sábado, 5 de dezembro de 2009
O mar é uma gota
O olho marejou com "Casa No Campo".
Sei lá, deve ser vontade de tirar férias, né?
"Como Nossos Pais" parece que fará sentido eternamente, mas eu estava me identificando mais com "Atrás da Porta" (sem carinho, sem coberta, num tapete atrás da porta reclamei baixinho...).
No sábado o mar foi uma gota comparado...
E eu nem sei bem porquê.
Embora não faltem hipóteses: falta de grana, trabalho puxado, total incapacidade de administrar as pendências da vida e a percepção de que transpiro coisa podre aos olhos de quem eu ainda cuido em tentar agradar...
É um espinho na mão, é um corte no pé...
É pau, é pedra, é o fim do caminho...
Talvez misturar Clarice e Elis justo nesses tempos caóticos não seja muito digesto, embora encarar isso como mau-humor seja mais conveniente...
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Coragem
Há algum tempo atrás um colega que costumava acompanhar este blog me perguntou porque eu nunca tratava sobre as notícias importantes da atualidade ou sobre política em meus textos. No dia, como estava passando por uma certa crise de mau-humor, disse simplesmente que não gosto desses assuntos e meu objetivo aqui não é filosofar.
Porém, hoje, me bateu uma vontade de fugir a regra. A política sempre foi algo constante aqui em casa. Sou filha de funcionários públicos que ao contrário do estereótipo sempre deram muito duro e sempre detestaram aqueles que veem no concurso um passagem para o sossego.
Meu pai é segurança aposentado ganhando hoje menos de um salário mínimo por mês (um mínimo mais descontos) e com perspectiva de ganhar cada dia menos, já que seu pagamento não é reajustado com os aumentos do salário mínimo.
Minha mãe sustenta a casa com não muito mais que isso. A nossa e a dele que ainda está em fase de construção no interior há quase 6 anos (pra onde ele se mudou a fim de melhorar as complicações de saúde que o trabalho perigoso lhe deram).
E então vejo no telejornal a notícia sobre uma tal farra das passagens aéreas. Beleza, mais um escândalo como tantos que vem e vão neste país...
Em resumo: os deputados tem direito a terem suas passagens aéreas bancadas pelo dinheiro público para suas "viagens de trabalho". Então foi descoberto (ridículo chamar de descoberta uma coisa assim tão óbvia) que muitos deputados andavam pagando passagens para amigos, namoradas...indo para o exterior ou para o nordeste em tempos de carnaval sem nenhum compromisso político a ser tratado.
Aí o de sempre: investigações, muitos nomes de envolvidos e blábláblá...
Heis que um tal de Michel Temer (PMDB-SP) muito corajosamente (ou "caradepaumente") solta a pérola:
“É humilhante para o Deputado saberem para onde vai. Ou se corta isso, ou então se tem coragem de aumentar o salário do Deputado. Não aumentam por falta de coragem. A Mesa precisa rever isso com urgência”
Hã?
Coragem de aumentar o salário dos deputados?!
...hum...
[Não pretendo gastar meu tempo escrevendo as atrocidades e palavrões que me vieram a cabeça quando ouvi isto.]
E enquanto isso na Rede Record uma reportagem sobre a saúde pública.
Uma mãe apanha da polícia dentro do hospital porque estava chorando após 12h de espera por atendimento para o filho de 12 anos.
A polícia diz que a agressão foi um caso a parte e que o policial já foi devidamente reprimido (com uma advertência) e o Ministério da Saúde argumenta que as imagens feitas em vários estados do país não refletem a realidade.
De fato acho que está faltando coragem ao poder público.
Coragem de abrir mão de seus convênios médicos e utilizarem o sistema de saúde que eles fornecem a população.
Já imaginaram a Dona Dilma Rousseff sendo operada em algum hospital das cidades satélites de Brasília?
Coragem de usar o transporte público para ir trabalhar e matricular seus filhos em escolas públicas.
Coragem...
Coragem é o que me falta para pensar em constituir família e por mais uma criança neste país onde quem deveria se preocupar com o bem geral só quer saber de tirar vantagem do poder...
Coragem...
...sem comentários...
Ps. e depois de tudo os deputados denunciados não precisarão reembolsar os cofres públicos por "falta de regras claras sobre o uso deste benefício"...
sábado, 11 de abril de 2009
As Intermitências da Vida
Algumas coisas me vieram a cabeça após a leitura recente de "As Intermitências da Morte". Só pra situar quem não leu, este livro conta a história de um país onde a morte parou de matar à meia noite do dia 31 de dezembro. José Saramago neste livro ilustra todas as angustias e conflitos insólitos que poderiam ser despertadas na população de um país em tal situação. E olha que foram muitas as complicações causadas pelas férias da morte...
No começo achei meio absurdo que esta "boa notícia" virasse o drama da história, mas agora entendo que se a imortalidade fosse minha eu também entraria em pânico. Não pelos motivos da trama, claro (que eu não vou contar neste post, então os interessados/curiosos que tratem de ler o livro). Acontece que viver é uma coisa problemática e pra lá de angustiante (e que fique claro, para os que discordem, que este é um ponto de vista 100% pessoal).
Possuir uma coisa da qual não se pode desistir (a menos que você seja um suicida...) e que nem sempre (ou quase nunca) está sobre seu controle pode ser o caos.
