sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Nunca confie num cara que não durma de conchinha

Esta é a dica de hoje para as moças do meu Brasil: nunca confie em um cara que não deite de conchinha com você. Simples assim. É um detalhe, mas um detalhe pra lá de revelador.

Tudo começou quando, depois de 10 anos emendando um namoro no outro, eu decidi simplesmente viver uma adolescência fora de época e não me amarrar a ninguém por pelo menos um ano.
Não que namorar seja ruim, muito pelo contrário. Poucas coisas na vida são mais gostosas que ter alguém só pra você, companhia fixa pra sair e alguém que goste mais de você do que de qualquer outra pessoa no mundo. Por outro lado uma baguncinha de vez em quando e a liberdade de não ter a quem prestar satisfações também tem seu valor e pesa na felicidade humana...rs


Enfim, cá estou no meio de minha jornada solteirística desenferrujando este meu parco (pra não dizer nulo) poder de sedução e ousadia. E após 6 meses sem ser de ninguém, além de toda diversão, tenho levado de brinde algumas lições. Entre elas a que deu título a este post.


Tenho esbarrado numa diversidade considerável de representantes do sexo masculino e notei este denominador comum: homens que não ficam de conchinha costumam ser mais frios e indiferentes. Lembro que numa das minhas primeiras investidas disse para um rapaz meio a sério, meio em tom de piada: "só não vamos deitar de conchinha porque está muito cedo pra tanta intimidade". Mas não teve jeito, o piloto automático de meu comportamento somado a carência intrínseca de minha personalidade me fez virar, como quem não quer nada, esperando um abraço. E nada. Ainda ouvi uma piada grosseira tipo "ué, não era você que não queria ficar assim?".

Pois é, frustrou minha expectativa e adicionou mais uma camada a essa casca já bem grossa da minha insegurança.

Mas a vida continua e eu segui o bonde. Estive com outras pessoas e tal porém, sem me arriscar a me expor novamente à uma cortada dessas adotando eu a postura de frieza e indiferença. [Como se isso pudesse me proteger de alguma mágoa...tsc tsc tsc...até parece...]

Lá pelas tantas, em outra curva dessa estrada me deparo com uma situação banal... Nos conhecemos, saímos, interesse daqui, interesse de lá...com aquela consciência de que não ia dar em nada e mesmo assim com a vontade de aproveitar o que viesse. E lá fomos. Tudo muito bom, tudo muito bem. Até a hora da surpresa: aquele abraço dos mais aconchegantes, com cheirinho no cabelo, beijo...por trás, mas sem malícia. Um carinho delicado que eu já nem lembrava mais ser possível. Quase romance. [SQN]. No fim aquela sensação boa de saber que por mais que não namoremos (e nem ao menos tenhamos esta intenção), todo o carinho é bem vindo, que a pele tem necessidades, mas a alma também. 


Fiquei pensando nesses dois casos que me aconteceram depois de ver uma piada machista no Facebook. Era uma imagem de um casal deitado abraçadinhos com a legenda: Para ela: apoio para cabeça, proteção e uma boa noite de sono - Para ele: braço dormente, comendo cabelo e pau duro.

Adoraria ter achado engraçado, mas achei triste ver a intenção implícita na brincadeira de dizer aos rapazes que é ruim a tal "conchinha".


Por isso meu recado às moças. Quando um cara aceita ou se recusa a fazer isso está te passando uma mensagem muito objetiva. O que aceita e te abraça diz: Ok, isso pode até não nos levar em nada. Mesmo assim, enquanto estivermos fazendo alguma coisa juntos, tentarei ser agradável e te proteger. Por sua vez o cara que pensa mais no braço dormente do que em te dar um momento de agrado está te dando a mensagem: Já tive de você o que queria e não estou afim de passar desconforto nenhum para fazer média.

Nota aos homens: fazer média faz parte deste jogo social em que vivemos e pode até ser o gatilho para ótimas experiências sentimentais (como dizem por aí: não regule miséria!).

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O Lado Bom de Ser Pobre

Os ricos que me desculpem, mas ser pobre é muito mais legal.
Não do tipo "pobre miserável" daqueles que tem que escolher se almoça ou janta e que vive do bolsa família, mas aquele tipo de pobre meio termo.

Pobre meio termo é aquele que anda na periferia sem [muito] medo por que afinal "Nasci aqui, pô! O moleque traficante que saiu no Cidade Alerta da semana passada foi meu colega de classe na 6° série, sou acostumado a viver com gente perigosa...", é aquele que pega busão mas no fundo sabe que se fizer uma forcinha até conseguiria ter um carro ou uma motoca (a propósito, vamos combinar, chamar ônibus de busão é tipicamente pobre).
Pobre meio termo sai de uma vida toda na escola pública e entra no PROUNI... Faz faculdade paga mesmo sem ter dinheiro para a mensalidade e pode se dar ao luxo de chamar os colegas pagantes de burgueses (ironicamente ele mesmo não se sente um burguês, ainda que goste das mesmas coisas e frequente boa parte dos mesmo lugares que seus colegas "de berço").
Aliás, pobreza hoje em dia tem ficado quase chique. Dá até enjôo ver como a Globo quer meter na nossa cabeça que é cult ser da favela ou que baile funk é folclore e, sem que a gente perceba, [nós, pobres] vamos aos poucos virando atrações de um zoológico humano, vez por outra visitado pelas camadas mais abastadas da sociedade (sempre tem quem ache fofo ver os pobres em seu habitat natural).

Mesmo assim ainda acho legal ser pobre.
Não que seja maneiro viver em constante limitação financeira, mas da mesma forma que o ditado diz que "é preciso perder algo para dar-lhe valor", eu acho que quando tudo é penoso de se conseguir se torna mais especial.

