domingo, 12 de fevereiro de 2012

Parabéns, Povo Baiano!

Em primeiro lugar eu não pretendo deixar a mensagem de que o povo baiano seja desonesto. Quero apenas ressaltar como a reação da população durante a greve me deixou decepcionada com a natureza humana de forma geral.


Minha postura, quando o assunto é política, é sempre o mais omissa possível. Sim, omissa.
Acredito que por mais centrada e bem intencionada que uma pessoa possa ser o poder é capaz de corrompê-la. Mesmo que alguém seja selecionado pela maioria para cuidar dos interesses gerais não significa que isso apenas garantirá ações justas para o bem comunitário.
Creio que se as pessoas de fato aprendessem a se respeitar e respeitar o mundo de forma integral (os recursos naturais, as diferenças de opinião etc.), aí sim poderíamos alcançar este ideal de justiça. Enquanto deixarmos a responsabilidades de tudo nas mãos dos políticos nunca sairemos da merda.


Infelizmente, a reação da população baiana [pois é, o post ainda é sobre isso, embora pareça que eu tenha perdido o foco] matou o último fio de esperança que eu tinha sobre a possibilidade de um mundo anarquista  como solução aos problemas da vida em sociedade.


Não estamos prontos para gozar da liberdade.


Ok que a polícia é uma entidade que existe principalmente para controle e repressão. Mas é uma profissão exercida por pessoas comuns. E trabalhamos muito (você, eu...todos nós).
Quem de fato depende do seu trabalho para sobreviver trabalha muito para quase sempre ganhar um salário insuficiente para garantir uma vida minimamente confortável.
Logo, não creio que seja errado que os policiais resolvam parar suas atividades para reivindicar salários. A greve é uma das formas mais rápidas para que uma classe trabalhadora mostrar a falta que faz seu trabalho.


No caso dos policiais o lógico seria que isso se refletisse em mais assaltos, assassinatos e tals.
Mas que foi essa reação da população?!
Nunca gostei do ditado que diz que "a ocasião faz o ladrão", no entanto, tenho que engolir em seco e dizer que é isso aí...
Mais uma vez nossa desonestidade crônica dá as caras.


O que fica de "moral da história" é que ainda precisamos de muita educação e civilidade até sermos capazes de viver com tranquilidade sem precisar de quem nos reprima.


Será que algum dia ainda seremos capazes de ser livres? Será que somos capazes de aproveitar a liberdade para algo que não seja prejudicial ao próximo?
Tenho mais dúvidas do que nunca. Tendo a acreditar que as batatas tendem ao crescimento, as pessoas não.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Geração Test Drive

Estava fazendo um relatório no trabalho, meio sem foco, meio como quem faz um brainstorm vomitando as coisas pra ajeitar depois. Perdi o foco.
Comecei a pensar na magia do Ctrl+C / Ctrl+V. Toda essa liberdade que temos de ir e vir num texto, tirar daqui pra por ali, essa rapidez para corrigir os erros que ocorram e que nos dá essa segurança de escrever quase sem pensar.


E como o fluxo do meu pensamento tem o dom de dar piruetas sem nexo fiquei pensando em como essa liberdade de errar e consertar nos tira muitas vezes a capacidade de tomar decisões definitivas.
Vivemos num ritmo em que nada é definitivo de cara. Estamos sempre fazendo um test-drive pra próxima etapa.


Veja o exemplo dos relacionamentos modernos... Os casais se ajuntam para fazer um test-drive do casamento. Ficam (do verbo ficar = uma categoria de namoro sem a obrigatoriedade de compromisso) para fazer um test-drive para um namoro mais sério e hoje em dia (que medo) os jovens "dão uns pegas" como um test-drive do ficar.


Não quero de forma alguma bancar a moralista, até porque essa coisa de puritanismo nunca me atraiu muito.
Só acho que este clima permanente de "tudo que se faz é reversível e temos total liberdade de não nos comprometermos com nada" é um tanto nocivo.
Ao mesmo tempo que acho linda a possibilidade de não perder tempo tendo que redigitar um texto inteiro por causa de uma única letra que tenha ficado faltando, me parece que a cada dia que passa nos tornamos mais incapazes de tomarmos decisão de maneira definitiva.


E pior, vejo (em mim e em pessoas ao meu redor) que perdemos gradativamente em toda esta velocidade a sensibilidade de saber o que queremos, de decifrar nossa vontade. Estamos buscando desesperadamente uma satisfação que não sabemos onde está e vivemos tentando encontrar em todos os lugares ao mesmo tempo, pulando de uma situação à outra com tanta sede que não somos capazes de aproveitar o momento presente.


Acredito que é importante segurar o ímpeto de ir na onda dessa velocidade e parar para pensar nas implicações de nossas escolhas ao invés de seguir o fluxo de fazer, ver o resultado e pensar depois.
Caso contrário passaremos a vida toda nos enforcando na corda da liberdade, tentando alcançar algo que não nos permitimos nem ao menos parar para descobrir o que é.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Marcha Contra a Corrupção

Dia 12 de outubro. Feriado.
E de uns tempos pra cá, nos feriados (principalmente os de meio de semana, que não geram emendas pra galera viajar) tem virado moda protestar.
Ok. Acho válido ter uma causa e lutar por ela. Eu mesma já fui em alguns protestos na época em que o governo de São Paulo estava em vias de fechar a escola em que eu estudava. Achei que seria injusto. Fui nas manifestações contra (só pra constar, não deu em nada).