Talvez por isso eu tenha a sensação de que de tempos em tempos eu deixo a vida no "piloto automático". Períodos em que tudo parece meio fora do meu controle: finanças, saúde, comportamentos, convivência com as outras pessoas...como se eu estivesse apenas observando minhas ações de um ponto externo a mim mesma. Se a coisa vai bem, tudo bem, se não vai também, tanto faz, não dá pra controlar mesmo...
Agora não sei se ando num momento desses. Às vezes parece que sim, às vezes acho que não...
Não ando fazendo as melhores escolhas pra mim. Não ando querendo fazer muitas escolhas (sempre tem alguém pra opinar, então pra quê queimar a mufa tomando decisões?). Meus valores estão mudando (talvez deixando de existir) e a única coisa que me incomoda mesmo é esse medo de tudo que pode acontecer (ou não). Tenho medo de ir me anulando até que a vida e a morte se esqueçam de mim e que eu vire uma zumbi...rs...
Mas esse medo também vai passar...se eu aprendi que o piloto automático muitas vezes é bom pra relaxar e não pensar muito, também aprendi que se a gente não as busca as rédeas da nossa vida encontram nossas mãos mesmo assim.
quarta-feira, 18 de março de 2009
Na alegria e na tristeza
Não há ninguém para ajudar
Para explicar porquê é que o mundo é esse desastre que aí está"
(Aloha - Legião Urbana)
Não sei não se o mundo é um desastre mesmo. Pra mim ultimamente até que é porque eu ando numa bolha de coisas estranhas me invadindo. Mas penso que achar o mundo um desastre se encaixa naquela velha história de escolher ver o copo meio cheio ou meio vasio.
Eu particularmente ando vendo tudo meio vasio há algum tempo.
Algumas pessoas às vezes me dizem que eu sou muito fechada com minhas coisas pessoais.
Eu costumava achar exagero. Agora já não me parece tanto.
O problema é que quando está tudo nos conformes a vida social (e a amorosa também) flui mais fácil. Todo mundo tá sempre pronto pra uma piada.
Mas quando algo desanda por algum motivo (ou pior, sem motivo nenhum) é difícil achar quem esteja preparado pra ouvir. A menos que esta outra pessoa também esteja numa maré ruim e seja feita uma troca de experiências negativas (e ficamos empatados!).
Deve ser por isso que no discurso do casamento o padre diz: "(...) Na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, na alegria e na tristeza (...)"
Esse ultimo tópico deve ser o mais delicado numa união, afinal conviver com um doente ou um pobre não é tão ruim se ele está feliz, né?
Talvez por isso eu ande olhando tudo por uma perspectiva tão ruim. Essa angústia e essa impressão de que minha vida saiu do meu controle tá cada vez pior e eu não me acho no direito de quebrar a harmonia da existência de ninguém só porque gostaria de dividir as coisas erradas que eu nem sei dizer de onde vem.
O lado bom?
Pelo menos eu sempre posso escrever, né?
E assim vou garantindo a auto-ajuda pro meu futuro, afinal meu eterno consolo é o famoso ditado...
"Não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe."
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Vontade de Nada
Não quero mais sair da cama.
Nem estudar, nem procurar emprego, nem sair, nem me divertir, nem namorar e acima de tudo não quero pensar em nada.
Mas penso.
Penso que cheguei naquele capítulo do livro que é cheio de filosofia e que vai se arrastando até o grande ápice. Mas precisa muita determinação e energia pra continuar lendo até a recompensa de engrenar na história até o fim e curtir o seu final.
Acontece que este livro (da minha vida) está ficando muito complicado e monótono, sem sinopse pra eu saber se vale a pena virar mais uma página...E depois de 3 meses de férias forçadas não ando com muita inspiração pra compor meu caminho. Então vou seguindo. Vivendo um dia por semana (como diria Humberto Gessinger).
Um bom motivo pra acordar
Está tudo bem não não há
Com o que se preocupar
É que eu me encontrei com o nada
E acho que meu lugar é aqui
Pra que pular se não sei
O que quero alcançar?
Pra que vencer se não sei
Quem eu quero derrotar?
Eu vou descansar um instante
Até eu reencontrar meu fim
Não vou arriscar
Não vou insistir
Não vou lutar
Eu já me rendi
Meu desapego é meu sossego, meu botequim
Não vou mais correr
Vou ficar parado com você, meu bem
Não vou mais correr
Nada é pra valer
Vou andar parado com você, meu bem
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
A Verdadeira Auto-Ajuda
Tentando organizar a estante de livros esses dias encontrei uma folha solta de um bloco de anotações com algumas coisas escritas por mim. O papel não tinha data, mas pelo seu comteúdo imagino que deva ter sido escrito por volta de agosto de 2006.
2006, aliás, foi um ano muito importante pra mim. Um ano em que dei de ombros com as repressões e fiz muitas das loucuras que me vieram a cabeça.
Algumas aventuras, baladas, um sexozinho sem compromisso aqui e ali e a busca por uma satisfação que até hoje eu não entendo bem qual era e ainda tenho cá minhas dúvidas se consegui.
Enfim, de volta 2009, toda a inconstância hormonal foi controlada e as aventuras da carne há muito foram colocadas nos trilhos e no mínimo da moralidade.