Pobres são mais gratos às suas conquistas, pois cresceram sob a sombra constante da frase "Agora não, meu filho, a mamãe não tem dinheiro pra isso". Desde cedo a vida nos ensina que nada é de graça. Aprendemos a dar valor às pequenas coisas e nunca desistir de nossas decisões, principalmente as que envolvam investimento financeiro. Somos adeptos da lógica "Se paguei por isso vou até o final, não tenho dinheiro sobrando para desperdiçar desistindo".
E digo isso com conhecimento de causa. Sempre fui pobre meio termo. Em mim ficou este espírito desprendido de quem sempre teve pouco e por isso mesmo acha que o que vier é lucro.
Também aprendi a gostar mais de fazer coisas do que de possuir coisas. Afinal, os objetos ficam obsoletos, vão sempre carregar consigo um fundo de frustração. As lembranças, porém, vão ficando mais apuradas e valiosas com o passar do tempo..além do mais não ocupam espaço e não pegam poeira!

Viva a pobreza! [com ressalvas, claro...rs]

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O Batismo - meu primeiro conto

Naquele dia ela acordou com uma vontade incontrolável. Um desejo profundo que não conseguia decifrar o que era nem de onde vinha.
Ficou deitada em silêncio por alguns instantes tentando se lembrar do sonho que tivera como se nele se encerrasse o sentido daquele mal estar.
Vazio. Não vinha nada na memória.
O desejo virou angústia. A angústia rapidamente tornou-se inquietação e ela decidiu fazer algo que há muito não tentava: sair de casa.

Em primeiro lugar abriu a porta.
Aliás, isso foi a segunda atitude, pois para quem estava trancada há tanto tempo o simples ato de encontrar as chaves já fora um desafio imenso. No final da busca pelas chaves o desgaste era tanto que ela quase desistiu de sair. Saiu, no entanto.

Se assustou ao notar a mudança nos arredores.
Não que a floresta na qual vivia fosse rica de vizinhos, mas o espanto foi enorme quando ela notou que a trilha que conectava a entrada de sua pequena casa ao restante do mundo havia se apagado.

Então era isso.
O que lhe aguardava era um trabalho de bandeirante. Haveria de meter as caras naquele matagal se quisesse alguma chance de acalmar sua alma. Porém a falta de senso de direção era seu ponto fraco. Um ponto fraco que sempre a fazia desistir de ir a qualquer lugar.
Foi aí que teve uma idéia.

Não era ingênua para acreditar em contos de fada, mas aprendia muito com eles. Sabia que se bancasse a protagonista de João e Maria ficaria para sempre perdida no meio da floresta. E seria certamente um final muito pior que o do conto original, afinal ela não tinha nem ao menos esperança de encontrar uma bruxa que a alimentasse até a morte. Assim como na história, era claro que se saísse jogando pães pelo caminho não encontraria nada na volta.
Porém, do tempo em que pensara ter um incontrolável instinto suicida ela guardava, além de algumas lembranças enevoadas, um saquinho de veneno. Aquele veneno que ela por tantas vezes quase ingeriu. Depois, mesmo quando desistiu do fim prematuro, achou que seria útil guardar. Enfim o momento era aquele. Do fundo de sua imaginação fértil veio o estalo. E lá foi ela com a cara, a coragem, um pacote de pães e um punhado de chumbinho.
Começou a caminhada a passos lentos. Não sabia exatamente o sentido daquilo tudo. De repente era como se toda sua vida tivesse sido deletada de sua memória. Por mais que tentasse não era capaz de lembrar seu passado. Apesar de ter consciência de que aquela era sua casa não conseguia recordar quem era ou como chegou lá.
Sentia que de alguma forma uma caminhada a faria resgatar muitas coisas perdidas.
Andava e ia deixando pelo caminho migalhas de pão envenenado.
Cada nova árvore, cada canto de passarinho e queda d'água parecia ao mesmo tempo profundamente desconhecido e levemente familiar.
Aí veio um cansaço. Uma fadiga repentina que lhe tomou o ar e ela sentou-se em uma pedra à sombra duma árvore. Foi quando as lembranças brotaram num fluxo alucinante de sua mente, assim como jorra o sangue de uma ferida profunda. E de certa forma era bem isso... aquelas lembranças todas a feriam.
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Na tribo de onde vinha a tradição era aquela. Assim que os jovens começavam a apresentar os primeiros sinais de maturidade e autonomia eram mandados para o que era tratado por todos apenas como “cabana”. Tudo o que sabia era que os jovens desapareciam do convívio geral e algum tempo depois voltaram totalmente transformados: na forma de vestir, corte de cabelo, maneira de falar, se portar... Às vezes parecia até que tinham sofrido alguma forma de lavagem cerebral.
Seu imaginário de criança ficava encantado com aquilo. Vivia a observar que não importava quanto tempo os jovens levassem para voltar da cabana (poderia ser algumas semanas ou até mais de um ano), eles sempre eram recebidos de braços abertos e da maneira mais natural possível. Era uma espécie de rito de passagem, algo como um batismo. Mas quando criança não era capaz de entender...
Pensando em tudo isso foi retomando a caminhada sem saber onde ia dar. Se embrenhou ainda mais floresta adentro relembrando sua infância, seu crescimento...e as recordações iam aos poucos se combinando numa massa de dados que começava a querer fazer sentido.
Finalmente conseguiu compreender que a casa em que acordou era a tal cabana e que ela estava finalmente vivendo o seu batismo. Ela deveria sair pela mata e descobrir seus dotes, sua forma de explorar a floresta de maneira inteligente e em seguida voltar e agregar aquelas novas experiências aos conhecimentos da tribo. Envergonhou-se por ter demorado tanto a entender. Não lembrava há quanto tempo estava naquele estado de torpor do qual acordara, mas era capaz de imaginar que tinha sido um tempo considerável, pois era assim que seu corpo funcionava: sempre que passava por algum momento de grande ansiedade era assolada por uma insegurança profunda e um sono paralisante.
Aquele breve momento de tomada de consciência (e as horas intermináveis de sono que deveria ter dormido) a encheu de esperança e energia. Então ela decide finalmente começar seu processo de descoberta... Voltaria para a cabana, pegaria alguns pertences (cantil, foice, caderno...) e enfim descobriria quais contribuições levaria pra casa quando retornasse do seu retiro de solidão. Um mundo novo finalmente se descortinaria para ela neste seu início de vida adulta.
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Neste momento ela sente que algo está estranho e começa a ter uma intuição ruim. Náusea, tontura, sono...Seu campo de visão começa a se expandir e ela vê tudo por um ângulo superior. É capaz inclusive de ver-se lá em baixo, meio como se dormisse, com o saco de pães caído ao lado. 
Foi então que se deu conta...em seus devaneios distraiu-se. Enquanto lembrava quem era e de onde vinha, aquele vazio espiritual converteu-se em vazio físico. Fome. Sua mão enfiada no pacote de pães quase que por reflexo levou um pedaço até sua boca. Simplesmente comeu. Um pão com aquele veneno que tantas vezes ela tinha desistido de engolir. E agora havia ingerido por acidente colocando fim na história que era para estar apenas começando.
Atrás dela um rastro bizarro de aves e pequenos animais mortos que se estendia do ponto em que seu corpo se encontrava até quase a porta da cabana.
Ela entendeu, então, que nunca mais pegaria o caminho de volta.