Não gostaria de me expressar contra o protesto em si, mas sim contra o tema tão amplo e abstrato dele.
Afinal, o que é corrupção?
Quando ouvimos a palavra associamos sempre à escândalos envolvendo desvio de dinheiro público.
Porém, sabemos que vai muito além disso.
Corrupção é o ato de corromper, de se aproveitar de um recurso que não é seu, suborno, auto-favorecimento etc.
O Brasil é corrupto. E não é a política, é a cultura. A natureza do brasileiro é corrupta.
E pior, achamos isso lindo e motivo de culto.


O que é o conceito de "jeitinho brasileiro", se não uma forma de cultuar essa nossa (minha, sua e de grande parte da população) natureza corrupta?!
Quem nesse país consegue tirar uma carta de motorista sem pagar "por fora"?
Quem nunca ficou feliz em ver que recebeu troco a mais no mercado, ou algo a mais no salário e se limitou a ficar quietinho?
Quem nunca furou uma fila?
Quem nunca sou uma carteira de estudante de um terceiro?
Quem nunca passou o mês comendo marmita no trabalho para vender o VR?
Quem nunca se sentiu seduzido pela possibilidade de um cargo público estável achando que, assim, poderia não se emprenhar tanto no trabalho?
Quem nunca culpou um terceiro de algum erro que cometeu?


Seria capaz de enumerar infinitos exemplos dessa nossa amada "Lei de Gerson". (se você não sabe de onde veio essa expressão, clique aqui)
Pode parecer bobo, mas considero tudo isso como sinal de corrupção e quando vejo o tipo de manifestação que apareceu hoje no jornal, acho uma puta duma hipocrisia. Criticar a corrupção é criticar nossa própria essência. É como aquele ditado que diz que o macaco senta no próprio rabo pra falar mal do rabo do vizinho.
Sem contar o monte de gente que vai pros protesto porque acha "estiloso" pintar a cara ou segurar uma placa com nariz de palhaço. Mas isso é outra história...(vamos deixar um azedume por vez, né?).


Espero que a escolha do tema da manifestação do próximo feriado seja mais específico e espero que as pessoas aprendam que não vale nada protestar um dia e não deixar isso refletir no resto da sua vida.
Pintar a cara e votar no Tiririca não vale.

domingo, 25 de setembro de 2011

1/2

Quanto mais tento me multiplicar, mais me divido e mais me sinto pela metade.


E assim vou eu, um passo de cada vez, nesse cabo-de-guerra invisível que só eu sinto, que carrego quase como um karma secreto...


Quem foi que disse que amores em instancias diferentes não podem se atrapalhar?
Eu sou a prova viva de que podem. Mesmo depois de tanto tempo.


Parece que a maturidade (nessa instância) é complicada de atingir...(pra mim...)

domingo, 14 de agosto de 2011

Felicidade Alheia (arrogante, mas real...)

A felicidade é uma droga que precisa ser apreciada com moderação e ser feliz o tempo todo não é normal e nem saudável. 


Às vezes, me dá até uma culpa a forma como a felicidade alheia me incomoda tanto.


Mas me irrita ver como hoje em dia a felicidade é uma coisa pra ser exposta como forma de auto-afirmação.


Ser feliz está na moda.


Todo mundo tem que ter fotos de festas e viagens novas para alimentar o acervo de suas redes sociais, dá status ter histórias engraçadas pra contar e sair com o som do carro no volume máximo pra mostrar como somos bem sucedidos e sabemos gozar a vida. Quem não sabe rir alto, beber demais e ser descolado é loser.


Porém esse tipo de ostentação da própria satisfação me deixa muito desconfiada.
Acho que só é feliz o tempo todo quem é ignorante, quem se fode e ri porque acha que demonstrar frustração é sinônimo de fraqueza. (Tipo ir em show de stand-up e dar risada de piada sem graça, só porque estamos pagando e não queremos admitir que o gasto não valeu à pena)
Gente assim não sabe apreciar de forma genuína suas conquistas, porque chega um ponto que pra sustentar a alegria vale a pena se contentar com pouco.


E é essa conclusão que me deixa satisfeita por ser uma pessoa amarga (azeda, ranzinza, ou como você quiser chamar). Ser feliz não é fácil nem obrigatório. 
Ser feliz uma vez no mês é mais honroso que fingir alegria todos os dias só pra não dar o braço a torcer.


Acredito que a genuína satisfação é conquistada com esforço, após frustrações e é fruto da consciência de que o mundo é ruim, que a vida é dureza.
Esta consciência nos ajuda a enxergar de verdade o que vale a pena: nossas conquistas, nossas pequenas vitórias que devem ser comemoradas.
Muitas vezes nossa satisfação é só nossa e não há como "postar" por aí, nem deixar em exposição. Ser feliz de verdade é ter um tesouro só nosso e desfrutar dele, muitas vezes, de forma silenciosa.