E mesmo assim me vi surpreendida pela capacidade de meus dizeres de outros tempos traduzirem o que ainda hoje posso dizer de mim. Talvez seja esta a única e verdadeira "auto-ajuda". Minhas muitas (muitas mesmo) anotações acumuladas desde 1999 quando dei início ao meu diário (que abandonei quando abri o blog) frequentemente me dão boas lições, me empurram pra frente e me impedem de cometer erros repetidos.
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"Parece que não consigo mesmo ficar igual muito tempo. Parece que tenho sempre que procurar sarnas pra me coçar (...) Afinal, quantas diferentes Nadias existem neste corpo? Cada vez que paro pra organizar meu conteúdo interno acabo por achar mais uma perdida em alguma gaveta empoeirada.
E se não bastasse, vez por outra 2 ou 3 se encontram e param pra conversar. Sai de baixo. Quase sempre discussão das bravas.
Nenhuma difere muito da outra na principal característica que é a de ficar sempre procurando algo (alguma insatisfação misteriosa).
O complicado é que cada uma acha importante algo totalemente sem valor para as outras. Algumas até atormentam o mundo pelo que querem, mas ainda nenhuma delas aprendeu a ser constante e segura."
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É isso aí. Não mudaria quase nada se o texto fosse escrito hoje. Eu sou muitas e nenhuma faz muito sentido.
Hoje minha desordem é de outra ordem. Meu coração parece ter achado sua "casa no campo" e repolsa feliz (ao menos na maior parte do tempo).
Minha cabeça, esta sim, ainda tem muita coisa incerta. Se no passado dei de ombros com a moral, agora o tempo é de abrir mão de conselhos responsáveis.
Cansei de ter juízo. Sei que é feio, acho que não vou pro céu, mas estou começando a dar mais ouvidos pra uma pessoa meio imatura: EU.
Passei muito tempo pensando e me culpando pela opinião alheia na hora de tomar minhas decisões. E isso não me impediu de fazer muitas merdas.
Então agora é assim: seja o que EU quiser!
Tentarei tomar cuidado, mas só se houver uma forma de ter cuidado sem juízo...
"Quem pensa por si mesmo é livre
E ser livre é coisa muito séria
Não se pode fechar os olhos
Não se pode olhar pra trás
Sem se aprender alguma coisa pro futuro"
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Ano Novo de Novo
Aliás, sempre escrevo, anda complicado mesmo é organizar as idéias.
2009.
Mais um ano chegou e mais uma vez meu ciclo se repete: desemprego no fim do ano, provas, férias, janeiro de entrevistas e etc.
Tá certo que este novo ano novo promete maiores emoções. Estou esperando a queda do capitalismo para breve. Afinal - pelo menos pra mim - a crise chegou.
O telefone não toca e a administração da grana tá complicada.
Mas como diria Renato Russo: "Aprendi a viver um dia de cada vez", ou, como diria minha mãe "quem morre de véspera é peru"...rs
Falando em mãe, grande parte das fortes emoções que passei devo a ela. Danadinha...
Mas vamos cronologicamente.
Primeiro veio a demissão (entrar mais cedo e sair mais tarde uma hora cansa), nada demais...
Ano novo com a família (não sou tão má assim, aponto de deixar de lado minhas raízes nas festas de fim de ano).
E que festas! Povo do Paraná no sítio e dá-lhe cerveja, wisky, vodka e...multirão!
Claro, né, numa casa com mais de 20 pessoas colaboração é tudo.
Todo mundo cozinhava, limpava, cuidava da casa, do gato, dos cachorros... Coisa boa essa família doida!
Então acabou a farra e voltamos todos pra casa.
Aí começou uma moleza... um tal de tá doendo e vômitos esporádicos.
Pois é, minha mãe tava doente. Todo mundo sabia, mas ela não dava o braço a torcer.
Até que após dois dias de cama na base do chá e da papinha resolvemos levá-la na marra para um exame.
A coisa era tão feira que ela ficou confiscada no hospital para operação. Puta susto!
Segundo os médicos mais um dia que ela enrolasse seria tarde.
Resultado: operação de pedra na vesícula.
Engraçado pensar que essa tal vesícula só existe nos homens e nos porcos e sua única utilidade é criar pedras, enflamar e doer. Isso que somos seres "evoluídos"...rs
Enfim, o pior já passou e deu até pra eu ir pra minas curtir um Rafiting... Bem... mas fica prum próximo post.
E olha que o ano nem começou direito...
Ufa! Esse promete...
Um Feliz 2009, Próspero e cheio de boas surpresas pra todos nós, Amém!
sábado, 23 de agosto de 2008
Duas Histórias Sobre Dirigir
N°1
“Puxa! Fulano estava com o ticket do estacionamento no bolso e foi embora com ele!”
Vamos conversar com o segurança e este nos conta que "está tudo bem", basta apresentar os documentos do carro para o segurança da cancela.
“Ixi! Mas é que o shopping é tão perto que eu nem me preocupei em pegar os documentos!”
Expressão de desconfiança do segurança e a notícia: pra sair precisamos do ticket ou dos documentos, nenhuma chance de negociar.
Aí lá vamos nós ligar para o amigo que levara o ticket e que àquela altura já estava longe indo em direção à outra unidade da empresa.