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

E do fundo da minha caverna interior o silêncio falou alto

Me lembrei daquela cena bizarra do Clube da Luta quando o personagem principal é instruído numa hora de meditação a "visitar sua caverna interior e entrar em contato com sua força" aí o que encontra é um pinguim fofo escorregando de barriga num tobogã de gelo. [quem viu o filme entendeu, quem não viu que veja, pois vale a pena]
Me peguei pensando nisso quando eu é que estava numa caverna. E não uma caverna interior no sentido metafórico da palavra, mas numa de verdade mesmo.

Estive com um pessoal no PETAR e foi uma experiência muito significativa.
Tive oportunidade de estar num lugar mais escuro e silencioso como nem imaginava ser possível. Foi quase uma epifania. Algo como aguçar todos os meus sentidos para algumas coisas que já estavam esquecidas aqui dentro.
Acho até que deveria ser algo para que todo o ser humano fizesse. Assim como dizem que todos devem ter um filho, plantar uma árvore e essas coisas...acho que todos deveriam visitar uma caverna algum dia.

Porque lá naquele ponto onde a luz não chega o silêncio faz zunir nosso ouvidos já saturados de ruídos... E é nessa hora que podemos descobrir o que somos de verdade.

Porque o que somos não é nosso nome, não é nosso emprego, não é nossa família nem a forma como nos apresentamos às outras pessoas.
É, claro, resultado da soma de tudo isso, mas é também uma fórmula sutil que o bombardeio de estímulos ao qual estamos permanentemente expostos não nos deixa acessar.

Nós, humanos urbanizados, temos nos habituado cada vez mais profundamente com a reprodução do ciclo "trabalhar, consumir, desejar, trabalhar, consumir" indefinidamente.
Cada vez mais nos assemelhamos àquelas pessoinhas do filme Matrix que não passam de pilha para manter o mundo girando neste ciclo idiota. 

No entanto isso não nos representa. Quero dizer, isso de desejar e consumir traz uma satisfação instantânea, mas ainda assim esta satisfação não é nada se comparada ao que podemos acessar se formos buscar do lado de dentro de nós e não do lado de fora como costumamos fazer.
O que somos de verdade está por dentro, debaixo das várias camadas de cobranças, estímulos e frustrações que esta vida nos inflige.

E é aí que vejo a importância do silêncio. Algo como desligar o que está fora para o interno se manifestar.
O que somos de verdade é o que nos dá a verdadeira satisfação. Aquela que já está em nós e só precisa ser trazida à tona.

Quando ouvi o silêncio de dentro da caverna os últimos meses da minha vida passaram como um filme na minha cabeça...por um momento achei que poderia ser um sinal de que tenho claustrofobia ou coisa do tipo. Mas quando me permiti me acalmar e ouvir aquele vazio algumas coisas emergiram.
Fui tomando consciência de cada músculo (até porque a maior parte deles estava doendo pacas!), me concentrei em minha própria respiração (nunca fiz yoga, mas desconfio que seja assim que se medita) e deixei a mente voar.

Descobri que é bem aí que mora minha satisfação.
Notei como são importantes para mim estes momentos de devaneio, de esmiuçar qualquer banalidade até fazer dela a coisa mais interessante do mundo pra mim.
Entendi que a chave é esta. Meu prazer está nesta minha imaginação fértil que faz piadas sem pé nem cabeça, que se manifesta às vezes na hora mais inadequada, mas que mesmo quando me constrange é a manifestação mais genuína do que sou e gosto.
De certa forma até explica os meus ímpetos alternantes de desejo por contato e isolamento. Esta é minha forma de coletar  material e depois trabalhar nele. Como comer um grande banquete e deitar pra digerir.

E cá estou.
Digerindo estas sensações.
A chave do que gosto de verdade de fazer: acumular informações, elabora-las e de alguma forma devolver (escrevendo, conversando, dando um sermão em alguém... tanto faz).
Ainda há de me abrir muitas portas, espero.


Aliás...e você?
Já parou pra ouvir o seu silêncio?
Qual sua chave? Qual sua porta?


(Não adianta nada saber que a resposta mais importante é 42 se você nem ao menos sabe a pergunta)

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Velho ano novo, novo ano velho.



Já tem um tempo que resoluções de fim de ano não fazem muito minha cabeça. Com o passar dos anos fui vendo que esta coisa de listinha de coisas que quero fazer não surte tanto efeito quanto eu gostaria.

