, notei algo intrigante... As pessoas pensam de forma diferentes umas das outras!
Ok, eu sei que isto é obvio.

Acontece que quando você sai com uma intenção principal de receber um conselho sobre uma situação importante que está acontecendo na sua vida (como é o meu caso) pode ser que tenha a inocência de achar que existe apenas um ponto de vista correto e que qualquer pessoa para quem a gente peça opinião diga a mesma coisa.
E, surpresa, não é bem por aí.

Me encontro numa encruzilhada e num beco de dúvidas primárias. Às voltas com os temas que sempre julguei inferiores, pensando sobre assuntos que sempre me pareceram indignos. Daqueles que quando fui tratar pela primeira vez na terapia precisei respirar fundo por uns 10 minutos até engolir a vergonha e o orgulho para colocar o dedo nesta ferida purulenta e irrelevante de minha existência.

Além do meu querido terapeuta, todas as inocentes criaturas que vem saindo comigo e ouvindo os relatos do meu drama têm sido convocadas a avaliar se estou muito velha para estar às voltas com meus atuais conflitos. [Que não vou detalhar aqui agora, pois não estou na vibe de me expor tanto. Se você sacou do que estou falando, parabéns. Se não sacou, paciência]

Interessantíssimo ver como tenho ouvido na mesma medida alguns:
“É, já não era mais para você estar pensando nessas coisas”
“Relaxa, sou mais velho(a) que você e ainda passo por isso”
“Velha você? Até parece! Muita coisa ainda vai acontecer na sua vida”

Com isso a lição que fica é: Se você é jovem ainda, amanhã velho será... (hehe...brincadeira.)

A lição que fica é que estar muito velha ou muito nova é apenas uma variável que depende de com quem você está tomando sua cerveja.


:)

quarta-feira, 17 de julho de 2013

E eu...o que faço com esses números?!

1 vida
Trocentos números incoerentes e inconsistentes misturados...
25 recomeços
3 esperanças perdidas (ou talvez ainda 2 e 1/2) 
A repetição do mesmo ciclo de desequilíbrio
Após uma média de 1100 manhãs de glória imaculada
(ou quase...)

quarta-feira, 10 de julho de 2013

É tudo pose

[gostaria de começar deixando claro que quando digo "nós" ou faço uso do plural no post abaixo como se falasse de algo comum a toda raça humana, estou me referindo exclusivamente a mim e discorrendo sobre conclusões que tiro com base apenas na minha própria vida]


O fato é que a natureza humana é cheia de carências. Vivemos nos agarrando a muitas coisas para taparmos  nosso vazio interno.
Todos nós, cada um à sua maneira e em maior ou menor grau, tem como objetivo primeiro da existência ser amado, querido, admirado... É isto que nos dá a sensação de preenchimento que faz valer a pena levantar a cada dia e encarar este mundo hostil de merda que nos rodeia.

Um mecanismo não muito raro e até certo ponto eficiente que temos para sustentarmos a segurança de nos sabermos "gostáveis" é ostentar uma imagem de força e convicção e exibirmos todas as nossas qualidades sempre que possível.

Apesar de ser inegável a importância de sabermos o que temos de bom, também acho que por outro lado usar isto como escudo nos momentos de frustração é uma grande armadilha. Nos torna excessivamente defendidos em momentos que talvez o melhor ou mais proveitoso para nosso crescimento pessoal seja justamente explorar nossas fragilidades ao invés de nos escondermos por trás de nossa [suposta] força.

Pelo menos isto é o que tenho compreendido paulatinamente nos últimos tempos: muitas vezes a melhor defesa não é o ataque, mas sim a rendição.
Me sinto aprendendo coisas que acho que as pessoas normais aprendem até os 5 ou 6 anos de idade. Aprendendo a chorar, a assumir muitas coisas que não sei, reconhecendo situações que não consigo manejar e me despindo desta casca grossa que me acompanhou bravamente nos últimos quase 26 anos. E, ao mesmo tempo em que isto me deixa numa vulnerabilidade extrema, também me faz entrar em contato com uma faceta até então desconhecida da minha humanidade. [Parece que foi ontem que minhas colegas de CEFAM me apelidavam de S.S. (sem sentimentos) por minha incrível capacidade de ser racional e distante em momentos de crise e vejam só o que me pego escrevendo...quase não acredito...rs]

Como eu mesma fazia até muito pouco tempo atrás, muita gente ainda se fixa na ideia de que o importante mesmo é não descer do salto, não baixar a crista (como costuma dizer minha mãe). Mas já diria Lobão "É tudo pose"....
A real é que toda mocinha alguma noite chora no travesseiro, todo machão em alguma hora tem medo da vida, toda mãe questiona sua postura com seus filhos e todo padre em algum momento teme cair em tentação, por mais que vivamos a esconder nossos calcanhares de Aquiles.
Hoje a consciência disso tem me matado e libertado em vários níveis...