Meia hora depois: “ufa! Chegou o ticket. Vamos embora”. (Mas não sem antes um belo sermão do tio da segurança sobre a importância de estar sempre com a documentação, claro.)
Resumindo: 2 horas de almoço, várias atividades da minha tarde de trabalho atrasadas e uma pequena dose de mal humor. Detalhes.
N° 2
Domingo bonito de sol dia de acordar cedo e ir ao hospital psiquiátrico para mais um dia de alegre interação com alguma interna (parque é coisa do passado, pelo menos por este ano...rs).
Acomodamos “confortavelmente” nosso grupo de 6 amiguinhos em um corsa no esquema de sempre (quem senta na janela esquerda só apóia a nádega direita no banco, da mesma forma a pessoa da esquerda só apóia a nádega direita e as duas do meio alternam o uso do encosto do banco). E lá vamos nós.
Conversa vai, conversa vem e heis que...Blackt!....Huuummm...parece que demos uma encostada na guia...melhor parece que subimos e descemos da guia....corrigindo, batemos na guia e o pneu estourou. Ê laia...
A melhor parte foi quando os 2 supostos homens do bando nos perguntam: “Puta! O que a gente faz agora?” (Entra em pânico? Chama o Chapolin? Senta e chora?)
Hora de trocar o pneu. Pegamos o estepe, pegamos o macaco e....ficamos admirando o estrago sem saber por onde começar!
Primeiro: ligar para o professor e avisar que nos atrasaremos.
“Oi, professor. Então, estávamos indo pro hospital e o pneu furou - (seria muito desmoralizante contar que ele havia estourado após uma batida na guia) – e agora vamos atrasar um pouco.”
“Mas vocês não tem macaco nem estepe?”
“Temos, professor, só não sabemos usar!”
“Intelectual é foda mesmo... Tudo bem. A gente espera.”
Mexe aqui, rosqueia dali e o tempo passando...
Uma ajuda cairia bem. Fomos, Bianca e eu, atrás de algum posto de gasolina, borracheiro ou qualquer um que pudesse nos dar uma mão. No caminho encontramos uma viatura. Paramos para explicar do carro, do pneu, da nossa incapacidade de usar um macaco e etc. ouvimos:
“Vocês podem seguir nessa avenida que tem um borracheiro há uns 400m.”
“Puxa, mas a gente já veio andando lá de trás e estamos super atrasadas....”
“Vocês podem ligar no 190 que vem uma viatura ajudar.”
Percebemos a má vontade e saímos resmungando: “Baita falta de pró-atividade! Chamar uma viatura? E eles estavam dentro do quê mesmo?”...
E quando estávamos quase dobrando a esquina os gentis policiais decidiram “espontaneamente” nos dar uma carona. Aleluia!
(Foi meu 1° passei numa viatura e eu quase me arrebentei toda quando me joguei no bando antes de notar que não tinha estofado. Maior banco duro e desconfortável!).
Mas no final das contas quando voltamos para o carro os rapazinhos haviam acabado seu rito de passagem para a vida adulta e o pneu estava devidamente trocado.
Fomos desovadas pelos policiais que por sorte não percebeu que o carro tinha 6 passageiros - o que poderia ter nos rendido uma multa – e seguimos a pé até o posto mais próximo para calibrar o pneu. Ufa!
E depois disso, minha mãe pergunta por que toda minha resistência para tirar carta de habilitação. Meu coração não está pronto para tantas emoções ainda...
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Amor - Manifestação Inesperada
Não curto encostar nas pessoas pra comprimentar, não puxo assunto sem motivo e nunca falo demais sobre mim mesma (só aqui, claro).
E isso tem me permitido observar uma porção de coisas e interagir com o ambiente de uma forma muito gratificante.
Aproveito cada pequena pausa do dia para apenas ficar olhando as coisas sem agir sobre elas. Como se fosse alguma forma de meditação ou coisa assim.
Hoje no fim da tarde quando estava quase finalizando umas pendências e começava a ficar com sono, me dei uma pausa pro café.
E lá estava ela. Uma graça de pessoa em quem ando prestando muita atenção nos ultimos dias: Dona Nilda.
Uma fofura. Não tenho outra palavra pra definir. Uma jovem de uns 40 e poucos anos com espírito de mocinha de 15.
Enquanto pegava meu copo e me decidia se levaria o café pra mesa ou tomaria lá mesmo na copa iniciamos um papo banal: "Onde você mora", "onde trabalhava antes", "o que você estuda" e bá blá blá...
Então ela contou uma história que não resisto em dividir:
O antigo emprego dela era muito longe de onde ela morava, ela trabalhou 3 anos sem férias, 4 meses sem registro e 6 meses sem salário. Mas ela não se sentia prejudicada por quê após a demissão ela recebeu todos os direitos atrasados.
No 1° dia de trabalho ela estava meio perdida sem saber qual ônibus pegar e tal.
E quando procurava alguém pra pedir informação um rapaz esbarrou nela e ela se aproveitando das desculpas perguntou como chegar no tal lugar em que ia.
Por coincidência o fulano ia para o mesmo lugar e a acompanhou por boa parte do caminho.
Durante toda a primeira semana ela e o rapaz pegavam o mesmo ônibus, no mesmo horário e desciam no mesmo ponto.