Agora entrei na onda do balanço e das retrospectivas. Não que isso represente algum tipo de evolução, mas se é pra se apegar, que seja a algo concreto e se há uma coisa realmente fixa e imutável  na vida, é nosso passado.

Dando uma olhadela pra trás vejo que o passado que construí em 2013...puxa vida...foi intenso e imprevisível.

No setor intelectual voltei a estudar, botei a cachola para funcionar e comecei a conhecer um mundo novo de comunicação que nem desconfiava como era fantástico e que ainda tenho muito a desbravar.

No setor afetivo me desconstruí repetidas vezes.

Me apaixonei, quebrei a cara e sofri intensamente por duas vezes. E por duas vezes tive a chance de ser reerguida por pessoas muito especiais que não me deixaram esquecer do meu valor e que me fizeram (e de um modo diferente ainda fazem) me sentir profundamente amada e confortada.

Se pudesse descrever o ano que passou em apenas uma palavra esta palavra seria: reencontro.

Reencontro com amigos antigos, amores enrustidos, com meus gostos pessoais e desejos esquecidos. Um ano de reconstrução e recomeço. Há tempos não chorava tanto em um ano, porém há tempos não dava gargalhadas tão profundas e não me envolvia tão intensamente com a vida.

Em 2014 faço 27.

Aquela mítica idade de morte dos caras fodões da música.

E só digo uma coisa: depois de 2013, se este ano quiser me levar, que fique à vontade! Não imagino que daqui pra diante vá realizar grandes coisas e estou pra mais de satisfeita com o que fui até aqui.

Não vejo o ano que se inicia como um novo começo ou essas coisas que tentam nos enfiar na cabeça em forma de esperança. Será apenas uma continuação de tudo que tem sido feito desta minha vida. Espero apenas seguir nos reencontros e manutenção de tudo o que conquistei (e já é trabalho à beça).

Pra você que me lê, uma boa sorte neste velho momento de repetir as novidades antigas que viveremos novamente.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O Carinho, o Intelecto e o Sexo - O tripé do sucesso afetivo

                Tenho ruminado já há algum tempo esta minha sensação incômoda de que sou uma pessoa sem par no mundo. E nem adianta vir me dizer que com 26 anos ainda não se viveu nada, que toda panela um dia acha sua tampa, nem nada disso. Eu tenho mesmo é me convencido de que na cozinha do mundo eu sou uma bandeja sem nenhum paninho pra improvisar.

                Por outro lado, também não posso bancar a vítima, afinal estou longe de ser uma pessoa solitária. Apesar de todas as minhas chorumelas sobre solidão e etc, não posso negar que tenho um bom círculo de convívio afetivo. Nada grudento nem simbiótico, até porque não gosto de melação. Fui criada numa família sem muitas frescuras, sem nhem nhem nhem nem muita carência. De modo geral é isto que reproduzo, mas mesmo assim sempre tem aquelas horas que bate a falta de alguém (alguém tipo um namorado, saca?).

                Então comecei a tentar decifrar por que raios minhas investidas sentimentais são tão freqüentemente desastrosas e cheguei a uma teoria.

                Recordando sobre as principais pessoas de meu histórico amoroso reparei que, se não posso dizer que algum dia fui totalmente satisfeita, também não posso dizer fui totalmente frustrada. Cheguei à conclusão que minha satisfação está sustentada por um tripé: compatibilidade afetiva, compatibilidade intelectual e compatibilidade física/sexual. Cada relacionamento que tive (seja um namoro longo ou uma ficada mais descomprometida) foi mal sucedido por se apoiar em apenas 2 (ou 1!) desses aspectos.

                A compatibilidade afetiva é aquilo que nos une aos nossos amigos, por exemplo. É aquela coisa gostosa de saber que alguém gosta de cuidar de nós e está ao nosso lado. Acho que aquela parte do discurso de casamento em que o sacerdote fala sobre estar junto “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença” etc, tem a ver com isso.

                Já compatibilidade intelectual e o que dá consistência à convivência. É o prazer mental do relacionamento. É maravilhoso sentir que nossas idéias - por mais que às vezes pareçam absurdas ou abstratas demais - são compreendidas, aceitas e até compartilhadas! Muitas vezes não damos o devido valor a este ponto, mas vejo que a longo prazo é algo de grande influência em um relacionamento.

                Compatibilidade sexual, por sua vez, é muitas vezes o gatilho de tudo. Quando isso acontece há o risco do casal virar aquela coisa mecânica de pegação 24h sem conteúdo e sem rumo [daqueles que quando a transa termina fica sem assunto]. Existem muitos casos desses por aí que estão sendo confundidos com amor, justamente porque é este o quesito que mexe com nossos sentidos, nossa percepção e nos dá uma sensação mais concreta de bem estar. Resumindo: a compatibilidade sexual com freqüência nos confunde.

                Isso faz este ponto ser, na minha opinião, o mais complexo deste conjunto. É a existência ou não deste detalhe que vai dizer se um casal é apenas amigo ou algo mais. Mesmo que não haja o coito em si [ai, que termo chulo...mas que eu adoro!...rs] existe aquele contato físico exclusivo que pode ou não acontecer a contento. Existe a cobrança social de que um casal se entenda no âmbito físico porque inconscientemente temos a idéia de que todo casal tem a função de procriar (e, pelo menos por enquanto, o modo mais comum de as pessoas procriarem ainda é pelo sexo).

                Maaaaasss...isso não quer dizer que em todo o casal que haja sexo, haja compatibilidade física. Às vezes o contato físico se torna apenas o “cumprir um protocolo social” por que a pessoa nos dá carinho e temos com ela um bom entendimento intelectual.

                   É aí que o tripé fica capenga e cai.

                Pode até parecer que sou exigente demais [talvez eu seja mesmo...], mas não existe satisfação completa se não houver um interação entre estas 3 instâncias.