Esta é a magia.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A Vida é Doce

Sabe quando você sente que sua vida está uma zona?
Não exatamente a vida de uma forma geral, mas a forma como sentimos as coisas a nossa volta...


Bom, esse é um estado que me invade de tempos em tempos. Não sei se acontece com todo mundo, mas no meu caso isso faz parte um ciclo. Um ciclo com o qual eu estabeleci uma relação meio ambígua, porque ao mesmo tempo que me angustia também trás uma energia nova e uma luz diferente em minha forma de pensar.


Neste último mês dei a sorte de vivenciar isso (mais uma vez) ao mesmo tempo em que lia a biografia do Lobão.


Juro que não poderia ter me acontecido nada melhor nem mais adequado.
Andava a beira de um ataque de nervos no trabalho, me sentindo uma trapo em vários sentidos, insegura e com medo de algumas mudanças que (ainda) acho que são inevitáveis (e todas as mudanças não são?).


Nunca tinha lido nenhuma biografia e essa me surpreendeu demais.
Quando pensava em como deveria ter sido a vida do Lobão imaginava sempre muita droga, uma rotina desregrada e alguém desgarrado de qualquer vínculo normal.
Agora me dá até uma culpa em revelar isso, porque, no fim, minha impressão foi totalmente outra.


Encontrei em cada linha, em cada passagem, em cada conflito o conforto que eu precisava para esperar com serenidade as reviravoltas da minha própria vida.
Enquanto lia, milhões de ideias me ocorriam numa intensidade que há muito não me acontecia. Pensei em vários temas que poderiam virar posts interessantíssimos, mas minha falta de foco não me permitiu desenvolver (ou melhor, registrar) nenhuma.


Depois de passar por todas aquelas 700 e poucas páginas não resisti em registrar pelo menos a dica de leitura.
Vale a pena ver como um ser-humano pode se reinventar a partir de tantas intempéries sem perder a capacidade de evoluir.
Por mais brega e piegas que possa soar minha próxima afirmação, se você precisa um empurrão pra não deixar de acreditar que vale a pena ser quem você é e que é possível dar certo numa existência repleta de mudança e conflito, taí um excelente ponto de apoio. (Quem diria que isso ia acabar virando quase uma resenha de livro de auto-ajuda?..rs)


Pra arrematar, uma dica bônus.
Acabei emendando o 50 Anos a Mil na releitura de um livrinho simples e gostoso de ler: Na Praia (Ian McEwan). É a história desgracenta da noite de núpcias de um jovem casal na década de 60 que é contada de uma forma sutil e sensível com direito a final inusitado. Apesar das duas obras não terem nada a ver entre si, por alguma razão achei que formaram um ótimo combo.
Vou ficar devendo uma explicação melhor sobre o segundo. Já me estendi demais e a preguiça já me deu uma piscadinha!
Se sobrar um tempinho extra pra leitura, aproveite!








domingo, 1 de maio de 2011

Emagrecimento...

- Meu...Estou definitivamente, infinitamente, escabrosamente...GORDA! Acho que vou começar a tocar bateria.

- Porque? O que tem a ver?

- Tava lendo no livro do Lobão que quando ele começou a tocar perdia até 2kg por show.

- Ah, mas você tem que considerar que ele emagrecia, não pelo exercício, mas pelo tanto que cheirava...

- Verdade. Então vou ter que providenciar uma farinha especial para minha dieta...

sábado, 29 de janeiro de 2011

O Rock Acabou

Ando muito velha chata, mas não dá pra não concluir isso vendo mais de meia hora diária de MTV.

Ou melhor, o rock não acabou. Aliás, se for considerar a quantidade de rock que anda sendo fabricado, podemos dizer que ele nunca esteve tão em alta. Acontece que o espírito da coisa... Ah, esse foi pras cucuias há muito tempo.

Aí, esses dias vi um cara dando uma entrevista sobre os sei-lá-quantos-anos da morte do Cazuza e falando uma coisa engraçada, mas que até faz sentido...Ele dizia que se alguém como Cazuza existisse hoje estaria escrevendo livros ou no cinema underground e se Raul Seixas fosse jovem hoje em dia faria hip-hop. Achei essa comparação sensacional (acho que foi por que fiquei pensando nisso que me deu na telha de escrever).

E é isso aí. A molecadinha que quer se meter à malvada aprende a tocar guitarra e bateria pra fazer música falando do fora que levou da loirinha bonitinha que conheceu no curso de inglês ou no fim de semana na praia. Mas eu duvido que as mães antigamente levavam os filhos menores para ver os shows do Cazuza ou da Legião (enquanto hoje até as avós levam os netos à galeria pra comprar bandana e pulseira de taxinhas).

E pra quem tem o que dizer naquele estilo antigo (sabe aquele? Reclamar das injustiças da vida, da política, do comportamento das pessoas...) fica sem ter muito pra onde correr.
Não que eu tire o mérito da dor de coração. Não existe inspiração mais universal que essa, que, hora mais hora menos, todo mundo passa. Mas temos tanta liberdade hoje em dia que é até desperdício ficar preso só nisso.

Fico pensando até que talvez seja eu a alienada... Em lugares inimagináveis teve ter muitas pessoas observando a vida e tratando do que interessa de forma divertida, interessante e diferente (deve sim, né?).