Um dia ele aparece de carro e oferece uma carona.
E então resolve confessar que não trabalhava por ali e sempre ia pro trabalho de carro (exeto no dia do esbarrão em que era dia do seu rodísio) e que passou a pegar aquele ônibus todos os dias apenas para garantir alguns momentos por dia perto dela.
Desde então esles estão juntos (um total de 5 anos).
Então eu fiquei pensando que devem ser esses momentos e pequenos detalhes que botam uma florzinha nessa vida de concreto e asfalto que costumamos ter.
Não que achar alguém que pega o ônibus errado por você seja garantia de alguma coisa. Eu já tive alguém assim e não deu certo.
Mas que dá um sentido diferente e todo especial para nossa sobrevivência, isso dá!
Espero também eu encontrar quem me faça ser assim e que seja por mim... E que esses pequenos detalhes e delicadas manifestações de afeto nunca faltem...
sábado, 23 de fevereiro de 2008
Constrangida, eu? Magiiiina!
E a que se segue foi até engraçada.
Pela 1° vez a gafe não foi minha.
Hora do almoço no shopping. Eu me esforçando para me camuflar na multidão, tipo me fingindo de morta, sabe?
Porém, acabo descoberta pelos tiozinhos da controladoria.
"Beleza" pensei. "Se eu ficar quietinha apenas balançando a cabeça de 5 em 5 minutos tudo dará certo".
Conversa vai, conversa vem, acabaram por comentar sobre as características da região em que está a empresa.
Heis que um deles diz: "Por isso que as pessoas da empresa moram tão longe. A mão de obra do Campo Limpo é muito ruim!"
A fim de comprovar sua teoria, pergunta a cada um da mesa "Onde você mora?" E após cada resposta: "Não disse! Longe daqui".
E como não poderia ser diferente, na minha vez eu disse "Moro aqui no Campo Limpo mesmo, pertinho daqui, dá até pra ir a pé. Mas eu sou estagiária mesmo, não preciso ser tão qualificada, né?"
Nunca vi alguém ficar vermelho tão rápido!...rs
Desde então nunca mais encontrei o gentil senhor na hora do almoço.
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Chinchilacídio Culposo
Acho que desabafar ajuda... Então vou contar o acidente fatal ocorrido ontem à noite.
Já fazia algum tempo que a Fugi (minha chinchila) vinha apresentando um comportamento estranho. Andava inquieta e às vezes até meio agressiva. (mas nunca machucou ninguém)
Então sempre que pudia soltava ela em casa p ela ter espaço p brincar por um tempo e já estava me preparando p compar uma outra chinchila de companhia e uma gaila maior.
Mas minha burrice interrompeu os planos.
Ontem a soltei no meu quarto por mais de 1h. Ela pulou, brincou e até fez xixi na minha cama. E foi aí que eu decidi que estava na hora dela voltar p gaiola.
Porém ela em toda sua agilidade estava disposta a não facilitar.
E eu acabei tendo a imbecil ideia de encostar a cabeceira da cama na parede p ela ter um canto a menos p se esconder e pegá-la no vão entre a parede e o lado direito da cama.
Infelizmente nessa hora ela pulou p trás da cama e morreu provavelmente pela batida da cabeça na parede (que foi empurrada pela cabeceira da cama).
Tudo culpa minha em toda minha burrice e impaciência...
Tudo o que eu espero agora é que ela não tenha sofrido...
...estarei de luto por um longo tempo...
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Sensibilidade Masculina
E eis que acabam-se todas as pilhas.
Droga!
Isso é que dá ter preguiça de re-carrega-las...
Enfim. Já que não tenho música posso me concentrar na paisagem.
Acontece que estava em Sto. Amaro, largo treze de maio, sem NADA para admirar.
Então começo a prestar a tenção na discussão de dois rapazes.
Como a conversa durou mais de 1h (que foi o tempo do trajeto da lotação) vou apenas resumir:
Um dos rapazes contava para o outro como foi irritante ir à balada com um terceiro fulano.
"Mano, eu nunca mais saio com ele! Vai se f*!
Eu tava dando ideia na mina tal e ela com uma amiga que não queria ficar de vela lá com a gente. Aí ela falou que que só ia dar certo dela ficar comigo se tivesse alguém para a amiga dela. Beleza. Aí eu fui lá e agitei a mina pro cara.
Ele até beijou ela e tudo, quer dizer, nem sei se ele beijou ela ou se foi ela que tomou atitude. Mas antes ele contou a vida dele toda. Fez quase uma biografia!
Eu fiquei puto! No outro dia quando ele foi lá em casa eu falei um monte.
E ele ainda disse que estranho era eu que já chegava dando idéia e puxando pra beijar. Disse que tem que conversar antes pra ver se rola clima e pra fazer uma boa imagem. Vê se pode!
Mano, quem precisa de clima é previsão do tempo!
Quem tem que ter boa imagem é televisão!"
Puxa vida...
O que dizer sobre isso?
Será que é este o tipo de "pegador" que anda pelas baladas se dando bem?
Espero que não!
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Mesmo na eterna vitória deles...
E lá vou eu de novo recomeçar a labuta em outro estágio!
Não vou reclamar.
Nem comemorar.
Pela primeira vez nessa vida ansiosa vou esperar.
E digo mais: ESPERAR COM OTIMISMO!