                A falha que muitas vezes cometemos (pelo menos é esta a falha que notei vir cometendo desde sempre) é achar que ser atendida em apenas 2 destes quesitos bastava para ficarmos bem sem o 3°. Nenhuma combinação de 2 itens será o bastante.

                Portanto agora esta é a meta: encontrar alguém no mundo que me atenda 100% para assim viver um momento 100%. Esta é inclusive minha dica para você que está lendo este texto: não aceite nada menos que a satisfação completa. Como já disse em alguma postagem anterior: este mundo está recheado de 7 bilhões de pessoas. Alguma delas há de te atender plenamente. Tenha paciência e procure.


Boa sorte!

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O Capitalismo, O Bulling e o American Lifestyle

                Hoje no noticiário há mais um caso de jovem americano que entra na escola e toca o terror matando os colegas com a arma da família. O fator apontado como desencadeante desta atitude é nosso velho conhecido: o bulling.

                Entre um jornal e outro falando sobre o assunto me chamou a atenção uma das colegas do “assassino” dizendo que ele era um jovens doce, do tipo que faz os amigos sorrirem quando as coisas não vão bem.

                Acho interessante como mesmo atualmente sendo tão comum associar este tipo de atitude extrema ao bulling não se ouve discutir sobre o que estimula o outro lado da história, quero dizer, porque nossa juventude gosta de humilhar e rebaixar seus pares.

                Claro que é um ponto de vista muito particular meu e não me baseio em nenhuma teoria para fazer suposições... Mas acho que não é à toa que justamente nos EUA aconteça com tanta freqüência situações como esta. Justamente na nação que cultua uma vida plástica, metida a perfeitinha em que o valor das pessoas é cada vez mais ditado pelo que elas possuem.

                Vejo no tal “american lifestyle” uma eterna corrida para se encaixar ao padrão de consumo imposto pelo capitalismo vigente. Você precisa ser o descolado, consumir as marcas e produtos da moda, frequentar determinados lugares e ter as atitudes impostas pelo padrão “filmes-adolescentes-de-sessão-da-tarde”. Todos os que não se encaixam neste padrão são desviantes, hostilizados... Deixam de fazer parte da massa respeitada e admirada, tornando-se assim “merecedores” da exclusão.

                Simples assim. Quando não vejo no outro meu semelhante não me sensibilizo por ele e faço da sua derrota a minha vitória. Desumanizo o ser humano com quem convivo e por quem não aprendi a nutrir afeição.


                Quem já se sentiu excluído alguma vez sabe que não é fácil. Seja quando nos sentimos diferentes em nosso modo de vestir, falar ou pensar. Seja por não ser chamado à uma festa em que todos os amigos estarão. Seja por não ser ouvido em alguma conversa... O sentimento de estar à margem dói e a cada geração que passa ficamos menos preparados a lidar com este tipo de frustração.

                A saída?

                Às vezes parece ser entrar armado em nossa escola, matar aqueles que nos fazem sentir mal e em seguida botar fim ao nosso sentimento de exclusão.

                Enquanto notícias como esta nos fizerem apenas pensar na culpa da vítima (o assassino humilhado que foi à busca de vingança) nunca combateremos o verdadeiro mal: nossa cultura individualista que acha divertido fazer das fraquezas alheias motivo de piada afim de reafirmar nossa “superioridade”. Não podemos mais fazer de nossos semelhantes os degraus da escada de nossa auto-estima.

Um dia Bob Marley falou que “enquanto a cor da pele valer mais que o brilho dos olhos, sempre haverá guerra”.


Eu adaptaria para algo como “enquanto o que a pessoa possui e aparenta ser for mais importante que sua essência e seus sentimentos, sempre haverá bulling e assassinatos em escolas”.

domingo, 20 de outubro de 2013

Liberdade Feminina Até a Página 3

                O texto a seguir [infelizmente] foi inspirado por fatos reais. Vou contar a história de uma garota que não é difícil de encontrar semelhantes por aí. E, em respeito à quem forneceu o insight pra esta minha idéia, irei chamá-la de “Adriana”.

Pois bem.

                Adriana* é uma jovem de 18 anos, residente em uma cidade afastada da grande São Paulo, recém ingressada no ensino superior e trabalha em uma empresa de médio porte no setor administrativo. Tem um espírito sagaz, de boa vontade, fácil aprendizagem e uma simpatia meiga de jovem que está começando a descobrir a vida que se descortina à sua frente.

                Mas há um problema. Adriana tem um namorado.

                Sim. Isto é MESMO um problema. Aliás, poderia até dizer que é o maior problema de Adriana.

                Ela namora Antônio* que é alguns anos mais velho e tem uma característica que dita todo seu comportamento: ele é religioso.

                E não é que eu rejeite isso nas pessoas. Mesmo não fazendo parte da minha vida, tenho muitos amigos que seguem firmes sua fé e, no geral, eu vejo que isto faz das pessoas seres melhores. No entanto, no caso de Antônio, a coisa parece ter ficado meio distorcida.

                Do pouco que me lembro da época em que ainda freqüentava igreja e tudo mais, ficou na memória que é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. [Brincadeira!...haha. Deixe-me voltar pra linha de raciocínio inicial]

                Lembro sempre das mensagens de respeito às pessoas, de não julgamento dos erros e pecados alheios e a importância do espírito de caridade e bondade. Ainda hoje, mesmo eu não praticando mais nenhuma religião, estas lições permanecem na minha mente e tento fazer com que sejam, na medida do possível, parte do meu jeito de ser.

                Aí, recentemente, fui surpreendida por uma frase da Adriana. Ela desejava mudar o visual. Coisa de mulher: corte/pintura de cabelo e essas coisas que todas nós adoramos fazer desde que o mundo é mundo. Porém ela disse que estava quase desistindo da idéia porque Antônio não acha isso uma conduta adequada para uma “pessoa de Deus”.