!Eu queria mesmo é saber onde esse povo se enfiou...

domingo, 9 de janeiro de 2011

2011 metas

Clichê demais fazer o primeiro post do ano sobre resoluções de reveillon. Mas não deu pra fugir.

A verdade é que não escrevo há muito tempo. Não por falta de vontade ou de inspiração. Faltou foi atitude mesmo.
Acumulei planos e mais planos em 2010. Tanta coisa rondando a cabeça ao mesmo tempo que não deu pra focar em nada.

O ano que acabou trouxe mudanças muito sutis e vontades quase sufocantes.

O fim da faculdade veio, mas não acompanhada da segurança de ter aprendido tudo o que devia. A efetivação veio, mas junto com uma vontade de "quero mais, mas não sei se posso". Insegurança total.

Comecei 2011 cheia de metas e cheia de planos para desistir.
O problema quando queremos abraçar o mundo é descobrir que nossos braços não dão conta...

Decidi que este será o ano dos cortes. Troquei pequenos sonhos por um objetivo maior e esta será minha jornada.
Nada de shows, nada de baladas, nada de cinema além da conta nem gastos desnecessários.
Até 2012 quero ter construir uma vida de adulta (seja lá o que isso quer dizer).
Terei que estudar um pouquinho mais, ganhar um tanto mais de dinheiro e não enfartar (ai, Deus!...rs).

Talvez eu aprenda a ser mais serena, talvez eu aprenda a ser mais tolerante e confiante...talvez eu aprenda algum instrumento (quem sabe?)...talvez eu cresça no trabalho ou arrume outro...

E talvez meu próximo primeiro post do ano seja uma comemoração e não uma elaboração de luto de planos remodelados.

E lá vamos nós de novo...

Feliz 2011.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

As metas que não cumpri

Retomando as metas de férias do último post...
Não completei nenhuma das leituras. Fiz 1,64 segundos de animação (com um total de 3 imagens). Não abri nenhuma apostila de excel. Não terminei nenhum relatório. Nem ao menos entrei no quartinho dos fundos, quem dirá arrumar alguma coisa.

E como me sinto com tudo isso?
Difícil explicar. Enquanto procrastinava pensei muitas vezes sobre essa cultura da produtividade que se instalou em nosso mundo.
Hoje, no meu último dia de férias vejo o quão libertador é simplesmente darmo-nos ao luxo de NÃO FAZER NADA DE ÚTIL (e, por favor, sem culpa).
As pessoas tem perdido a noção do valor do ócio (não estou falando de ócio produtivo, não. É de ócio de verdade!)...

E por coincidência (sincronicidade?) andei recebendo recentemente uma série de textos discutindo justamente essa nossa vida desesperada.

O primeiro que recebi comentava que a violência e a raiva estão ligadas a pressa, enquanto a paz e a tranquilidade estão ligadas à lentidão (lentidão que anda com a moral super em baixa). Era um texto em prol da delicadeza.

O Segundo era destinado às mulheres. Falava sobre como temos exigido cada vez mais beleza, eficiência, inteligência...em como essa dita libertação feminina na verdade é uma forma moderna de submissão. Teoria que eu assino em baixo.

E o mais recente tratava sobre como a tecnologia tem cada vez mais nos controlado. Como temos que ser capazes de fazer cada vez mais coisas simultâneamente. Como há um culto ao ser humano multifuncional...
Isso me fez até lembrar da cena do filme Pocahontas (gosto do filme, qual o problema? desmanche esse bico e continue respeitando o post!) em que o sacerdote da tribo define os homens do velho mundo como lobos famintos.

Lobos famintos...
É isso que somos (em graus que variam de pessoa pra pessoa, mas todos somos).

Há hoje uma concorrência constante entre as pessoas. Cada pessoa quer ser mais legal, mais descolada, mais bem informada, mais sagaz...quer se sobressair ao próximo de alguma forma.

Há uma supervalorização da nerdice. Se antes ser nerd era vergonhoso, hoje é quase uma obrigação. Se você não for nerd, não é inteligente. Temos que estar por dentro de todos os livros, todas as séries, todos os lançamentos tecnológicos, os filmes e discos alternativos da última semana...

Supervalorizamos o bizarro. As pessoas andam desesperadamente querendo chocar, chamar a atenção...a geração "Lady Gaga", filhos da família Restart. Somos inconscientemente exibicionistas...

Esses dias vi na MTV uma propaganda, ou sei lá o que era aquilo...uma menina de uns 14 anos falando com outras meninas sobre os truques para arrumar mais seguidores no Twitter, e como tirar a melhor foto pra jogar na internet...
Fiquei muito em pânico. Por que esse é o objetivo maior dessa nova geração: chamar a atenção, ser a mais bela, a mais especial, a mais...mais...
Nosso universo está cada vez mais limitado a dimensão do nosso umbigo.

Esse mundo moderno está cada vez mais caótico. É preciso muito cuidado pra não nos fecharmos em pensamentos tão pequenos.
Se bobearmos esqueceremos de vez o valor das pessoas e da convivência.