Amém!
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
Na equação da periferia...
Com seu 38
Acertou 3
No de 34
E restaram 3: 1 viúva e 2 órfãos
Na equação da periferia
A mate-mática
.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
Nostalgia

Sabe aqueles dias em que acordamos pensando na via e tudo parece meio poético e leva os pensamentos lá pra longe?
Sabe quando bate uma saudade de um tempo em que sabemos que nada era perfeito, mais ainda assim gostaríamos de poder re-viver?
Sabe quando um cheiro, um barulho e um lugar te fazem resgatar sensações distantes e bate aquele friozinho na barriga e o coração bate mais forte?
Sabe esses momentos em que queremos andar bem devagar na tentativa de fazer uma lembrança durar um pouco mais?
Hoje tive todas estas sensações juntas! Tão bom, mais tão triste... Estive em um lugar que há muito não vizitava. Um compromisso na Av. Corifeu de Azevedo Marques.
Endereço que até poucos 3 anos atrás (puxa! o tempo voa!) era parte de meu trajeto fixo.
E não pude resistir à tentação de resgatar o máximo de momentos possíveis vividos no meu período de magistério.
De longe a época mais doida, confusa e contente dessa minha vidinha!...rs!
O roteiro foi completo:
- Sacolão OBA;
- Palelaria Agipel;
- Clube;
- CEFAM, claro!...rs (que agora recebe outro nome e ganhou algumas grades que me deixaram bem triste...)
- Escola Virgília;
- Morada dos Pães;
- Pizza do Jardineiro / Restaurante Nokioski (que até hoje nunca fui e guardo uma certa vontade reprimida)
- Shopping Butantã (com parada na Livraria Nobel, como não poderia deixar de ser)
Ô saudade... coisinha estranha e boa...
Será que estou ficando velha?!
quarta-feira, 2 de janeiro de 2008
Reflexões de Reveillon
E agora posso usar da palavra...
...........................................
A passagem de 2007 para 2008 tinha tudo para ser puramente agradável e tradicional.
Mas algo aconteceu em mim, alguma peça desregulada no meu “filtro de informações” que mobilizou fortes e profundos sentimentos.
Saí no ninho e pela primeira vez nesses 20 anos de vida fui para um outro mundo sem parente que me protegesse.
Lá estava eu, num contexto social que antes só via na novela das 8. E tendo que dissimular naturalidade diante de coisas com as quais ainda estou aprendendo a lidar.
Não que tenha sido ruim. De forma alguma. Me diverti e descansei como rainha nesses últimos momentos de 2007.
... Mas é frustrante saber que as oportunidades são tão mal distribuídas...
E como é cruel este mundo que encerra tantos universos diferentes dentro de si!
Passei a vida toda me sentindo privilegiada.
Nunca passei fome nem dormi em baixo da ponte, ou coisa assim.
Superei ensino médio, adentrei o "superior" e alguém se atreveu a me chamar de "elite". (!)
Mas - porra! - nunca vi sobrar dinheiro em casa e era sempre tudo bem sofrido e lento... (como é até hoje, aliás, a construção da casa de meu pai).
E então alguém corrigiu: "elite cultural" é a expressão correta. Afinal, no Brasil pouquíssimos chegam à universidade e eu deveria agradecer (e realmente agradeço a Deus todos os dias pela oportunidade de estudar).
Mas que esmola ingrata é esta que me deram e que me põe tão perto de um sonho sem me deixar tocar?
Dentro desta elite em que caí de pára-quedas é tudo muito exigente.
Não basta comprovar matrícula para ser visto como competente. Precisa ter histórico, coisa que ninguém me deu.
E esperam de mim uma cultura, uma desenvoltura um conhecimento prévio e um inglês fluente que sempre estiveram à venda, mas que sempre foi artigo de luxo e eu nunca pude comprar.
É irônico. E parece que o sistema organizou tudo bem direitinho para a auto-afirmação da classe “A” e para que a classe baixa onde me criei entenda que nosso lugar é cá embaixo onde sempre foi, servindo e comendo restos. E ainda que nos permitam ver tudo mais de perto (de dentro da universidade, por exemplo) nunca seremos nada além de espectadores da eterna vitória “deles”.
Salvo um ou outro “pobre-vitorioso”, claro, que aparece no Jornal Nacional e nas campanhas do governo para tentar cobrir com a peneira todo este desequilíbrio (alguém se lembra de “o melhor do Brasil é o brasileiro?”).
Bem, sempre carreguei comigo um pouco desta mágoa de não estar na “camada boa da sociedade”. E até desabafava em piadas do tipo “não posso pois sou pobre” ou “só vendendo o meu corpinho para eu conseguir isto” e outros comentários de mau gosto.
Recentemente, porém, me peguei surpreendida por um sentimento novo.
Sim, por breve instante pude ter “orgulho” de minha origem.
Pois, é daqui de baixo que se tem um ângulo mais claro pra muitas coisas, pois, é daqui onde não podemos nos blindar contra a miséria, que se pode sentir a realidade crua e dura do mundo que não aparece na TV.
E todo este sentimento de contentamento me tomou quando vi que possivelmente não sou a única pessoa deste buraco chamado Campo Limpo que busca elevar a mente para uma cultura nossa e que seja entendida por nós. Compreendi que não preciso me vender ao outro time para ter acesso a coisas boas.