                Pasmem. Em pleno século XXI, ano de 2013, depois até do fim do calendário Maia e ainda tem quem pense desta maneira. Mas não importa. Não estou aqui para falar sobre o que acho das condutas estimuladas por esta ou aquela religião. O que me frustrou profundamente foi notar que ainda hoje existem garotas que se deixem comandar assim por seus companheiros.

                Vejo que vivemos num momento ambíguo. Mesmo após se passarem mais de 40 anos da tal queima de sotiens muitas mulheres, ainda que instruídas e com todo potencial para a autonomia, se permitem ficar na dependência de um homem.         

                Ok que hoje existe liberdade para que a mulher se imponha como chefe de família, que trabalhe para lutar por seu lugar na sociedade e no mercado de trabalho. Mas porque será que me mesmo assim ainda existem casos como o de Adriana?

                Eu tenho um palpite. Isso acontece porque a libertação feminina veio apenas pela metade. Chamamos de liberdade o que não passa de independência financeira. E o pior é que muitas vezes nem a independência financeira é assim tão plena, visto que tantas mulheres infelizes não abandonam seus homens por saberem não ser capazes de se bancar sozinhas.

                Acredito que o que ainda aprisiona a mulherada por aí é algo mais sutil, mais nocivo e difícil de combater. Chama-se dependência afetiva. E isso tanto homens quanto mulheres podem desenvolver. É aquele sentimento de que nosso valor é determinado pela avaliação do outro. É uma necessidade de ter sempre alguém a nos dizer que somos bonitos, engraçados, inteligentes, agradáveis... Em resumo: que somos queridos.

                E todos temos dentro de nós aquele ingrediente que serve de fermento pra dependência afetiva: insegurança. Aquele medo de perder quem nos admira e nos ama (ou assim nos faz crer) só cria forças quando se apóia na idéia de que ninguém mais será capaz de reconhecer nossas qualidades ou será capaz de nos amar e cuidar.

                Mas que grande armadilha isso vira!

                Adrianas do meu Brasil, eu entendo o medo da solidão e a dificuldade de mandar à merda os Antônios que aparecem e nos tornam dependentes e fragilizadas. Porém não percam de vista as preciosas informações abaixo:

- O mundo tem atualmente mais de 7 bilhões de pessoas. Cada uma destas pessoas tem suas particularidades e muitas delas (muitas mesmo!) pensam e sentem como você e seriam capazes de te amar e admirar do jeitinho que você é;

- Apesar de vermos na mídia o tempo todo celebridades aparentemente perfeitas a maioria da população é comum, assim como as pessoas que encontramos todos os dias no trabalho, padaria e ônibus. Não tenha medo de não ser perfeito. Gente de verdade busca gente de verdade, independente do que revistas, novelas e afins insistem em enfiar em nossa cabeça como padrão;

- A única conduta proibida é aquela que visa prejudicar outras pessoas, todo o resto tá valendo. Seu corpo é a casa da sua alma e você pode decorá-la da forma que quiser: pode tatuar, usar piercing, raspar o cabelo, pintar o cabelo verde... Foda-se! A probabilidade de que haja um criador te julgando por sua aparência e te riscando da lista de filhos amados só porque você mudou algum detalhe é muito remota;

- Ame-se. Não há nada mais cativante e magnético do que a vibração de alguém que se curta.

E aos Antônios que andam soltos por aí: este tipo de atitude desnecessariamente conservadora não colabora para ganhar tijolinhos para a casa de vocês no céu. :P


*nome fictício para mantermos o mínimo de privacidade aos personagens.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A Humanidade é Desumana?

A humanidade é desumana?
Acho que não. Mas a modernidade fatalmente o é.
O texto a seguir foi escrito em menos de 10 minutos, de uma tacada só, enquanto eu esperava o início de um treinamento que fui realizar pela empresa em um prédio fino em uma região nobre de São Paulo.

Eu: jovem, relativamente inteligente e pós graduanda... Fui subjugada por um elevador. Pois é.

Sempre soube que eu pendo bem mais para o time dos tradicionais [quase no time dos ultrapassados resistentes à mudanças...rs] do que para o time modernos. Não gosto de frescuras que julgo desnecessárias... Não sou uma aficionada por tecnologia (como a maior parte da minha geração é) e simplesmente abomino ambientes que exijam que me vista de modo muito fino.
Porém, também não sou uma rebelde completa e entendo perfeitamente que na sociedade em que vivemos é necessário muitas vezes dançar conforme a música deste "baile de máscaras" em que somos inseridos (ainda que não tenhamos gosto ou prática com a música).

Portanto, esta manhã, lá estava eu com minha fantasia completa: meu belo sapato de couro modelo oxford (já que odeio saltos este é o único modelo que ainda acho capaz de me conferir elegância, estilo e um mínimo de conforto), calça preta bem cortada (um achado de mais de 5 anos atrás comprado na Renner a um precinho camaradíssimo), minha camisa social preferida num sóbrio tom verde exército estrategicamente dobrada até os cotovelos (para conferir um ar despojado mas não informal demais) e um colete preto para arrematar (adquirido num camelô de santo amaro pelo impressionante valor de R$ 25!).
Minha indumentária de forma alguma transparecia sua humildade (nem a minha!) e cumpriu muito bem a função de me camuflar naquele ambiente que definitivamente não era o meu.