Só o que me resta é concordar com os 3 sábios textos que recebi.
Temos que desacelerar urgentemente!
Perder esta mania de achar que é nossa obrigação correr e produzir o tempo todo.
Não é.

De tudo isso minha conclusão é que, no fim das contas, não fazer nada foi a melhor coisa que eu poderia ter feito!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Resoluções de Começo de Semestre

Começo de ano tem sempre esse clima de "começar do zero", "hora de traçar metas" e tals...

No começo desse ano nem esquentei a cabeça com resoluções. Estava com a cabeça tão perdida em várias outras coisas que nem fazia sentido.
Mas nesse mês de julho passei por um processo quase que de "fim de ano fora de época"...rs

Metas: fazer um stopmotion de alguma música; voltar a desenhar; terminar o Walden II; Terminar O Magico de Oz; terminar O Guia do Mochileiro das Galaxias; estudar excel; finalizar as pendências de ralatório; arrumar a desordem do quartinho dos fundos (acúmulos dos últimos 5 anos ou mais)...

É...e claro que como toda boa resolução será abandonada sem 10% de realização...rs
Parei O Magico de Oz pra ler o Walden II que abandonei para ler O Guia do Mochileiro das Galaxias (sou um ser humano sem foco, o que posso fazer?).
Baixei uma apostila de excel que ainda nem vi direito e lá vou eu e minha barriga que empurra tudo o que há pela frente.

Sinto que o próximo semestre será uma grande contagem regressiva para o fim do ano.
Já ando com algumas expectativas pro começo de 2011 e lá vamos nós...Um passo pra frente e dois passos pra trás...(mas olhando pelo lado positivo, claro).

"O hoje é apenas um furo no futuro
Por onde o passado começa a jorrar
E aqui isolado onde nada é perdoado
Vi o fim chamando o princípio pra poderem se encontrar"
(Banquete de Lixo - Raul Seixas)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Fragmentos, caos, bagunça, associação livre ou o que quer que seja

[Um monte de ideia na cabeça ultimamente e nada sai...ando com o pensamento meio caótico. Bolo dúzias de posts pela metade e não completo nenhum raciocínio. Quem sabe se eu apenas escrever não chego em algum lugar? Um cd qualquer bem alto e os dedinhos saltitando pra ver onde essa estrada de tijolos amarelos vai dar...]

Em outros tempos de bloqueio criativo ou de total incapacidade de não ser totalmente pessoal já pensei em aposentar este blog (que não serve pra nada mesmo)e começar o "Diário de Nadia"...rs...meio narcisista, mas a ideia é um blog-diário mesmo, tem que ser narcisista, ?
Desisti da ideia tanto por preguiça como por...preguiça...sei lá...e por já ter meio que me apegado as coisas por aqui.

Vejo como minha vida virou e desvirou do avesso desde aquele meio de 2006...escrevia qualquer bobagem e tava valendo. E hoje paro pra fazer minhas retrospectivas e morro de vergonha de muita coisa, de saudade de outras e sempre fica aquela coisa saudosista angustiada e...puxa, e gosto desta sensação!...hahaha

Mas hoje sou muito quadrada e me policio demais com tudo. Nunca faria de Anarkilopoles meu diário pelo simples medo do julgamento dos poucos leitores que creio ter esporadicamente. (Whatever...)

Meu horóscopo anda dizendo que estou fechando uma crise que acompanha os virginianos desde meados de 2007 e que foi a pior dos últimos 25 anos. [Pois é, pois é...confesso que vez por outra xereto horóscopo. Deve ser algo arquetípico feminino...rs]
Voltando a previsão... Talvez faça sentido... de lá pra cá mudei de emprego 2 vezes, tive uns pensamentos auto-destrutivos que não vale a pena comentar e uma série de outras coisas [taí a diferença pra um diário...aff...como to me censurando...rs]

E hoje as coisas andam tão estranhas... parece que pela primeira vez eu sei pra onde quero ir, tenho planos pro futuro...e não o futuro "mês que vem" ou "ano que vem" [ah, esquece...não vou saber explicar]
E ao mesmo tempo eu não me sinto adulta ainda. Me sinto meio criançona dependente...aarrggg...que péssimo...mas não deixa de ser verdade.
Por outro lado estou começando a sentir uma segurança que não sentia antes. A vida continua dando suas voltas, mas parece sempre de uma forma ou de outra num prumo que me agrada. E isso sim é uma boa nova. Muitos sonhos novos pra sonhar [e olha que o contentamento nunca foi muito da minha natureza]

Bem...o "cd qualquer" acabou...desopilei umas ideias da caxola e to achando que ainda vou me envergonhar muito de tudo isso que escrevi. Mas não é agora que saberei isso [e nem tem nenhuma relevância].
Com certeza mais um post para um momento "saudoso-angustiado" do futuro...

domingo, 30 de maio de 2010

4 meses em 4 músicas

Penso minha vida em trilhas sonoras.
Tem sempre aquele cd ou aquela música específica que cai como uma luva em certas ocasiões.
Tem sempre aquele cd que fica meses no Mp3 marcando fases inteiras e que, se ouvidas muito tempo depois, trazem a tona a mesma sensação de quando era nossa trilha principal.