Entendo que na corrida rumo ao sucesso cada um tem uma linha de largada. E para a maioria das pessoas (os desfavorecidos) ela linha fica bem lá atrás de uma minoria dominante (os nascidos em “berço de ouro”).
Mas quando nos encontramos e nos identificamos com pessoas que também anseiam prosperidade fica mais fácil de arrastar nossa linha de largada um tanto mais pra diante.
Segue a inspiração para este texto confuso. Uma matéria sobre um lugar ainda (AINDA) desconhecido por mim, mas que pretendo desbravar neste ano que começa pra ver se a semente de esperança que brotou em mim germina mais um pouco e quem sabe até, crie raízes...
Bom Divertimento!
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Da Janela
Tipo quando dizemos, por exemplo, que a nossa fruta preferida é caqui e passamos um mês nos fartando desta delícia. Após este mesmo mês somos capazes de pensar melhor e perceber que jaca é bem mais gostoso.
No meu caso, por exemplo. Vivo a dizer que tenho memória ruim. Sempere esqueço de tudo.
Sou capaz de esquecer o que estava fazendo no trabalho apenas por ter dado uma parada para ir ao banheiro, de esquecer o fim da frase que comecei apenas por que parei para tossir, de esquecer para quem estou ligando quando o telefone começa a chamar...
Em outros momentos, no entanto, me pego lembrando muito claramente de coisas tão distantes e “inúteis” que chega a ser irônico.
E um certo tipo de recordação não me tem deixado em paz já há alguns dias...
Lembro-me claramente das tardes de férias de verão em que ficava assistindo Seção da Tarde (sempre os mesmos filminhos de aventura e outras coisas bem clichês) ouvindo o som da rua, vendo meu próprio reflexo amarelado na tv e morrendo de desejo de estar em qualquer outro lugar com um amigo qualquer fazendo alguma coisa mais divertida.
Lembro que o que me mantinha calma era imaginar que um dia eu seria grande, trabalharia e estudaria, seria dona do meu nariz, estaria sempre com a agenda cheia de coisas importantes e interessantes pra fazer.
Agora que o futuro chegou, é intrigante notar que o sentimento continua quase igual.
Conquistei o estudo, o trabalho, a vida cheia em muitos momentos.
Mas parece que algo ainda falta. Sempre acaba ficando um vazio num dia quente em que vejo outra vez meu reflexo na TV e entendo que não importa o esforço, tudo vai sempre estar tão longe...
Quando somos pequenos achamos que somos capazes de tudo e com a descoberta da verdade corremos o risco de largar de mão pequenas possíveis alegrias...
Porém: “Não vou me deixar embrutecer (...)”. E digo mais:
Quero meu passado de volta!
E querer isto não é como ter aquele tipo de nostalgia cega que acha que independente dos fatos o passado sempre foi melhor e que o futuro está perdido. Nem tenho idade pra isso ainda!...rs
Mas eu é que me perdi a mim mesma (redundância totalmente intencional) em todo esse crescimento.
Perdi contato com esses pequenos fragmentos de mim que vez por outra me invadem num pensamento embaçado no meio dos outros pensamentos...
Mais que nunca quero de volta minha porção infantil antes que me renda a tentação de me tornar uma tonta acomodada que apenas vê a vida pela janela ou pelo reflexo da TV...
Então, inauguro, agora, oficialmente minha lista de resoluções a serem resolvidas (!) até este fim de ano: resgatar os meus pedaços espalhados por aí e dar carne e osso às lembranças novamente!
Alguém me acompanha?!
=P
domingo, 14 de outubro de 2007
E depois de muita água embaixo da ponte...
Depois de sumir e muita água passar por baixo da ponte, cá estou eu. “Volta o cão arrependido com suas orelhas tão fartas, com seu osso roído e com o rabo entre as patas”. (blá blá blá... Já devo ter escrito isto em outros 3 ou mais post’s, mas me falta criatividade para retomar o assunto) Ops! Quero dizer, volto eu, com tanta coisa nessa minha cabecinha que não sei por onde -nem porquê - começar.
Resumidamente: me desgastei no trabalho, me desgastei na faculdade, me desgastei com meu corpo (lê-se: meus quilos a mais).
Às vezes me sinto anestesiada com algumas desilusões e fascinada com algumas conquistas. Já diria a grande Briget Jones “É cientificamente comprovado que tão logo uma parte da sua vida se acerta, outra imediatamente começa a desmoronar”.
Comparando com algo concreto, diria que minha vida é uma gangorra. Quando algo decide ir para cima, outra fica lááááá embaixo...
As pendências não param de se acumular e sinto-me mais perdida que cego em tiroteio...Tanto tempo longe, sem escrever. Quase esqueci quem sou.
E já diria o Chico: “Eu já nem lembro pra onde mesmo que vou. Mas vou até o fim”.
...Sinto falta de pequenas coisas que faziam parte de mim de forma tão forte...e agora já não cabem mais nessa rotina maluca...
E assim estou seguindo na minha vida bipolar, ora confiante e feliz, ora insegura e deprê...Mas não gosto de pensar nisso como uma coisa ruim, prefiro crer que este é um sinal de equilíbrio...rs...
segunda-feira, 16 de julho de 2007
A Boa Preguiça*
*em resposta a todas as reações adversas causadas pela minha total obsessão por dormir nessas férias, formulei este texto com o objetivo de tocar o coração dos hiper-ativos que insistem em reclamar da minha "marcha lenta".
Sempre fui, sempre souberam e nunca escondi de ninguém: sou uma grande preguiçosa!
E como todo ser humano com defeitos tende a procurar um lado positivo para eles a fim de diminuir sua culpa, deparei-me pensando no “lado bom da preguiça”.
Concluí que, de todos os defeitos possíveis, a preguiça é a mais honrosa.
Enquanto agimos segundo a preguiça visamos o mínimo esforço e maior estática.
Uma pessoa preguiçosa é mais tranqüila, mais caseira, menos consumista –e, conseqüentemente, menos utilizadora dos recursos naturais tão desigualmente distribuídos no planeta.
Um preguiçoso autêntico não perde tempo com assuntos dispensáveis. Não curte brigas, intrigas, discussões e / ou situações enfadonhas (problemas desnecessários dão uma preguiça danada!).
Um preguiçoso autêntico não é ganancioso. Por que conseguir rios de dinheiro dá muito trabalho (mesmo que desonesntamente requer muitas maracutaias) e depois ainda temos todo o trabalho de gastar na Daslu ou onde quer que esteja na moda (e para saber o que está na moda temos que gastar energia lendo as revistas de fofoca para nos interar e lá se vai mais trabalho!).
Pensem em quão diferente seria um mundo habitado por multidões de preguiçosos.
Certamente não teríamos tantas novidades tecnológicas. Também pudera, maior parte das inovações hoje em dia servem apenas para nos obrigarem a mais esforço: celulares não nos permitem mais nos esconder de nossos patrões que agora, acessando uma simples combinação numérica podem manter contato conosco onde quer que vamos; computadores portáteis são quase como extensões do escritório; a Internet banda larga nos permite trabalhar a toda velocidade até mesmo em nossa própria casa e tantos outros exemplos que estou com preguiça de listar.
Há quem possa até argumentar que a preguiça é um dos pecados capitaais. Mas um autêntico preguiçoso se fecha aos demais pecados. Não se rende à ira, nem à vaidade, nem à luxuria (imagina! os prazeres da carne consomem demasiada energia!), nem à avaresa nem essas outras coisas de gente que perde tempo em atividades cansativas.
A Arte do preguiçoso é a contemplação do nada. O culto à tranquilidade!Um preguiçoso é um filósofo do vasio!
Por isso, se um dia fores chamado de preguiçoso e sentires que houve intenção de ferir, de debochar ou de fazer chacota, faça um minuto de silêncio e tire um belo cochilo em nome da paz e em protesto contra os que não sabem o quanto a inanição pode ser gratificante!
Feedback
Foi o que alguém muito especial me disse depois de pedir um feedback. E eu fiquei quieta, na minha, sem dizer essas coisinhas que passam na minha cabeça.
E também me pediu menos timidez na hora de tratar dos meus sentimentos e vontades. Como se fosse assim fácil! Mas estou tentando aprender...
Aprendi muito...De fato agreguei muitas coisas de uns tempos pra cá. Sei com certeza que me tornei alguém melhor, mais desenvolta em algumas situações, mais sincera...Mas uma raiz de retraimento inevitavelmente faz parte de mim. E o feedback não foi dado enfim...
Ando num processo de intensa auto-analise. Sempre achando que sou mais burra, mais atrapalhada, mais chata, mais feia, mais inconveniente e mais dispensável que a média das pessoas que convivem comigo. Em conseqüência acabo por me retirar das discussões e dos diálogos (às vezes deixando algumas pessoas injustamente no vácuo).
Cansei de receber opiniões negativas que eu nem pedi de gente que nem sabe quem eu sou enquanto eu sigo sempre com esta minha tendência de ver o lado bom de todo mundo. Algumas coisas me parecem muito injustas.
E como que por reflexo, eu mesma acabo sendo injusta com pessoas que mereciam de mim bem mais do que o vácuo causado pelo meu retraimento.
...
Às vezes até acho que fui parar no mundo dos adultos cedo demais.
Sei que não sou nenhuma criança e que tenho plena consciência das conseqüências das escolhas que faço. Mas nunca brigo, nunca bato o pé, nunca insisto... E em caso inverso, sempre sedo. Acaba que fico sempre sendo guiada pelas expectativas alheias, deixando minhas próprias em segundo plano. E quando me perguntam o quê eu quero afinal de contas, fico com cara de porta sem saber o que responder (meio por medo de magoar alguém com as minhas vontades, meio por nem eu mesma saber o que quero).
Garantir um espaço bom neste mundo complicado e cheio de manobras é bem mais difícil do que eu imaginava. Quase dá vontade de desistir às vezes.
Outras vezes desconfio que só o que me falta é uma dose de coragem para segurar as rédeas dessa minha vida e ir com mais pulso à algumas lutas que me espreitam e das quais eu estou sempre fugindo..."DAI-ME LUZ, Ó, DEUS DO TEMPO!"
(...)“Deus vai dar aval sim,
o mal vai ter fim
e no final assim calado
eu sei que vou ser coroado rei de mim(...)
[De Onde Vem a Calma – Los Hermanos]