Com a fantasia acima descrita chego num saguão imenso com uma infinidade de elevadores e me posiciono aleatoriamente diante de um deles. O elevador abre as portas a minha frente e apenas eu e uma outra moça entramos nele.
Estranhei... Afinal, o hall estava abarrotado de gente.
Em poucos segundos desembarco no 26° andar. 
Putz! Mas meu andar era o 20°!
Só nesta hora me dou conta que o único botão existente dentro do elevador é o de emergência (?)
Pra minha sorte a moça que esteve comigo, muito gentilmente, me explica o procedimento: devo digitar em uma tela ao lado do elevador no térreo o número do andar desejado e esta tela me indicará a porta do elevador correto.
Do 26° andar, onde parei por acidente, não tinha autorização para descer os 6 que me separavam do 20° que era meu destino. Então desci até o térreo, recebi a orientação da máquina e embarquei em um elevador vazio mesmo com o saguão ainda cheio de pessoas aguardando.

Fiquei pensando no quão nonsense é este procedimento... Pensei até no empobrecimento das relações sociais cotidianas que podemos associar a isto.

Ok. Se você me conhece pessoalmente vai estranhar que logo eu levante esta questão.
Admito que fui ao treinamento de ônibus por não gostar de papo de taxista. Também admito que muitas vezes já fingi dormir no ônibus pra não conversar com ninguém e que vira e mexe finjo estar ouvindo música com o mp3 desligado apenas pra ter uma desculpa para ignorar algum conhecido que queira puxar papo.

Tenho uma veia "anti-social" fortíssima. Mas acima de tudo valorizo a liberdade. Tanto a de ser, como a de não ser anti-social.
Entendo perfeitamente que em um edifício tão grande quanto o que eu visitei necessite de um procedimento que desafogue e organize a circulação de pessoas. Porém toda esta "evolução de procedimento" me entristeceu. Me lembrei do que Inácio de Loyola Brandão descreve assustadoramente no livro Não Verás País Nenhum, quando mostra que o crescimento desordenado da população obriga o governo a estabelecer o horário em que cada cidadão sairá de casa a fim de evitar caos e superlotação nas vias públicas o que acaba gerando um sentimento de isolamento e desconfiança constante em quem circula nas ruas.

Puxa vida...será que é para este destino que estamos sutilmente nos encaminhando?
A humanidade se desumanizará a tal ponto?
Medo...

terça-feira, 15 de outubro de 2013

A vida e a montanha russa

Adoro parques de diversão. Não consigo explicar a euforia que me toma a cada vez que visito um... Sinto sempre como se fosse a primeira vez. E, de todos os brinquedos, o que mais me encanta é a montanha russa.

Nunca consegui entender direito de onde vem meu fascínio por este brinquedo, ainda mais considerando que tenho verdadeiro pavor de altura. Até que, há alguns dias, finalmente entendi a grande lição de vida que este brinquedo me ensina.

Pra mim, aproveitar a montanha russa é sempre um ritual de amor e ódio, de excitação, medo e prazer.

Primeiro vem a coragem, quando a fila quilométrica [clássica em toda montanha russa que se preze] me impede de captar a dimensão da primeira queda. Depois vem a ansiedade crescente de ir aos poucos notando que o brinquedo é maior do que parecia olhando do fim da fila. Com o a aproximação a ansiedade se converte em medo e se une a necessidade de auto-afirmação da coragem inicial (afinal, depois que encaramos toda a espera até o momento de finalmente sentar no carrinho, pega super mal desistir na hora “H”, né?...rs). Por fim, meu momento preferido do processo: descer do brinquedo de perna bamba, inundada de adrenalina e pensando “Caralho! Que sensação fantástica! No final das contas nem foi tão terrível assim... Haha... Sou foda!”


Da mesma maneira que tenho medo de altura, tenho medo de uma infinidade de outras coisas. Nem todas merecem tanta atenção, eu sei, mesmo assim ainda tenho meus medos bobos e paralisantes.
E é aí que enxergo o que há em comum entre viver e dar um rolê de montanha russa...

Sempre vai haver aquele problema ou situação que decidimos encarar e que vai se mostrando maior a cada passo que damos na direção de seu enfrentamento. No momento crucial de um conflito quantas vezes temos o ímpeto de “fugir da raia”, mas o orgulho nos impede de fraquejar? Então, no momento em que a coisa se resolve, vem a mesma onda maravilhosa e quase orgástica de adrenalina.

E o que fica de lição é isso: a vida vai nos testar em muitos momentos e desejaremos evitar a queda vertiginosa de enfrentar o que nos desconcerta... Mas enquanto nos mantivermos firmes (não SEM o medo, mas APESAR dele) o desfecho tenderá sempre a uma explosão de satisfação e consciência de que nem sempre o bicho papão é tão feio quanto pinta nossa fantasia.

domingo, 15 de setembro de 2013

Saudade x Nostalgia

Você prefere sentir saudade ou nostalgia?
[O quê? Você acha que as 2 palavras significam a mesma coisa?...hummm...do meu ponto de vista não é bem por aí...]

Esses dias me perguntaram se eu tenho medo de sentir saudade. De cara achei que sim, me veio logo na memória uma música do Móveis Coloniais de Acaju que eu adoro e usa a expressão "sádica saudade". Dá uma ideia de tortura, não dá? Por outro lado também acho que existe um sentimento que é como uma falta gostosa, carinhosa...

Então, em um dos últimos episódios de Mad Men que assisti, fui presenteada por uma daquelas falas que fazem meu pensamento voar longe, justamente sobre este sentimento de falta. Porém sem usar a palavra saudade, mas sim a palavra nostalgia (não podemos esquecer que saudade é uma palavra que só existe na língua portuguesa).
No episódio em questão Don descreve o sentimento de nostalgia como "a dor de uma ferida antiga, uma pontada no  coração mais forte que a recordação em si".

Fazendo um contraponto a esta definição, no último CD que lançou, Emicida diz em uma música "saudade, que é sentir fome com a alma". No mesmo momento em que ouvi isso senti um nó na garganta. Esta frase me veio em momento em que minha alma estava de fato faminta (e não vem ao caso por que).

Passei dias ruminando estas duas palavrinhas. Pensando nos últimos acontecimentos da minha vida...