Já pensei até em me programar para falar sobre a trilha sonora da minha vida por aqui com periodicidade mensal, talvez...
Ideia que abandonei por conhecer minha tendência procrastinadora e meu total descompromisso em levar este blog a sério...rs

Na última tarde, porém, enquanto ouvia algumas coisas indo pra faculdade, acabei fazendo um miniflashback, uma pequena retrospectiva dos últimos 4 meses e relacionando com as músicas que rondavam minha cabeça em casa etapa...

FEVEREIRO
"Esse ano vai ser igual àquele que passou / eu não brinquei / você também não brincou"
"Se acaso meu bloco encontrar o seu, não tem problema, ninguém morreu...
Você pra lá e eu pra cá. Até quarta-feira..."

MARÇO
"Quero gente mais que nunca / nunca mais vou ter que te aturar, que te entender / cara de segunda-feira"


"Liberdade, liberdade...abre suas asas sobre mim / tava com tanta saudade dessa gente de fama ruim..."

ABRIL
"Veja bem, meu bem, sinto te informar que arranjei alguém pra me confortar..."


"Se eu te troquei não foi por maldade / amor, veja bem, arranjei alguém chamado 'saudade'"

MAIO
"A gente se deu tão bem / que o tempo sentiu inveja / ele ficou zangado e decidiu / que era melhor ser mais veloz e passar rápido pra mim"


"Será que o tempo tem tempo pra amar / ou só me quer tão só?"

Pois é...2010 está me rendendo uma trilha bem eclética e minha vida está se transformando em blocos de tempo relativamente pequenos, emocionantes e exponencialmente mais felizes...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Capítulos

Às vezes estamos num ritmo na vida em que tudo parece perfeitamente encaixado...
Aí, de repente, vem uma crise, alguma coisa sai do nosso controle e parece que a sensação de perfeição era ilusória.

É meio inevitável ter uma visão extremista e achar que planos que não dão certo são um desastre.
Mas não são.

Vez por outra eu paro pra fazer uma avaliação no mais puro estilo "teoria do caos" e começo a pensar: "se eu não tivesse saído daquele emprego, onde eu estaria agora" ou "se eu não tivesse saído naquele dia com aquela pessoa, como as coisas teriam sido" e por aí vai.

Agora, mais uma vez, me sinto num momento de importante transição e paro para dar uma olhadinha pra trás.
E com surpresa percebo que ao invés de reclamar do que desandou na minha vida eu compreendo que cada momento anterior foi um capítulo importante para me colocar na posição em que estou agora e que me parece ser exatamente onde eu devia estar.

E mais uma vez as coisas se encaixam.
Até que venha a próxima crise.

(Será que vem?)

terça-feira, 6 de abril de 2010

Sexta-feira "santa"

Feriado de sexta-feira santa depois de muito "vou-não-vou" fiquei em São Paulo apesar de toda a investida e chantagem emocional mal sucedida da minha mãe (tá pra nascer no mundo pessoa mais teimosa que eu).

Pra variar passei a tarde jogada no sofá assistindo Lost (parabéns, Ronaldo, você criou um monstro!...rs).
Heis que bate aquela fome...
Armario: vasio.
Potes de bolacha: vasio.
Geladeira: vasia
Freezer: alguns sorvetes (coisa que nunca falta), feijão congelado e um pacote de salsichas.
Fechou!

Calma! Eu não criei nenhuma iguaria a base de sorvete, feijão e salsicha. Fui pelo caminho mais fácil e mandei ver em quatro salsichas puras mesmo. Apenas o básico para a barriga parar de roncar e eu voltar pro seriado.

Na hora do "jantar" da-lhe mais quatro salsichas, fim da quinta temporada e cama.
Dia seguinte acordo com o panguo me ligado às 12h20 pra confirmar se eu ia na casa dele mesmo...(ir na casa dele?....fazer o que mesmo?... Pqp! O podcast era hoje!... Que preguiça... Opá! A Katia vai estar lá e vai cozinhar.... Demorou!)
Saí correndo (correndo mesmo, saí quase 13h do Campo Limpo e chegei às 14h30 no Grajaú. Quase um milagre!). Cheguei apavorando na comida (não exatamente uma dama em algumas situações) Ah....! Comida de verdade! Amém!

Gravação até 17h e depois rumei pro Butantã!
Cerveja pra cá, cerveja pra lá...
- Pqp! Se minha mãe ver que eu comi 8 salsichas na sexta-feira santa vai me passar o maior sermão da história!
(Pensa...pensa...hummm...tem um Pão de Açúcar 24h aqui perto... Minha salvação! Brilhante ideia...)

Fim da história?
Depois de pegar um dos últimos ônibus até o terminal Campo Limpo quase às 3h da manhã e andar pacas até em casa...ainda tive que comer as duas últimas salsichas do pacote pra não deixar provas do meu crime (cuidando pra deixar o pacote que comprei no Pão de Açúcar inocentemente no lugar do outro...hehehe).

Nada de hot dog por um bom tempo!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Amizade - esta força misteriosa

O que caracteriza uma amizade?
Convivencia constante?
Afinidade?
Ausencia de conflitos?
O tempo em que as pessoas se conhecem?