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Quando eu descobri que talvez já fosse adulta

Quando eu era criança achava que seria adulta quando pudesse sair sozinha e voltar na hora que escolhesse.
Quando eu era pré adolescente achava que seria adulta aos 18 anos.
Quando fiz 18 anos achei que me sentiria adulta ao terminar a faculdade e ser efetivada no emprego.
Quando completei a faculdade e fui efetivada no emprego achei que me faltava sair da casa da minha mãe para ser adulta (infelizmente isso ainda não aconteceu).

Mesmo assim, existem momentos na vida que soam como um marco da maturidade e bate aquele sentimento de "É...ser gente grande não é fácil, mas talvez esteja pronta pra isso".

Comigo aconteceu assim...chegou um belo dia em que desejei muito e tive algo (pelo menos aparentemente) no alcance das mãos, mas disse "NÃO".
Porque disse "NÃO"? Pelo simples motivo de não haver outra resposta cabível no contexto.
É irônico que justamente quando tudo parece tão estável algo assim aconteça. Desejo e a oportunidade, estes dois amigos de temperamento forte que vivem brigando, resolveram sentar-se íntimos na mesma mesa...

Quando uma criança com cárie (daquelas que matam de dor) tem a oportunidade de comer um belo doce, certamente ela irá aproveitar a oportunidade. O que vale é realizar a vontade, satisfazer o monopólio do Id dentro de nós.

Então, mais do que ter determinada idade, ou determinado poder de decisão sobre a própria vida, talvez no fim das contas ser adulto seja isso: saber  o que fazer com este poder. Quando temos a noção de que nossa vida, apesar de nossa, toca a existência de terceiros e somos capazes de tomar uma atitude de forma completa (considerando o impacto de nossas ações não só para nós mesmos, mas para todos os lados envolvidos) é a hora em que podemos dizer: "Bye bye, adolescência! Foi bom enquanto durou!"

E é isso...o desejo disse "SIM", o bom senso disse "NÃO" e meu eu interior rolou no chão chorando e gritando como a criancinha mimada e insuportável que é. (- Beijinho, adolescência. Quem sabe não nos encontramos outra hora?)

quarta-feira, 19 de junho de 2013

E depois dos 20 centavos?!

Depois de muito tempo de descrença me parece que o discurso reclamão tão comum aos brasileiros de uma forma ainda desforme vem começando a tomar corpo.
Hoje a vitória foi grande, sem dúvida. Quem diria que seria mesmo possível revogar algo aparentemente tão definitivo quanto o aumento das passagens de ônibus?

No entanto, prevejo que amanhã virá um sentimento de ressaca. Como será depois da euforia?

Ao mesmo tempo em que se defendeu uma pauta única, clara e objetiva - a redução do valor da passagem - também houveram (muitos) momentos de catarse e de abordagem mais pelas beiradas de outros tantos temas que geram insatisfação em nosso país.
E agora que a primeira reivindicação foi atendida é necessário foco e cuidado para não cair neste sentimento carnavalesco de se deixar deslumbrar e ser enrolado pelo "sistema".
Muitas vezes ouvimos que "não é por 0,20 centavos, é por direitos". Mas, que direitos são estes?

Ainda a pouco um cidadão entrevistado na rua pelo jornal da cultura, ao ser perguntado sobre o que acha sobre as manifestações, disse "é preciso ter um limite, estas manifestações acabam atrapalhando a vida de quem não tem nada a ver com isso".
Ahhh...neste momento minha úlcera pulsou. [TODO MUNDO TEM A VER COM ISSO, PORRA! É esse sentimento de coletividade que não pode se perder!]

Por um país mais justo. Sem patriotismo, mas também sem reclamações ao vento.
Devemos ser politizados, sem que pra isso dependamos dos partidos.

Por uma política participativa e não representativa.
Nossas necessidades é o que sentimos na pele a cada dia, não a pauta de uma reunião secreta no congresso.
Vamos correr atrás por um simples motivo: merecemos felicidade e justiça.


domingo, 10 de março de 2013

Mais vale um ladrão na mão que um viciado voando?!


Tem algumas coisas que acontecem no meu dia a dia que me deixam indignada, surpresa, encafifada [nem sei qual adjetivo se encaixa melhor aqui] com os valores humanos.

Estava eu ouvindo meu sonzinho no busão voltando pra casa com a cabeça já cheia de coisa pra pensar tentando me esvaziar e não pensar em nada. Heis que um homem de uns trinta anos, não muito diferente da maioria dos que já estavam lá, passa a catraca e começa um discurso pros passageiros. De início achei que era o velho “Desculpe interromper a viajem de vocês, mas estou desempregado e bla bla bla” que eu já ouvi milhões de vezes. Aí fui percebendo que o senhor do meu lado começou a ficar impaciente e levantou do nada em direção a porta. [?]

Abaixei o volume da minha música e entendi por que o senhor ficou tão perturbado.