Me lembro de uma pessoa ter me dito há algum tempo que adorava conversar comigo por notar o cuidado que tenho ao escolher as palavras que uso. Como se cada palavra tivesse que ser escolhida com atenção para que a pessoa com quem converso consiga captar a fundo a ideia e o sentimento que estou tentando transmitir.
E, de fato, eu faço mesmo isso. Sou capaz de perder minutos além do comum na produção de um texto, ou mesmo para mandar uma mensagem banal de celular, apenas por ficar analisando o efeito que acredito que cada palavra poderá ter.
É como se minhas ideias fossem receitas e as palavras fossem ingredientes escolhidos a dedo. Como se o "prato de minhas ideias" pudessem ficar mais ou menos apetitosos dependendo do sabor das palavras escolhidas [e o preparo destas "receitas" me dá um prazer incrível, exatamente como o prazer que tenho a cada vez que estou cozinhando de verdade para alguém que gosto].

Mas, voltando à nostalgia e à saudade... Independente do que o dicionário possa trazer como definição para estas palavras, formulei dentro de mim uma fronteira particular entre elas.

Pra mim, nostalgia é como uma pontada por algo que poderia ter sido. A falta de um passado não vivido, uma vontade não satisfeita que deixa no peito m espaço vago que nunca poderá ser preenchido.
Enquanto saudade é como um desejo louco de reviver um momento, justamente a tal fome da alma. A memória enraizada de uma grande satisfação do passado que não irá mais se repetir.

Entre as duas prefiro a saudade.
Se é pra sofrer e sentir falta, pelo menos que seja de algo que foi real em algum momento, né?

Como diria Projota: "Essa vida é uma coleção de saudades. Pelo menos a minha é. Um trem sem marcha ré".

E se o trem da vida não tem marcha ré, façamos o máximo para levar de cada estação uma mala cheia de saudades gostosas...

domingo, 11 de agosto de 2013

Medo de dirigir...a própria vida.

Dentre os tantos rituais instituídos em minha vida, um deles consiste em me afundar em seriados nos períodos de solidão.
E o seriado da vez é Mad Men.

Ainda não entendi muito bem o que nele me encantou. Pode ter sido toda a beleza dos anos 60, com suas mulheres de saias rodadas, os homens de cabelo impecavelmente penteados ou o charme irresistível do M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O protagonista Don Draper que consegue reunir ao mesmo tempo características de um total cafajeste ao trato do mais perfeito cavalheiro.

Enfim...encantamentos à parte, existem muitos diálogos da série que conseguem atravessar horas reverberando em minha mente. Recentemente fiquei muito impactada com uma fala dita no meio de uma discussão entre Don e uma de suas... digamos assim “peguetes”.

Após um dia de notícias péssimas no trabalho, de tomar um gelo de sua amante preferida e de não estar a fim de retornar ao conforto do lar com seus lindos filhos e sua bela esposa-dedicada-loira-dos-olhos-azuis [pois é, é duro agradar o Don...rs] ele procura a tal peguete (como “peguete” neste contexto entenda-se por uma cliente de sua empresa com quem ele mantém um flerte, mas ainda sem uma rotina de intercursos sexuais que justifique a classificação dela como amante).
Pois bem, depois deste dia de cão ele junta suas economias e procura por esta mulher propondo que fujam para outro país e recomecem suas vidas juntos (ahhh...que invejinha!...rs).

Mas para meu espanto, num ato de dignidade ímpar a tal donzela recusa o convite com a frase: - Oh, Don... Isso foi um namorico, um caso barato... Você não quer fugir comigo, quer apenas fugir.



Uau! A primeira vez que vi a cena saquei do celular e salvei esta frase nos meus rascunhos. Achei fantástico.
Quantas vezes não fazemos como o Don?

Uma pessoa recentemente me disse “cuidado, poucos sentimentos nos confundem mais do que o medo de ficar sozinho”.  Fato

Posso estar fazendo uma generalização errada, mas acredito que todo mundo em algum momento da vida [por medo de assumir algum risco sozinho, por falta de autonomia ou outra coisa do gênero] se escora em alguém que não é exatamente nossa primeira opção, mas é o que está a nosso dispor. Isso é muito feio, [tentem não fazer isso, crianças] mas acho que, sei lá... é inevitável, né?

A presença do outro [seja quem for este outro] nos dá um chão mais firme, uma segurança.

E este é o ponto do texto em que mudo totalmente de assunto e mostro mais uma vez que não tenho foco...rs. Porque na verdade não quero falar sobre essa mania de nos escorarmos nos outros, mas no medo... ou melhor, na necessidade de segurança e de controle dos riscos.

Sim. Esta temática que povoa minha terapia há 5 meses. Cinco. Meses.

Há 5 meses eu vou todas as sextas-feiras à noite ouvir de um senhor com idade para ser meu pai que eu não preciso ser perfeita, que eu me exijo demais e que não dá para ter o controle sob todas as situações da vida. E mesmo assim eu quero controlar. Tudo.

Mas o pior, tenho notado como e quanto esta obsessão por controle me emburrece e me impede de ser mais feliz e evoluir. Notei que simplesmente não consigo aprender inglês, tocar violão, dirigir etc... por mero medo do erro e da quebra dessa tal perfeição [que, veja só a ironia!, está me condenando a uma mediocridade ridícula].

Quando o assunto era aprender a dirigir, sempre achei que meu medo era concretamente do volante, mas vejo agora que meu medo real é algo mais subjetivo. É um medo de dirigir minha própria vida. Sim. O ápice da bundamolagem.
Vivi por muito tempo sob um medo constante de cometer pequenas falhas, de passar pequenas vergonhas e fui me privando de muitas experiências e aprendizagens.

O bom é que, ao que me consta, tomar consciência é o primeiro passo...rs.


Então só me resta dizer: Risco, erros e pequenas vergonhas... me aguardem que aí vou eu! Hahahaha...