Hum...desconfio que nunca serei capaz de responder esta pergunta.
Mas por esses dias conturbados de minha vida recente tenho refletido muito sobre a importancia e a magia misteriosa da amizade. E mesmo não sabendo concretamente a receita pra uma amizade, tenho vááááários exemplos de momentos de sua manifestação.

Amigo é aquele que quando você está cansada na lotação voltando do trabalho te manda um sms comentando sobre como o brilho dourado do sol está lindo sob as árvores, e você pensa "cacete! eu tava pensando nisso agora mesmo!".
É aquele que quando você está cansada da vida e se preparando pra passar um feriado deprê e solitário te surpreende com um convite para tomar um sorvete e assistir um seriado.
É aquele que só te vê uma vez por ano e mesmo assim é como se vocês tivessem se visto ontem.
É aquele que você só viu uma vez e nunca mais perdeu o contato virtual e que apesar da distancia da relação sempre entende o que você diz nas entrelinhas vendo seus medos, alegrias e tristezas que muitas vezes nem quem convive contigo percebe.
É aquele que cresceu com você e que se arrisca a dizer o que não queremos ouvir apenas pq pra ele dar um bom conselho e nos afastar das merdas da vida é mais importante.
É aquele com quem brigamos e nunca concordamos, mas ainda assim as discussões são deliciosas e enriquecedoras para os dois lados.
É aquele que vive te mandando scrap pra indicar novas bandas e que tem o talento de saber que tipo de música você precisa em cada momento.
É aquele que não importa quão idióta é o que você está pensando, ele está pensando a mesma coisa.

De todas as divagações acima, o que posso concluir é que sou de fato uma abençoada, pois tenho laços em todas estas formas...

sábado, 5 de dezembro de 2009

O mar é uma gota

Começou na sexta-feira.
O olho marejou com "Casa No Campo".
Sei lá, deve ser vontade de tirar férias, né?
"Como Nossos Pais" parece que fará sentido eternamente, mas eu estava me identificando mais com "Atrás da Porta" (sem carinho, sem coberta, num tapete atrás da porta reclamei baixinho...).

No sábado o mar foi uma gota comparado...
E eu nem sei bem porquê.
Embora não faltem hipóteses: falta de grana, trabalho puxado, total incapacidade de administrar as pendências da vida e a percepção de que transpiro coisa podre aos olhos de quem eu ainda cuido em tentar agradar...

É um espinho na mão, é um corte no pé...
É pau, é pedra, é o fim do caminho...

Talvez misturar Clarice e Elis justo nesses tempos caóticos não seja muito digesto, embora encarar isso como mau-humor seja mais conveniente...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Coragem

[Segundo o dicionário]CORAGEM: Força ou energia moral ante o perigo; ânimo, bravura, denodo, firmeza, intrepidez, ousadia.

Há algum tempo atrás um colega que costumava acompanhar este blog me perguntou porque eu nunca tratava sobre as notícias importantes da atualidade ou sobre política em meus textos. No dia, como estava passando por uma certa crise de mau-humor, disse simplesmente que não gosto desses assuntos e meu objetivo aqui não é filosofar.

Porém, hoje, me bateu uma vontade de fugir a regra. A política sempre foi algo constante aqui em casa. Sou filha de funcionários públicos que ao contrário do estereótipo sempre deram muito duro e sempre detestaram aqueles que veem no concurso um passagem para o sossego.

Meu pai é segurança aposentado ganhando hoje menos de um salário mínimo por mês (um mínimo mais descontos) e com perspectiva de ganhar cada dia menos, já que seu pagamento não é reajustado com os aumentos do salário mínimo.

Minha mãe sustenta a casa com não muito mais que isso. A nossa e a dele que ainda está em fase de construção no interior há quase 6 anos (pra onde ele se mudou a fim de melhorar as complicações de saúde que o trabalho perigoso lhe deram).

E então vejo no telejornal a notícia sobre uma tal farra das passagens aéreas. Beleza, mais um escândalo como tantos que vem e vão neste país...
Em resumo: os deputados tem direito a terem suas passagens aéreas bancadas pelo dinheiro público para suas "viagens de trabalho". Então foi descoberto (ridículo chamar de descoberta uma coisa assim tão óbvia) que muitos deputados andavam pagando passagens para amigos, namoradas...indo para o exterior ou para o nordeste em tempos de carnaval sem nenhum compromisso político a ser tratado.

Aí o de sempre: investigações, muitos nomes de envolvidos e blábláblá...

Heis que um tal de Michel Temer (PMDB-SP) muito corajosamente (ou "caradepaumente") solta a pérola:

“É humilhante para o Deputado saberem para onde vai. Ou se corta isso, ou então se tem coragem de aumentar o salário do Deputado. Não aumentam por falta de coragem. A Mesa precisa rever isso com urgência”

Hã?
Coragem de aumentar o salário dos deputados?!
...hum...
[Não pretendo gastar meu tempo escrevendo as atrocidades e palavrões que me vieram a cabeça quando ouvi isto.]

E enquanto isso na Rede Record uma reportagem sobre a saúde pública.
Uma mãe apanha da polícia dentro do hospital porque estava chorando após 12h de espera por atendimento para o filho de 12 anos.
A polícia diz que a agressão foi um caso a parte e que o policial já foi devidamente reprimido (com uma advertência) e o Ministério da Saúde argumenta que as imagens feitas em vários estados do país não refletem a realidade.