De certa forma era o que eu havia imaginado com uma diferença relevante: o cara era um ex-presidiário. Contou que foi preso por assalto, condenado há 8 anos em regime fechado, dos quais cumpriu pouco mais de 5 e agora está em regime semi-aberto. Rolou um impacto e tals, mas em momento nenhum me senti ameaçada, apenas prestei atenção. O cara argumentou que precisava de ajuda pra arrumar uma grana pra criar seus 3 filhos, não queria se aproveitar e ninguém, reforçou que mesmo pra pedir dinheiro no ônibus ele pagava a passagem por achar justo etc.

Ele foi quase ganhando meu respeito. Eu ia colocando a mão do bolso pra dar uma força pro rapaz. Afinal, quem sou eu pra julgar o que o cara fez sem saber o contexto da vida dele? Não tenho como saber quem, como ou porque ele realizou um assalto. Vi uma pessoa pedindo ajuda e tive um breve ímpeto de ajudar.
Breve. Pois foi aí que o cara estragou todo seu marketing bem construído.
No fim do seu pedido ele caiu na infelicidade de soltar um “Olha, pessoal, eu posso já ter feito muita coisa errada, mas nunca usei drogas (...)”.

Rá. Fiquei pasma. Peraííííí, amigão! Você faz todo um ensaio sobre “não me julguem e me ajudem” e termina com esse caôzinho de querer ser bom, só porque supostamente não usa drogas?

Tirei minha mão do bolso e aumentei o volume da música e deixei pra lá. Infelizmente não tive a nobreza de coração para ajudar uma pessoa que faz um julgamento desses.  Fiquei me perguntando o que aconteceria se um dos 3 filhos desse cara caísse nas drogas e acabasse viciado. Será que teria o apoio incondicional do pai? Sem julgamentos?

domingo, 4 de novembro de 2012

Na fronteira entre querer ser culta e ser gostosa

Hoje mais uma vez, como me acontece de forma recorrente, me bateu uma deprê daquelas baseadas na tríplice: corpo-trabalho-idade. [perigo]

Vendo uns vídeos de um site de humor qualquer comecei a pensar em como é irônico existirem pessoas (muitas vezes tão novas!) que fizeram de sua diversão o seu ganha pão.


Lembro ainda de quando entrei na faculdade cheia de sonhos e vontade de fazer a diferença na vida das pessoas e acreditando que, ao exercer minha profissão, minha satisfação seria plena.

Aí a realidade bateu e peguei muitos caminhos que não esperava.
Uma certa "maturidade" me dizendo que crescer é ver de frente a crueza da vida e saber conviver com ela sem grandes idealismos.
Acabei me estabilizando no que antes eu via como "a face vendida da minha profissão" e sendo engolida por um contexto que quase me faz sentir culpa nos momentos de felicidade. [Afinal, gente séria não mistura felicidade e trabalho. Isso é coisa de gente alienada]

Vivendo numa sociedade que supervaloriza a juventude, a beleza e a alegria... E me vejo me sentindo velha [a geração que está bombando não é a minha faz muito tempo], fora de forma e amarrada à uma atividade laboral que sufoca cada vez mais meu instinto de humanidade. É duro.


Como qualquer outra pessoa [eu acho] tenho um desejo constante e permanente de ser desejada de todas as formas existentes. Mas me perdi na escolha entre ser culta ou gostosa.

Dilema da mulher moderna que precisa atender a demanda de mercado: temos que ser bem informadas, bem-sucedidas, descoladas e bonitas. E dá-lhe leitura e malhação.

Na leitura na capengo muitas vezes por não saber no que é melhor dar foco. E por mais que acumule informação, sempre permaneço com aquela sensação de que o que era de fato importante ficou de fora.

Quanto malhação, da desgosto só de pensar. Nunca gostei, nunca fiz e cada dia que passa é maior a ideia de que é tarde demais para começar.

De certa forma quase dá uma invejinha no Doca Street quando leio o Mea Culpa. O cara viveu a melhor época da sua vida após os 40. Não era "tiozão" como os quarentões de hoje. Aproveitou ser dono de seu nariz e gozou muito da vida ao lado da mulher de sua vida. [Ok, quando ele mata a tal mulher num momento junkie e passa 10 anos na cadeia a coisa perde um pouco o glamour, mas é só uma forma exagerada de colocar] 


A questão é que eu gostaria de ter esperanças de que exista pra mim algum meio termo entre "quarentão-junkie-dos-anos-70" e "membro-da-geração-y-velha-aos-25"...


segunda-feira, 9 de abril de 2012

Nunca Estou Lá

Onde nossa vida acontece?


Hoje um amigo me perguntou o que me motiva a viver.
Pqp! Entrei na maior viagem, com aquela sensação de que qualquer pessoa no mundo poderia se esquivar dessa resposta, menos eu. Notei que por trás desse assunto tinha uma intenção, uma necessidade implícita de conforto...[não cabe agora explicar o contexto para não expor meu interlocutor]


E eu não respondi a pergunta [uma vergonha, mas é verdade]. Simplesmente porque para mim ela é impossível.


Respondendo a pergunta do começo do post, nossa vida acontece no momento presente. Como diz o ditado somos donos apenas do hoje e, por mais brega que pareça, é bem por aí.
Pensando sobre a pergunta do meu amigo comecei a pensar em como nunca estou lá onde as coisas acontecem e hoje tive muito tempo para pensar nisso [consequência do pé engessado e um atestado de 3 dias que recebi ontem].


Há três meses bati o pé num acidente doméstico e há um mês e meio comecei fisioterapia. 2 vezes por semana durante minha hora de almoço no trabalho. Para eu não perder muito tempo de trabalho, nesses dias não paro para comer. Como um lanche na mesa de trabalho mesmo, levo 15min para chegar à clínica, 1hora de sessão e 15min para voltar.
Até aí tudo certo para fazer tudo o que preciso com o mínimo de impacto para minha rotina normal. Pelo menos na teoria. Na prática perdi bem mais que meia hora do meu dia por conta da fisio.


Começo o dia já de luto pelo almoço perdido e pela correria, não me concentro no trabalho e o dia não rende. Fico na fisioterapia pensando em tudo o que poderia estar fazendo no trabalho e não faço os exercícios direito. Vou pro inglês e sou incapaz de me manter na aula pensando em como aproveitar o dia seguinte para recuperar o dia perdido e no dia seguinte lamento não ter prestado atenção na aula do dia anterior. Um ciclo terrível e inevitável.


Um gestalterapeuta diria que tenho problemas para "temporalizar". O tempo que vivo nunca é o meu.
E isso eu já sei faz tempo.


Mas será que existe uma saída?
Ou será que a resposta sobre o que me motiva é o fato de eu ser sempre o burro atrás da cenoura?

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Parabéns, Povo Baiano!

Em primeiro lugar eu não pretendo deixar a mensagem de que o povo baiano seja desonesto. Quero apenas ressaltar como a reação da população durante a greve me deixou decepcionada com a natureza humana de forma geral.


Minha postura, quando o assunto é política, é sempre o mais omissa possível. Sim, omissa.
Acredito que por mais centrada e bem intencionada que uma pessoa possa ser o poder é capaz de corrompê-la. Mesmo que alguém seja selecionado pela maioria para cuidar dos interesses gerais não significa que isso apenas garantirá ações justas para o bem comunitário.
Creio que se as pessoas de fato aprendessem a se respeitar e respeitar o mundo de forma integral (os recursos naturais, as diferenças de opinião etc.), aí sim poderíamos alcançar este ideal de justiça. Enquanto deixarmos a responsabilidades de tudo nas mãos dos políticos nunca sairemos da merda.


Infelizmente, a reação da população baiana [pois é, o post ainda é sobre isso, embora pareça que eu tenha perdido o foco] matou o último fio de esperança que eu tinha sobre a possibilidade de um mundo anarquista  como solução aos problemas da vida em sociedade.


Não estamos prontos para gozar da liberdade.


Ok que a polícia é uma entidade que existe principalmente para controle e repressão. Mas é uma profissão exercida por pessoas comuns. E trabalhamos muito (você, eu...todos nós).
Quem de fato depende do seu trabalho para sobreviver trabalha muito para quase sempre ganhar um salário insuficiente para garantir uma vida minimamente confortável.
Logo, não creio que seja errado que os policiais resolvam parar suas atividades para reivindicar salários. A greve é uma das formas mais rápidas para que uma classe trabalhadora mostrar a falta que faz seu trabalho.


No caso dos policiais o lógico seria que isso se refletisse em mais assaltos, assassinatos e tals.
Mas que foi essa reação da população?!
Nunca gostei do ditado que diz que "a ocasião faz o ladrão", no entanto, tenho que engolir em seco e dizer que é isso aí...
Mais uma vez nossa desonestidade crônica dá as caras.


O que fica de "moral da história" é que ainda precisamos de muita educação e civilidade até sermos capazes de viver com tranquilidade sem precisar de quem nos reprima.


Será que algum dia ainda seremos capazes de ser livres? Será que somos capazes de aproveitar a liberdade para algo que não seja prejudicial ao próximo?
Tenho mais dúvidas do que nunca. Tendo a acreditar que as batatas tendem ao crescimento, as pessoas não.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Geração Test Drive

Estava fazendo um relatório no trabalho, meio sem foco, meio como quem faz um brainstorm vomitando as coisas pra ajeitar depois. Perdi o foco.
Comecei a pensar na magia do Ctrl+C / Ctrl+V. Toda essa liberdade que temos de ir e vir num texto, tirar daqui pra por ali, essa rapidez para corrigir os erros que ocorram e que nos dá essa segurança de escrever quase sem pensar.


E como o fluxo do meu pensamento tem o dom de dar piruetas sem nexo fiquei pensando em como essa liberdade de errar e consertar nos tira muitas vezes a capacidade de tomar decisões definitivas.
Vivemos num ritmo em que nada é definitivo de cara. Estamos sempre fazendo um test-drive pra próxima etapa.


Veja o exemplo dos relacionamentos modernos... Os casais se ajuntam para fazer um test-drive do casamento. Ficam (do verbo ficar = uma categoria de namoro sem a obrigatoriedade de compromisso) para fazer um test-drive para um namoro mais sério e hoje em dia (que medo) os jovens "dão uns pegas" como um test-drive do ficar.


Não quero de forma alguma bancar a moralista, até porque essa coisa de puritanismo nunca me atraiu muito.
Só acho que este clima permanente de "tudo que se faz é reversível e temos total liberdade de não nos comprometermos com nada" é um tanto nocivo.
Ao mesmo tempo que acho linda a possibilidade de não perder tempo tendo que redigitar um texto inteiro por causa de uma única letra que tenha ficado faltando, me parece que a cada dia que passa nos tornamos mais incapazes de tomarmos decisão de maneira definitiva.


E pior, vejo (em mim e em pessoas ao meu redor) que perdemos gradativamente em toda esta velocidade a sensibilidade de saber o que queremos, de decifrar nossa vontade. Estamos buscando desesperadamente uma satisfação que não sabemos onde está e vivemos tentando encontrar em todos os lugares ao mesmo tempo, pulando de uma situação à outra com tanta sede que não somos capazes de aproveitar o momento presente.


Acredito que é importante segurar o ímpeto de ir na onda dessa velocidade e parar para pensar nas implicações de nossas escolhas ao invés de seguir o fluxo de fazer, ver o resultado e pensar depois.
Caso contrário passaremos a vida toda nos enforcando na corda da liberdade, tentando alcançar algo que não nos permitimos nem ao menos parar para descobrir o que é.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Marcha Contra a Corrupção

Dia 12 de outubro. Feriado.
E de uns tempos pra cá, nos feriados (principalmente os de meio de semana, que não geram emendas pra galera viajar) tem virado moda protestar.
Ok. Acho válido ter uma causa e lutar por ela. Eu mesma já fui em alguns protestos na época em que o governo de São Paulo estava em vias de fechar a escola em que eu estudava. Achei que seria injusto. Fui nas manifestações contra (só pra constar, não deu em nada).


Não gostaria de me expressar contra o protesto em si, mas sim contra o tema tão amplo e abstrato dele.
Afinal, o que é corrupção?
Quando ouvimos a palavra associamos sempre à escândalos envolvendo desvio de dinheiro público.
Porém, sabemos que vai muito além disso.
Corrupção é o ato de corromper, de se aproveitar de um recurso que não é seu, suborno, auto-favorecimento etc.
O Brasil é corrupto. E não é a política, é a cultura. A natureza do brasileiro é corrupta.
E pior, achamos isso lindo e motivo de culto.


O que é o conceito de "jeitinho brasileiro", se não uma forma de cultuar essa nossa (minha, sua e de grande parte da população) natureza corrupta?!
Quem nesse país consegue tirar uma carta de motorista sem pagar "por fora"?
Quem nunca ficou feliz em ver que recebeu troco a mais no mercado, ou algo a mais no salário e se limitou a ficar quietinho?
Quem nunca furou uma fila?
Quem nunca sou uma carteira de estudante de um terceiro?
Quem nunca passou o mês comendo marmita no trabalho para vender o VR?
Quem nunca se sentiu seduzido pela possibilidade de um cargo público estável achando que, assim, poderia não se emprenhar tanto no trabalho?
Quem nunca culpou um terceiro de algum erro que cometeu?


Seria capaz de enumerar infinitos exemplos dessa nossa amada "Lei de Gerson". (se você não sabe de onde veio essa expressão, clique aqui)
Pode parecer bobo, mas considero tudo isso como sinal de corrupção e quando vejo o tipo de manifestação que apareceu hoje no jornal, acho uma puta duma hipocrisia. Criticar a corrupção é criticar nossa própria essência. É como aquele ditado que diz que o macaco senta no próprio rabo pra falar mal do rabo do vizinho.
Sem contar o monte de gente que vai pros protesto porque acha "estiloso" pintar a cara ou segurar uma placa com nariz de palhaço. Mas isso é outra história...(vamos deixar um azedume por vez, né?).


Espero que a escolha do tema da manifestação do próximo feriado seja mais específico e espero que as pessoas aprendam que não vale nada protestar um dia e não deixar isso refletir no resto da sua vida.
Pintar a cara e votar no Tiririca não vale.

domingo, 25 de setembro de 2011

1/2

Quanto mais tento me multiplicar, mais me divido e mais me sinto pela metade.


E assim vou eu, um passo de cada vez, nesse cabo-de-guerra invisível que só eu sinto, que carrego quase como um karma secreto...


Quem foi que disse que amores em instancias diferentes não podem se atrapalhar?
Eu sou a prova viva de que podem. Mesmo depois de tanto tempo.


Parece que a maturidade (nessa instância) é complicada de atingir...(pra mim...)

domingo, 14 de agosto de 2011

Felicidade Alheia (arrogante, mas real...)

A felicidade é uma droga que precisa ser apreciada com moderação e ser feliz o tempo todo não é normal e nem saudável. 


Às vezes, me dá até uma culpa a forma como a felicidade alheia me incomoda tanto.


Mas me irrita ver como hoje em dia a felicidade é uma coisa pra ser exposta como forma de auto-afirmação.


Ser feliz está na moda.


Todo mundo tem que ter fotos de festas e viagens novas para alimentar o acervo de suas redes sociais, dá status ter histórias engraçadas pra contar e sair com o som do carro no volume máximo pra mostrar como somos bem sucedidos e sabemos gozar a vida. Quem não sabe rir alto, beber demais e ser descolado é loser.


Porém esse tipo de ostentação da própria satisfação me deixa muito desconfiada.
Acho que só é feliz o tempo todo quem é ignorante, quem se fode e ri porque acha que demonstrar frustração é sinônimo de fraqueza. (Tipo ir em show de stand-up e dar risada de piada sem graça, só porque estamos pagando e não queremos admitir que o gasto não valeu à pena)
Gente assim não sabe apreciar de forma genuína suas conquistas, porque chega um ponto que pra sustentar a alegria vale a pena se contentar com pouco.


E é essa conclusão que me deixa satisfeita por ser uma pessoa amarga (azeda, ranzinza, ou como você quiser chamar). Ser feliz não é fácil nem obrigatório. 
Ser feliz uma vez no mês é mais honroso que fingir alegria todos os dias só pra não dar o braço a torcer.


Acredito que a genuína satisfação é conquistada com esforço, após frustrações e é fruto da consciência de que o mundo é ruim, que a vida é dureza.
Esta consciência nos ajuda a enxergar de verdade o que vale a pena: nossas conquistas, nossas pequenas vitórias que devem ser comemoradas.
Muitas vezes nossa satisfação é só nossa e não há como "postar" por aí, nem deixar em exposição. Ser feliz de verdade é ter um tesouro só nosso e desfrutar dele, muitas vezes, de forma silenciosa.


Esta é a magia.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A Vida é Doce

Sabe quando você sente que sua vida está uma zona?
Não exatamente a vida de uma forma geral, mas a forma como sentimos as coisas a nossa volta...


Bom, esse é um estado que me invade de tempos em tempos. Não sei se acontece com todo mundo, mas no meu caso isso faz parte um ciclo. Um ciclo com o qual eu estabeleci uma relação meio ambígua, porque ao mesmo tempo que me angustia também trás uma energia nova e uma luz diferente em minha forma de pensar.


Neste último mês dei a sorte de vivenciar isso (mais uma vez) ao mesmo tempo em que lia a biografia do Lobão.


Juro que não poderia ter me acontecido nada melhor nem mais adequado.
Andava a beira de um ataque de nervos no trabalho, me sentindo uma trapo em vários sentidos, insegura e com medo de algumas mudanças que (ainda) acho que são inevitáveis (e todas as mudanças não são?).


Nunca tinha lido nenhuma biografia e essa me surpreendeu demais.
Quando pensava em como deveria ter sido a vida do Lobão imaginava sempre muita droga, uma rotina desregrada e alguém desgarrado de qualquer vínculo normal.
Agora me dá até uma culpa em revelar isso, porque, no fim, minha impressão foi totalmente outra.


Encontrei em cada linha, em cada passagem, em cada conflito o conforto que eu precisava para esperar com serenidade as reviravoltas da minha própria vida.
Enquanto lia, milhões de ideias me ocorriam numa intensidade que há muito não me acontecia. Pensei em vários temas que poderiam virar posts interessantíssimos, mas minha falta de foco não me permitiu desenvolver (ou melhor, registrar) nenhuma.


Depois de passar por todas aquelas 700 e poucas páginas não resisti em registrar pelo menos a dica de leitura.
Vale a pena ver como um ser-humano pode se reinventar a partir de tantas intempéries sem perder a capacidade de evoluir.
Por mais brega e piegas que possa soar minha próxima afirmação, se você precisa um empurrão pra não deixar de acreditar que vale a pena ser quem você é e que é possível dar certo numa existência repleta de mudança e conflito, taí um excelente ponto de apoio. (Quem diria que isso ia acabar virando quase uma resenha de livro de auto-ajuda?..rs)


Pra arrematar, uma dica bônus.
Acabei emendando o 50 Anos a Mil na releitura de um livrinho simples e gostoso de ler: Na Praia (Ian McEwan). É a história desgracenta da noite de núpcias de um jovem casal na década de 60 que é contada de uma forma sutil e sensível com direito a final inusitado. Apesar das duas obras não terem nada a ver entre si, por alguma razão achei que formaram um ótimo combo.
Vou ficar devendo uma explicação melhor sobre o segundo. Já me estendi demais e a preguiça já me deu uma piscadinha!
Se sobrar um tempinho extra pra leitura, aproveite!








domingo, 1 de maio de 2011

Emagrecimento...

- Meu...Estou definitivamente, infinitamente, escabrosamente...GORDA! Acho que vou começar a tocar bateria.

- Porque? O que tem a ver?

- Tava lendo no livro do Lobão que quando ele começou a tocar perdia até 2kg por show.

- Ah, mas você tem que considerar que ele emagrecia, não pelo exercício, mas pelo tanto que cheirava...

- Verdade. Então vou ter que providenciar uma farinha especial para minha dieta...

sábado, 29 de janeiro de 2011

O Rock Acabou

Ando muito velha chata, mas não dá pra não concluir isso vendo mais de meia hora diária de MTV.

Ou melhor, o rock não acabou. Aliás, se for considerar a quantidade de rock que anda sendo fabricado, podemos dizer que ele nunca esteve tão em alta. Acontece que o espírito da coisa... Ah, esse foi pras cucuias há muito tempo.

Aí, esses dias vi um cara dando uma entrevista sobre os sei-lá-quantos-anos da morte do Cazuza e falando uma coisa engraçada, mas que até faz sentido...Ele dizia que se alguém como Cazuza existisse hoje estaria escrevendo livros ou no cinema underground e se Raul Seixas fosse jovem hoje em dia faria hip-hop. Achei essa comparação sensacional (acho que foi por que fiquei pensando nisso que me deu na telha de escrever).

E é isso aí. A molecadinha que quer se meter à malvada aprende a tocar guitarra e bateria pra fazer música falando do fora que levou da loirinha bonitinha que conheceu no curso de inglês ou no fim de semana na praia. Mas eu duvido que as mães antigamente levavam os filhos menores para ver os shows do Cazuza ou da Legião (enquanto hoje até as avós levam os netos à galeria pra comprar bandana e pulseira de taxinhas).

E pra quem tem o que dizer naquele estilo antigo (sabe aquele? Reclamar das injustiças da vida, da política, do comportamento das pessoas...) fica sem ter muito pra onde correr.
Não que eu tire o mérito da dor de coração. Não existe inspiração mais universal que essa, que, hora mais hora menos, todo mundo passa. Mas temos tanta liberdade hoje em dia que é até desperdício ficar preso só nisso.

Fico pensando até que talvez seja eu a alienada... Em lugares inimagináveis teve ter muitas pessoas observando a vida e tratando do que interessa de forma divertida, interessante e diferente (deve sim, né?).

!Eu queria mesmo é saber onde esse povo se enfiou...

domingo, 9 de janeiro de 2011

2011 metas

Clichê demais fazer o primeiro post do ano sobre resoluções de reveillon. Mas não deu pra fugir.

A verdade é que não escrevo há muito tempo. Não por falta de vontade ou de inspiração. Faltou foi atitude mesmo.
Acumulei planos e mais planos em 2010. Tanta coisa rondando a cabeça ao mesmo tempo que não deu pra focar em nada.

O ano que acabou trouxe mudanças muito sutis e vontades quase sufocantes.

O fim da faculdade veio, mas não acompanhada da segurança de ter aprendido tudo o que devia. A efetivação veio, mas junto com uma vontade de "quero mais, mas não sei se posso". Insegurança total.

Comecei 2011 cheia de metas e cheia de planos para desistir.
O problema quando queremos abraçar o mundo é descobrir que nossos braços não dão conta...

Decidi que este será o ano dos cortes. Troquei pequenos sonhos por um objetivo maior e esta será minha jornada.
Nada de shows, nada de baladas, nada de cinema além da conta nem gastos desnecessários.
Até 2012 quero ter construir uma vida de adulta (seja lá o que isso quer dizer).
Terei que estudar um pouquinho mais, ganhar um tanto mais de dinheiro e não enfartar (ai, Deus!...rs).

Talvez eu aprenda a ser mais serena, talvez eu aprenda a ser mais tolerante e confiante...talvez eu aprenda algum instrumento (quem sabe?)...talvez eu cresça no trabalho ou arrume outro...

E talvez meu próximo primeiro post do ano seja uma comemoração e não uma elaboração de luto de planos remodelados.

E lá vamos nós de novo...

Feliz 2011.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

As metas que não cumpri

Retomando as metas de férias do último post...
Não completei nenhuma das leituras. Fiz 1,64 segundos de animação (com um total de 3 imagens). Não abri nenhuma apostila de excel. Não terminei nenhum relatório. Nem ao menos entrei no quartinho dos fundos, quem dirá arrumar alguma coisa.

E como me sinto com tudo isso?
Difícil explicar. Enquanto procrastinava pensei muitas vezes sobre essa cultura da produtividade que se instalou em nosso mundo.
Hoje, no meu último dia de férias vejo o quão libertador é simplesmente darmo-nos ao luxo de NÃO FAZER NADA DE ÚTIL (e, por favor, sem culpa).
As pessoas tem perdido a noção do valor do ócio (não estou falando de ócio produtivo, não. É de ócio de verdade!)...

E por coincidência (sincronicidade?) andei recebendo recentemente uma série de textos discutindo justamente essa nossa vida desesperada.

O primeiro que recebi comentava que a violência e a raiva estão ligadas a pressa, enquanto a paz e a tranquilidade estão ligadas à lentidão (lentidão que anda com a moral super em baixa). Era um texto em prol da delicadeza.

O Segundo era destinado às mulheres. Falava sobre como temos exigido cada vez mais beleza, eficiência, inteligência...em como essa dita libertação feminina na verdade é uma forma moderna de submissão. Teoria que eu assino em baixo.

E o mais recente tratava sobre como a tecnologia tem cada vez mais nos controlado. Como temos que ser capazes de fazer cada vez mais coisas simultâneamente. Como há um culto ao ser humano multifuncional...
Isso me fez até lembrar da cena do filme Pocahontas (gosto do filme, qual o problema? desmanche esse bico e continue respeitando o post!) em que o sacerdote da tribo define os homens do velho mundo como lobos famintos.

Lobos famintos...
É isso que somos (em graus que variam de pessoa pra pessoa, mas todos somos).

Há hoje uma concorrência constante entre as pessoas. Cada pessoa quer ser mais legal, mais descolada, mais bem informada, mais sagaz...quer se sobressair ao próximo de alguma forma.

Há uma supervalorização da nerdice. Se antes ser nerd era vergonhoso, hoje é quase uma obrigação. Se você não for nerd, não é inteligente. Temos que estar por dentro de todos os livros, todas as séries, todos os lançamentos tecnológicos, os filmes e discos alternativos da última semana...

Supervalorizamos o bizarro. As pessoas andam desesperadamente querendo chocar, chamar a atenção...a geração "Lady Gaga", filhos da família Restart. Somos inconscientemente exibicionistas...

Esses dias vi na MTV uma propaganda, ou sei lá o que era aquilo...uma menina de uns 14 anos falando com outras meninas sobre os truques para arrumar mais seguidores no Twitter, e como tirar a melhor foto pra jogar na internet...
Fiquei muito em pânico. Por que esse é o objetivo maior dessa nova geração: chamar a atenção, ser a mais bela, a mais especial, a mais...mais...
Nosso universo está cada vez mais limitado a dimensão do nosso umbigo.

Esse mundo moderno está cada vez mais caótico. É preciso muito cuidado pra não nos fecharmos em pensamentos tão pequenos.
Se bobearmos esqueceremos de vez o valor das pessoas e da convivência.

Só o que me resta é concordar com os 3 sábios textos que recebi.
Temos que desacelerar urgentemente!
Perder esta mania de achar que é nossa obrigação correr e produzir o tempo todo.
Não é.

De tudo isso minha conclusão é que, no fim das contas, não fazer nada foi a melhor coisa que eu poderia ter feito!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Resoluções de Começo de Semestre

Começo de ano tem sempre esse clima de "começar do zero", "hora de traçar metas" e tals...

No começo desse ano nem esquentei a cabeça com resoluções. Estava com a cabeça tão perdida em várias outras coisas que nem fazia sentido.
Mas nesse mês de julho passei por um processo quase que de "fim de ano fora de época"...rs

Metas: fazer um stopmotion de alguma música; voltar a desenhar; terminar o Walden II; Terminar O Magico de Oz; terminar O Guia do Mochileiro das Galaxias; estudar excel; finalizar as pendências de ralatório; arrumar a desordem do quartinho dos fundos (acúmulos dos últimos 5 anos ou mais)...

É...e claro que como toda boa resolução será abandonada sem 10% de realização...rs
Parei O Magico de Oz pra ler o Walden II que abandonei para ler O Guia do Mochileiro das Galaxias (sou um ser humano sem foco, o que posso fazer?).
Baixei uma apostila de excel que ainda nem vi direito e lá vou eu e minha barriga que empurra tudo o que há pela frente.

Sinto que o próximo semestre será uma grande contagem regressiva para o fim do ano.
Já ando com algumas expectativas pro começo de 2011 e lá vamos nós...Um passo pra frente e dois passos pra trás...(mas olhando pelo lado positivo, claro).

"O hoje é apenas um furo no futuro
Por onde o passado começa a jorrar
E aqui isolado onde nada é perdoado
Vi o fim chamando o princípio pra poderem se encontrar"
(Banquete de Lixo - Raul Seixas)