De fato acho que está faltando coragem ao poder público.
Coragem de abrir mão de seus convênios médicos e utilizarem o sistema de saúde que eles fornecem a população.
Já imaginaram a Dona Dilma Rousseff sendo operada em algum hospital das cidades satélites de Brasília?
Coragem de usar o transporte público para ir trabalhar e matricular seus filhos em escolas públicas.

Coragem...

Coragem é o que me falta para pensar em constituir família e por mais uma criança neste país onde quem deveria se preocupar com o bem geral só quer saber de tirar vantagem do poder...

Coragem...
...sem comentários...

Ps. e depois de tudo os deputados denunciados não precisarão reembolsar os cofres públicos por "falta de regras claras sobre o uso deste benefício"...

sábado, 11 de abril de 2009

As Intermitências da Vida

Voltando aos textos de reflexão sobre as coisas da vida que se repetem e parecem que nunca mudam...

Algumas coisas me vieram a cabeça após a leitura recente de "As Intermitências da Morte". Só pra situar quem não leu, este livro conta a história de um país onde a morte parou de matar à meia noite do dia 31 de dezembro. José Saramago neste livro ilustra todas as angustias e conflitos insólitos que poderiam ser despertadas na população de um país em tal situação. E olha que foram muitas as complicações causadas pelas férias da morte...

No começo achei meio absurdo que esta "boa notícia" virasse o drama da história, mas agora entendo que se a imortalidade fosse minha eu também entraria em pânico. Não pelos motivos da trama, claro (que eu não vou contar neste post, então os interessados/curiosos que tratem de ler o livro). Acontece que viver é uma coisa problemática e pra lá de angustiante (e que fique claro, para os que discordem, que este é um ponto de vista 100% pessoal).

Possuir uma coisa da qual não se pode desistir (a menos que você seja um suicida...) e que nem sempre (ou quase nunca) está sobre seu controle pode ser o caos.

Talvez por isso eu tenha a sensação de que de tempos em tempos eu deixo a vida no "piloto automático". Períodos em que tudo parece meio fora do meu controle: finanças, saúde, comportamentos, convivência com as outras pessoas...como se eu estivesse apenas observando minhas ações de um ponto externo a mim mesma. Se a coisa vai bem, tudo bem, se não vai também, tanto faz, não dá pra controlar mesmo...

Agora não sei se ando num momento desses. Às vezes parece que sim, às vezes acho que não...

Não ando fazendo as melhores escolhas pra mim. Não ando querendo fazer muitas escolhas (sempre tem alguém pra opinar, então pra quê queimar a mufa tomando decisões?). Meus valores estão mudando (talvez deixando de existir) e a única coisa que me incomoda mesmo é esse medo de tudo que pode acontecer (ou não). Tenho medo de ir me anulando até que a vida e a morte se esqueçam de mim e que eu vire uma zumbi...rs...

Mas esse medo também vai passar...se eu aprendi que o piloto automático muitas vezes é bom pra relaxar e não pensar muito, também aprendi que se a gente não as busca as rédeas da nossa vida encontram nossas mãos mesmo assim.
Ainda bem!

quarta-feira, 18 de março de 2009

Na alegria e na tristeza

"A juventude está sozinha
Não há ninguém para ajudar
Para explicar porquê é que o mundo é esse desastre que aí está"
(Aloha - Legião Urbana)

Não sei não se o mundo é um desastre mesmo. Pra mim ultimamente até que é porque eu ando numa bolha de coisas estranhas me invadindo. Mas penso que achar o mundo um desastre se encaixa naquela velha história de escolher ver o copo meio cheio ou meio vasio.

Eu particularmente ando vendo tudo meio vasio há algum tempo.
Algumas pessoas às vezes me dizem que eu sou muito fechada com minhas coisas pessoais.
Eu costumava achar exagero. Agora já não me parece tanto.
O problema é que quando está tudo nos conformes a vida social (e a amorosa também) flui mais fácil. Todo mundo tá sempre pronto pra uma piada.

Mas quando algo desanda por algum motivo (ou pior, sem motivo nenhum) é difícil achar quem esteja preparado pra ouvir. A menos que esta outra pessoa também esteja numa maré ruim e seja feita uma troca de experiências negativas (e ficamos empatados!).
Deve ser por isso que no discurso do casamento o padre diz: "(...) Na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, na alegria e na tristeza (...)"
Esse ultimo tópico deve ser o mais delicado numa união, afinal conviver com um doente ou um pobre não é tão ruim se ele está feliz, né?

Talvez por isso eu ande olhando tudo por uma perspectiva tão ruim. Essa angústia e essa impressão de que minha vida saiu do meu controle tá cada vez pior e eu não me acho no direito de quebrar a harmonia da existência de ninguém só porque gostaria de dividir as coisas erradas que eu nem sei dizer de onde vem.

O lado bom?
Pelo menos eu sempre posso escrever, né?
E assim vou garantindo a auto-ajuda pro meu futuro, afinal meu eterno consolo é o famoso ditado...
"Não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe."